O laboratório Zodiac, representante da Moderna no Brasil, pretende solicitar à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) a autorização de uso definitivo da vacina contra Covid-19 produzida pela farmacêutica norte-americana, de acordo com informações publicadas pelo jornal O Globo nesta segunda-feira (2/5).
O imunizante desenvolvido pela empresa pode ser administrado em pacientes com idade acima de 6 meses – o que incluiria bebês e crianças abaixo de 5 anos, públicos para os quais ainda não há fórmulas aprovadas.
Até o momento, o Brasil autorizou a aplicação de vacinas fabricadas pelas parceiras Oxford/AstraZeneca, Pfizer/BioNTech, Sinovac/Instituto Butantan (Coronavac) e Janssen. Apenas os imunizantes da Pfizer e Coronavac podem ser aplicados em crianças – a primeira fórmula destina-se a meninos e meninas com idade a partir de 5 anos, e a segunda pode ser administrada na população com 6 anos ou mais.

A Anvisa aprovou, em 16 de dezembro, a aplicação do imunizante da Pfizer em crianças de 5 a 11 anos. Para isso, será usada uma versão pediátrica da vacina, denominada Comirnatybaona/Getty Images

A vacina é específica para crianças e tem concentração diferente da utilizada em adultos. A dose da Comirnaty equivale a um terço da aplicada em pessoas com mais de 12 anosIgo Estrela/ Metrópoles

A tampa do frasco da vacina virá na cor laranja, para facilitar a identificação pelas equipes de imunização e também por pais, mães e cuidadores que levarão as crianças para receberem a aplicação do fármacoAline Massuca/Metrópoles

Desde o início da pandemia, mais de 300 crianças entre 5 e 11 anos morreram em decorrência do coronavírus no BrasilER Productions Limited/ Getty Images

Isso corresponde a 14,3 mortes por mês, ou uma a cada dois dias. Além disso, segundo dados do Ministério da Saúde, a prevalência da doença no público infantil é significativa. Fora o número de mortes, há milhares de hospitalizaçõesGetty Images

De acordo com a Fiocruz, vacinar crianças contra a Covid é necessário para evitar a circulação do vírus em níveis altos, além de assegurar a saúde dos pequenosVinícius Schmidt/Metrópoles

Contudo, desde o aval para a aplicação da vacina em crianças, a Anvisa vem sofrendo críticas de Bolsonaro, de apoiadores do presidente e de grupos antivacinaHUGO BARRETO/ Metrópoles

Para discutir imunização infantil, o Ministério da Saúde abriu consulta pública e anunciou que a vacinação pediátrica teria início em 14 de janeiro. Além disso, a apresentação de prescrição médica não será obrigatóriaIgo Estrela/ Metrópoles

Inicialmente, a intenção do governo era exigir prescrição. No entanto, após a audiência pública realizada com médicos e pesquisadores, o ministério decidiu recuar Divulgação/ Saúde Goiânia

De acordo com a pasta, o imunizante usado será o da farmacêutica Pfizer e o intervalo sugerido entre cada dose será de oito semanas. Caso o menor não esteja acompanhado dos pais, ele deverá apresentar termo por escrito assinado pelo responsável Hugo Barreto/ Metrópoles

A decisão do Ministério da Saúde de prolongar o intervalo das doses do imunizante contraria a orientação da Anvisa, que defende uma pausa de três semanas entre uma aplicação e outra para crianças de 5 a 11 anosRafaela Felicciano/Metrópoles

Além disso, apesar de não ser necessária a prescrição médica para vacinação, o governo federal recomenda que os pais procurem um profissional da saúde antes de levar os filhos para tomar a vacinaAline Massuca/ Metrópoles

Segundo dados da Pfizer, cerca de 7% das crianças que receberam uma dose da vacina apresentaram alguma reação, mas em apenas 3,5% os eventos tinham relação com o imunizante. Nenhum deles foi graveIgo Estrela/Metrópoles

Países como Israel, Chile, Canadá, Colômbia, Reino Unido, Argentina e Cuba, e a própria União Europeia, por exemplo, são alguns dos locais que autorizaram a vacinação contra a Covid-19 em criançasGetty Images

Nos Estados Unidos, a imunização infantil teve início em 3 de novembro. Até o momento, mais de 5 milhões de crianças já receberam a vacina contra Covid-19. Nenhuma morte foi registrada e eventos adversos graves foram raros baona/Getty Images

Criança vacinadaGetty Images

Um estudo divulgado pelo Butantan em janeiro mostra que não houve relatos de efeitos adversos graves entre as 4 mil crianças entre 6 e 35 meses de idade que participaram da pesquisaGetty Images

O Instituto Butantan, responsável pela fabricação da vacina Coronavac em território nacional, deve enviar à Anvisa mais dados sobre a faixa etária de 3 a 5 anos para ampliar a quantidade de pessoas a serem imunizadas pela fórmula Getty Images

Enquanto as vacinas não são aprovadas para crianças menores, pesquisas científicas já apontaram que lactantes vacinadas passam anticorpos para os filhos via leite materno Getty Images
A Zodiac e a Anvisa reuniram-se em 11 de abril, a fim de iniciar as tratativas para aprovação de uso da fórmula. A expectativa é que a farmacêutica formalize o pedido ainda no primeiro semestre deste ano e, em seguida, comece as negociações para a venda das vacinas ao Ministério da Saúde.
O imunizante deve ser aplicado em duas doses, com intervalo de 28 dias. A quantidade presente em cada dose varia de acordo com a faixa etária.
Autorização nos EUA
A vacina da Moderna tem aprovação da Food and Drug Administration (FDA), agência de medicamentos americana equivalente à Anvisa, para uso em adultos com 18 anos ou mais.
A empresa pediu, na última quinta-feira (28/4), a autorização de uso emergencial do fármaco para administração também em crianças menores de 6 anos. Um painel de especialistas da agência norte-americana se reunirá em junho para analisar a solicitação e os dados dos estudos clínicos da vacina.
“O perfil de segurança que vimos nessa vacina para aplicação em crianças muito jovens é muito reconfortante – taxas reais de eventos de segurança ainda mais baixas do que vimos nas crianças de 6 a 12 anos, e isso é ótimo”, disse o diretor médico da Moderna, Paul Burton, em entrevista ao Face the Nation, da CBS, no domingo (1º/5). (Com informações da Agência Reuters)