Low carb ajuda a emagrecer, mas não tem benefícios à saúde, diz estudo
Revisão de 61 estudos mostra que o regime é mais eficaz na perda de peso de indivíduos saudáveis, mas há pouca diferença a longo prazo
atualizado
Compartilhar notícia

A dieta low carb é um dos regimes mais conhecidos por quem quer perder peso. Apostando em um cardápio pobre em carboidratos, a ideia é incentivar o corpo a usar reservas de energia (gordura) para manter o organismo funcionando.
Com a popularização da low carb, vários estudos sobre o assunto foram publicados, inclusive alguns que ligam a restrição de carboidratos à prevenção de doenças cardíacas e neurodegenerativas. A dieta também foi avaliada como uma boa opção para lidar com o diabetes.
Porém, uma revisão de artigos feita por pesquisadores da Universidade Stellenbosch, na África do Sul, e da Escola de Medicina Tropical de Liverpool, no Reino Unido, mostra que, a longo prazo, o emagrecimento e os benefícios para a saúde da low carb não são maiores do que os de outros tipos de dieta.
O documento foi publicado na Biblioteca Nacional de Medicina dos Estados Unidos no final de janeiro, e revisou dados de 61 estudos com quase 7 mil indivíduos. Os pacientes que apostaram na dieta low carb perderam, a longo prazo, um quilo a mais do que os adeptos de outras dietas com ingestão balanceada de carboidratos. Além disso, não foram encontradas diferenças em relação aos benefícios adicionais à saúde.
“Na verdade, se você está em uma dieta low carb, precisa prestar atenção no que você come e se certificar que está consumindo vitaminas, minerais, fibras e outros fitonutrientes”, escreve a professora de nutrição Clare Collins, da Universidade de Newcastle, na Austrália, em artigo sobre o assunto divulgado no site de divulgação científica The Conversation.
Em pessoas com sobrepeso e que não tinham diabetes, seguir o regime low carb de três a oito meses e meio foi responsável por uma perda média de um quilo a mais do que os que tiveram dietas com equilíbrio de carboidratos. Porém, quando os voluntários do grupo controle seguiram uma dieta estabelecida pelos pesquisadores, ou receberam as refeições prontas em casa, a diferença caiu para meio quilo.
Em dietas de longo prazo, que duram cerca de dois anos, a diferença entre os dois tipos de cardápio foi de menos de um quilo.

A glicose é um carboidrato e é utilizada pelas células como principal fonte de energia iStock

No corpo humano, a insulina, hormônio fabricado pelo pâncreas, é quem controla a quantidade de glicose no sangue após a alimentação iStock

Sem esse hormônio, as células não conseguem absorver a glicose e, consequentemente, não têm energia para um bom funcionamento. O resultado da "pane" é o aumento do nível de açúcar no sangue Marcelo Casal Jr/ Agência Brasil

A glicose alta, também conhecida por hiperglicemia, acontece quando a taxa de açúcar no sangue está acima de 100 mg/dL Getty Images

Se ocorre com frequência, o quadro pode levar a problemas de saúde Breno Esaki/ Agência Saúde

Alguns sintomas podem ajudar a identificar a glicose alta, como, por exemplo, visão turva, sede excessiva, dores de cabeça, vontade frequente de urinar, cansaço e sonolência iStock

A glicose frequentemente alta e sem tratamento pode evoluir para diabetes Breno Esaki/ Agência Saúde

No entanto, em fase inicial, o problema pode ser controlado por meio de hábitos alimentares saudáveis e da prática de exercícios físicos iStock

Alguns alimentos, como grãos integrais, legumes, frutas, carnes magras, leites e derivados podem ajudar a baixar o excesso de açúcar no sangue iStock
Quando foram analisadas pessoas com diabetes tipo 2, se percebeu uma perda de peso mais acentuada nos primeiros seis meses de dieta low carb. Porém, a longo prazo, não foram observadas diferenças com outros regimes quanto à perda de peso ou benefícios à saúde.
“No geral, a revisão mostra que os dois tipos de dieta podem funcionar para a perda de peso”, explica Collins. “No fim das contas, se você ama carboidratos e quer emagrecer, você pode. Planeje diminuir a ingestão de carboidratos e calorias evitando alimentos ultraprocessados e pobres em nutrientes e apostando em carboidratos de fontes saudáveis”, sugere a especialista.