Malhar descalço? Saiba riscos do barefoot training, em alta no TikTok
Malhar descalço está em alta no TikTok, mas pode causar danos e lesões ao corpo. Especialistas indicam como treinar corretamente
atualizado
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Nas redes sociais, especialmente no TikTok, malhar descalço está em alta. Segundo os adeptos da prática, ela promete mais estabilidade, fortalece os músculos do tornozelo e dos pés, além de possibilitar o levantamento de cargas mais altas quando comparado ao treino com calçados.
Mas especialistas alertam que a recomendação não tem nenhuma comprovação científica e pode, inclusive, aumentar o risco de lesões. De acordo com a fisioterapeuta Walkyria Fernandes, especializada em ortopedia e traumatologia desportiva, os danos mais comuns relacionados à prática incluem dor lombar, síndrome da dor patelofemoral (lesão na cartilagem do joelho), tendinite do supra-espinal (inflamação no ombro) e bursites.
Para o personal trainer especialista em musculação Caio Signoretti, o perigo de seguir tendências da internet é que muitas informações são baseadas em suposições, sem confirmação científica, e raramente são respaldadas por um profissional.
“Eu nunca vi nenhuma comprovação afirmando que treinar descalço traz algum benefício para a performance ou resultado estético. Para aumentar os níveis de força dos membros inferiores, você precisa de estabilidade plantar – ou seja, na sola dos pés – para realizar agachamentos e o leg press, por exemplo. E isso pode ser feito usando um calçado apropriado para treinamento de força”, explica Signoretti.

Exercícios que fortalecem os ossos e os músculos são essenciais para evitar doenças e demais problemas de saúde. Além de melhorar o equilíbrio, se exercitar ao menos duas vezes por semana é um dos segredos para prolongar a expectativa de vida e envelhecer melhor Mike Harrington/ Getty Images

Um estudo feito por pesquisadores da Universidade de Tohoku, no Japão, mostra que entre 30 e 60 minutos de exercícios de fortalecimento muscular por semana é o suficiente Hinterhaus Productions/ Getty Images

De acordo com os resultados da pesquisa, o risco de morte prematura entre as pessoas que se movimentam é entre 10% e 17% menor do que o verificado em pessoas sedentárias Catherine Falls Commercial/ Getty Images

Exercícios que utilizam o peso do próprio corpo, como musculação e a prática de esportes, são algumas das recomendações. Além disso, atividades como Tai chi e ioga também são indicadas para fortalecer ossos e músculos Nisian Hughes/ Getty Images

Manter o corpo ativo ajuda ainda a melhorar resultados da menopausa, de períodos pós-operatório e pode ajudar a prevenir fraturas nos ossos, por exemplo. Além disso, também auxilia no aumento da energia, melhora o humor e o sono skaman306/ Getty Images

Segundo especialistas, pessoas que se exercitam por ao menos meia hora na semana demonstram redução do risco de morte, doenças cardíacas e câncer. Uma hora semanal de atividades de fortalecimento muscular também foi relacionada à diminuição do risco de diabetes Tom Werner/ Getty Images

A massa muscular e óssea do corpo humano atinge o pico antes dos 30 anos. A partir dessa idade, começa um decaimento natural. Ou seja, indivíduos que começam a se exercitar na juventude terão aumento da força óssea e muscular ao longo da vida Thomas Barwick/ Getty Images

Pessoas que se exercitam depois dos 30 anos reduzem a queda natural do corpo, conseguem preservar a força óssea e muscular e vivem muito melhor Justin Paget/ Getty Images
Segundo o profissional, da mesma forma que temos calçados apropriados para corridas, feitos para reduzir o impacto, temos sapatos que garantem melhor estabilidade e, consequentemente, aumentam a força.
“Na academia, os riscos de treinar descalço incluem acidentes com quinas de aparelhos e com cargas: um peso (anilha) que cai ou uma máquina que pode prensar o pé e causar danos irreparáveis. Mesmo que o calçado não garanta proteção total, ele já miniminiza danos. Por isso, deve-se sempre treinar calçado”, alerta.
Os especialistas explicam que, para exercícios de força, os tênis em formato de bota são os que mais garantem proteção e estabilidade, especialmente na região do tornozelo. Mas o solado simples e achatado é o que mais importa: a regra para as atividades voltadas ao fortalecimento de membros inferiores é evitar calçados com plataformas altas ou solados com amortecedores que absorvem impacto.
Fora da academia, praticar exercícios físicos descalço também oferece risco — por isso, para treinar corretamente, a recomendação é sempre estar calçado.
“Se você for correr na rua, na praia ou em um parque, você pode cortar o pé com algum objeto, por exemplo. Nesse caso, a recomendação é usar um sapato com molas ou gel no solado para absorver o impacto e evitar lesões no joelho”, indica o educador físico.
Ainda de acordo com os profissionais, os danos provocados pela prática incorreta de exercícios podem levar a lesões que só se resolvem com cirurgias. Outras, inclusive, podem ser irreversíveis. Os especialistas ressaltam que é importante ter uma equipe multidisciplinar para orientar e prevenir danos ao corpo e à saúde.
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