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Prevenção: campanha da OMS promove conscientização sobre linfomas

Objetivo é chamar atenção para o diagnóstico precoce e disseminar informações sobre o tratamento dos cânceres do sistema linfático

atualizado

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1 de 1 garganta - Foto: istock

A Organização Mundial da Saúde (OMS) elegeu o mês de agosto para a conscientização à respeito dos linfomas. O objetivo é alertar sobre a importância de reconhecer os sintomas iniciais e disseminar informações sobre o diagnóstico e o tratamento dos cânceres do sistema linfático. A doença afeta células do sistema imunológico, que protegem o organismo contra agentes patogênicos, como bactérias, fungos e vírus.

Os linfomas são classificados em dois grupos principais: de Hodgkin e não-Hodgkin. De modo geral, a diferença entre os dois tipos está nas características das células tumorais. No caso dos linfomas de Hodgkin, as células se modificam, tornando-se diferentes das células normais dos tecidos linfoides. Os linfomas Não-Hodgkin transformam-se em tumores sem perder todas as características das células saudáveis. Atualmente, foram identificados mais de 20 tipos diferentes de tumores no sistema linfático. A diferenciação só pode ser feita por biópsia.

De acordo com dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA), a estimativa de novos casos de linfoma de Hodgkin no Brasil é de 2.530, sendo 1.480 homens e 1.050 mulheres. O instituto estima novos 10.180 casos de linfoma não-Hodgkin, sendo 5.370 homens e 4.810 mulheres.

Alexandre Caio, hematologista do Instituto Oncovida, explica que, como todo tipo de câncer, os linfomas estão relacionados a mutações. “Essas mutações podem ser causadas por exposição a várias substâncias, radiações ionizantes ou produtos da combustão incompleta do petróleo, entre eles, o benzeno, relacionados a solventes”, detalha o especialista.

De modo geral, os linfomas aparecem espontaneamente, de acordo com Alexandre Caio. Podem não estar relacionados a nada: são doenças primárias, que surgem em indivíduos suscetíveis. Mas há relação entre o surgimento dos tumores com fatores físicos ou mesmo ambientais. Infecções virais, por exemplo, podem facilitar o problema. Vírus como o HIV são particularmente perigosos, pois afetam de forma significativa o sistema imunológico. Incidentes como o acidente radiológico de Goiânia (conhecido como acidente com o césio-137), o acidente nuclear em Chernobil ou mesmo os bombardeamentos atômicos das cidades de Hiroshima e Nagasaki aumentaram os casos de linfoma e outros cânceres.

Existem tantos tipos de sintomas quanto tipos de linfomas. O principal, entretanto, seria o aumento do gânglio, que pode ocorrer em qualquer lugar do corpo. “Se há um gânglio que está crescendo por muito tempo e não tem relação com nenhuma infecção, podemos pensar em linfoma”, detalha Alexandre Caio. Outros sintomas, chamados sintomas B, também são comuns. Febre, perda de peso, suor à noite (não relacionado a calor) e prostração seriam os principais.

Para diagnosticar o problema com precisão, o médico explica que a melhor alternativa é a biópsia. “Não há confirmação só pela observação ou pelo exame de sangue”, reforça Alexandre.

Assim como as causas da doença, os tratamentos são variados, mas o grande pilar é a quimioterapia. Poliquimioterapia (uso de medicamentos diversos) e radioterapia também são alternativas comuns. Entre os tratamentos mais novos e promissores, está o CART-Cell, ainda não autorizado pela Anvisa, porém, em uso nos Estados Unidos. “Ele usa as células do próprio paciente. Nós as modificamos geneticamente para que elas mesmas destruam o tumor”, explica Alexandre Caio. Caríssimo, o procedimento não sai por menos de US$ 750 mil. “A boa notícia é que, na maioria das vezes, o tratamento convencional cura o paciente, deixando-o livre da doença”, diz o hematologista.

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