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Bebês ingerem 1,5 mi de partículas de microplástico por dia em mamadeiras

A alta temperatura da água para esterilizar e preparar leite faz com que as fibras de plástico sejam liberadas das mamadeiras

atualizado

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Sebastian Gollnow/picture alliance via Getty Images
Criança tomando mamadeira
1 de 1 Criança tomando mamadeira - Foto: Sebastian Gollnow/picture alliance via Getty Images

As mamadeiras de polipropileno, utilizadas por milhões de pais ao redor do planeta, podem ser fonte de um grande mal para os bebês. Um estudo irlandês, divulgado nessa segunda-feira (19/10) na revista Nature Food, mostrou que esses recipientes liberam milhares de partículas de microplásticos quando entram em contato com altas temperaturas.

Segundo pesquisadores da Trinity College Dublin, essa contaminação ocorre basicamente na hora de um procedimento padrão, que é inclusive recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para eliminar bactérias perigosas. Ao despejar água aquecida a 70°C para esterilizar a mamadeira, as partículas acabam sendo liberadas no interior do objeto e contaminam o leite.

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Ao sacudir a mamadeira para misturar o leite em pó, a contaminação é ainda maior, de acordo com os pesquisadores. Segundo o estudo, um bebê ingere no primeiro ano de vida, em média, mais de 1,5 milhão de partículas de microplástico por dia.

Os bebês britânicos engolem mais do que bebês em outras partes do mundo, com cerca de três milhões de fibras liberadas de uma mamadeira todos os dias. Alguns modelos de mamadeiras chegam a liberar até 16 milhões de partículas de microplásticos por litro.

A temperatura da água influencia diretamente a quantidade de microplástico liberado. Se água de preparo do leite for colocado no recipiente a 95°C, a presença do plástico pode chegar a 55 milhões por litro, mas ela cai para pouco mais de 500 mil se a água estiver a 25°C.

A equipe testou dez tipos de mamadeiras seguindo as diretrizes da OMS para esterilizar e preparar o leite. Eles não forneceram nomes de marcas, mas afirmam que as garrafas representam a maioria das que estão atualmente no mercado.

Sem pânico

John Boland, um dos autores do estudo, ressalta as partículas de microplásticos são “potencialmente prejudiciais”. Explicou também que o estudo não é para causar pânico nos pais, especialmente porque ainda não há informações suficientes sobre todas as consequências da ingestão de microplásticos para a saúde dos bebês.

Mas ele pede que as autoridades reconsiderem os conselhos dados sobre a preparação de fórmulas e esterilização de frascos para minimizar essa contaminação. A equipe deve realizar mais pesquisas para entender como os microplásticos que contaminam os alimentos durante o uso diário afetam o ser humano.

Dicas úteis

As mamadeiras de polipropileno representam 82% do mercado mundial. Como alternativa há modelos de vidro. Para evitar a exposição dos bebês, os pesquisadores recomendam que os pais fervam a água primeiro, esperem que esfrie e só depois usem esta água para limpar as garrafas.

Outra dica é preparar o leite em pó num recipiente de vidro antes de despejá-lo já resfriado na mamadeira, não agitar em excesso a mamadeira e não colocá-la no micro-ondas.

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