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De Béla Guttmann a Ancelotti (por Por Roberto Caminha Filho)

…e o futebol brasileiro será mais um esporte “comum” do imprestável Comitê Olímpico Brasileiro.

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Burak Akbulut/Anadolu via Getty Images
Carlo Ancelotti - Metrópoles
1 de 1 Carlo Ancelotti - Metrópoles - Foto: Burak Akbulut/Anadolu via Getty Images

O Vicente Feola, técnico campeão do mundo em 1958, era um gordinho dos mais geniais que tivemos no futebol brasileiro. Ele simplesmente, lia, escrevia e se inteirava do que acontecia no mundo onde se jogava futebol. O Feola não dava palestras e sermões pelas rádios e jornais. Ele era o treinador e supervisor do São Paulo, dirigido pelo Laudo Natel.

O Feola falou para o dirigente que o Béla Guttmann, o Guardiola da época, era um nômade, que se fizessem um convite e apresentassem os craques que ele teria, o húngaro do Budapest Honvéd, o Real Madri de então, de pronto, aceitaria. O Béla Guttmann queria emplacar a sua mais nova invenção para o futebol: o sistema 4-2-4.

O São Paulo convidou o Béla, o húngaro aceitou, implantou o 4-2-4 no arrasador time paulista e o Brasil, com Garrincha, Pelé, Nilton Santos, Havelange, Didi, Zito, Vavá, Zagallo, Feola e mais uns 15 craques, ganharam tudo que passou pelas suas frentes.

Hoje, a desmaiada e sonolenta torcida brasileira, já migra as nossas emoções para os clubes europeus e outras seleções. Todos os brasileiros sabem que os nossos treinadores são ex-jogadores que nunca tiveram tempo para estudar. O futebol consome os nossos jogadores, em todos os horários, e eles só começam a estudar, ao terminar a vida atlética…aí, Inêz já está dormindo no formol.

Os nossos “professores” são uma mistura de pregadores do evangelho das suas peladas com os mandamentos da crônica esportiva. Levamos de 7×1, em casa, com o Felipão. Perdemos mais tempo e Copas com os chatíssimos sermões do Tite e, se não inventarmos um novo Béla Guttmann, que entenda de estratégia e outras formas de aproveitar os nossos melhores craques, perderemos mais uma Copa e o futebol brasileiro será mais um esporte “comum” do imprestável Comitê Olímpico Brasileiro. Patrocinador foge de coisa ruim.

Até 1958, a seleção brasileira e o nosso futebol, estavam à deriva. Os craques já existiam e os campeonatos eram perdidos pela incompetência dos nossos treinadores e pela ausência total de estratégia e sistema de jogo. Viveremos e já convivemos com algo semelhante, há vinte e quatro anos. Os nossos jogadores são os grandes craques nos times europeus e orientais, até vestirem a desmoralizada camisa amarela do Penta Campeão. Ao vestirem as camisas, os craques do Real Madri, Manchester, Bayern, Milan e outras potências, desaprendem, na “horita”, tudo que treinaram e passam a ser os pernas-de-paus de luxo da CBF. Pau podre.

A moda, agora, é falar das linhas. A linha alta e a linha baixa. Na linha alta, temos 70% de posse de bola e não conseguimos chutar para o goleiro adversário se virar. Na linha baixa, não conseguimos fazer a Venezuela, do Madurito, parar de fazer “golos” de bicicleta.

A seleção brasileira, dirigida por um petiz, Fernando Diniz, ousou perder para o Uruguai, dirigido pelo competentíssimo argentino Loco Bielsa, sem dar um chute a gol e as duas bolas chutadas pelos celestes, entraram. O nosso goleiro, mais uma vez, não agarrou uma única bola.

Se o futebol brasileiro só serve para enriquecer seus dirigentes, a Loteria Esportiva faz o seu trabalho com perfeição. Foi só a Ana Moser tocar no monte de dinheiro que escorre para os ralos conhecidos e ela passou a ser um alvo fácil. A Ana foi degustada uma semana depois de apertar na ferida da corrupção.

O futebol brasileiro só tem que ir buscar a sua heroica história e imitá-la, trazendo, de verdade, o Ancelotti, técnico competente, vitorioso em vários clubes e Ligas, sabedor de tudo que fala e faz.

 

Roberto Caminha Filho, economista, peladeiro raiz, detesta futebol com craques e sem estratégia.

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