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Perdeu, mané (por Mary Zaidan)

O 8 de janeiro entra na História do Brasil como mais um dia em que a democracia venceu

atualizado

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Hugo Barreto/Metrópoles
manifestação bolsonarista no QG do Exército em Brasília na data 18-12-2022 - Metrópoles
1 de 1 manifestação bolsonarista no QG do Exército em Brasília na data 18-12-2022 - Metrópoles - Foto: Hugo Barreto/Metrópoles

O grande dia dos bolsonaristas fiéis se revelou um verdadeiro fiasco. Como loucos alucinados – embora regiamente financiados e bem mandados -, os convocados vandalizaram os prédios-sede do Congresso Nacional, do Supremo Tribunal Federal e da Presidência da República, conseguindo exatamente o oposto do pretendido: as instituições republicanas e a democracia se fortaleceram.

A tentativa de golpe de Estado durou menos de cinco horas. Em seus devaneios, os organizadores das ações grotescas imaginavam ocupar a Praça dos Três Poderes em Brasília e várias unidades de refino da Petrobras para multiplicar o tumulto e parar o país. Com isso, militares colocariam seus tanques nas ruas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva seria preso e Jair Bolsonaro, o perdedor, retomaria as rédeas da nação.

Para cada vidro, computador, móvel e obra de arte destruído viram-se reações contundentes dos líderes dos Poderes atingidos. Não só discurso ou nota de repúdio, mas ação.

Lula, cujo comportamento tem sido irretorquível, rapidamente decretou intervenção na segurança pública do Distrito Federal, onde fardados sem comando ou comandados às avessas estimularam ou fizeram de conta que nada acontecia enquanto a quebradeira corria solta. Por seu turno, o Congresso se apressou em convocar sessão emergencial para votar a intervenção e o STF, por meio do ministro Alexandre de Moraes, o mais odiado pelos golpistas, determinava o afastamento temporário do governador Ibaneis Rocha, desmonte de acampamentos em frente de quartéis, detenção e identificação dos ocupantes dos mais de 100 ônibus que chegaram a Brasília no fim de semana, vindos de todos os cantos do país.

No final do domingo, Lula, que passara o dia em Araraquara, interior de São Paulo, voltou a Brasília, e, ao lado da ministra Rosa Weber, presidente do STF, conferiu, in loco, os estragos no Palácio do Planalto e na sede da Suprema Corte. Em reunião na manhã desta segunda-feira, os presidentes dos três Poderes se manifestaram em uníssono para rejeitar os “atos terroristas, de vandalismo, criminosos e golpistas”, assegurar que “todas as providências institucionais sejam tomadas” e conclamar pela “serenidade, em defesa da paz e da democracia”. Mais tarde, o mesmo movimento abarcou os governadores, incluindo bolsonaristas de carteirinha como o de Santa Catarina, Jorginho Mello, e o paulista Tarcísio de Freitas.

Agora, com a República unida – só falta mesmo o Procurador-Geral Augusto Aras, que sumiu do mapa -, há muito o que investigar e, claro, punir responsáveis, corpos-moles e participantes.

O dia terminou sem acampados em frente às instalações militares. Também não havia relatos de bloqueios em estradas. Nas redes sociais não foram poucos os lamentos de bolsonaristas, com xingamentos ao Exército, que teria “se acovardado na hora H” e ao ex, que “trocou a luta pelo conforto dos EUA”. De Orlando, Bolsonaro tentou se desvencilhar dos atos, e na segunda-feira se internou em um hospital alegando dores abdominais – as mesmas que, coincidentemente ou não, sente sempre que a corda aperta.

Mas ainda que a ficha tenha caído para alguns, os atos de domingo escancararam a índole fascista dos organizadores, o que exigirá vigília permanente.

A tentativa de golpe durou menos de cinco horas. Revoltante ver a dilapidação, o prazer dos terroristas de destruir tudo o que viam à frente, revelados por eles próprios em selfies. Foi terrível. Mas o 8 de janeiro de 2023 entra na História do Brasil como mais um dia em que a democracia venceu.

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