O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, declarou que o país está aberto a discutir a adoção de uma política de neutralidade como parte do acordo de paz com a Rússia, e que considera fazer concessões sobre o domínio da região de Donbass – situada no leste do país e considerada separatista pró-Rússia. Ele, porém, colocou condições: desde que obtenha garantias de segurança de outros países e o acordo passe por um referendo entre os ucranianos.
O chefe de Estado admitiu a possibilidade de ceder em prol de um acordo entre as duas nações, em entrevista a jornalistas russos neste domingo (27/3). A próxima rodada de negociações entre Rússia e Ucrânia está marcada para ocorrer entre segunda (28/3) e quarta-feira (30/3).
“Garantias de segurança e neutralidade, status não nuclear para nosso estado. Estamos prontos para discutir isso. É o ponto mais importante”, afirmou.
O presidente confirmou que está pronto para discutir o domínio da região de Donbass, mantida por forças apoiadas pela Rússia desde 2014. Contudo, se recusou a tratar de outras demandas do Kremlin, como a desmilitarização do país.
Durante a entrevista, Zelensky ressaltou que a guerra no território causou a destruição em massa de cidades de língua russa na Ucrânia. Ele frisou que o atual conflito no Leste Europeu causou danos maiores do que as duas guerras na região da Chechênia.

A relação conturbada entre Rússia e Ucrânia, que desencadeou conflito armado, tem deixado o mundo em alerta para uma possível grande guerraAnastasia Vlasova/Getty Images

A confusão, no entanto, não vem de hoje. Além da disputa por influência econômica e geopolítica, contexto histórico que se relaciona ao século 19 pode explicar o conflito Agustavop/ Getty Images

A localização estratégica da Ucrânia, entre a Rússia e a parte oriental da Europa, tem servido como uma zona de segurança para a antiga URSS por anos. Por isso, os russos consideram fundamental manter influência sobre o país vizinho, para evitar avanços de possíveis adversários nesse localPawel.gaul/ Getty Images

Isso porque o grande território ucraniano impede que investidas militares sejam bem-sucedidas contra a capital russa. Uma Ucrânia aliada à Rússia deixa possíveis inimigos vindos da Europa a mais de 1,5 mil km de Moscou. Uma Ucrânia adversária, contudo, diminui a distância para pouco mais de 600 kmGetty Images

Percebendo o interesse da Ucrânia em integrar a Otan, que é liderada pelos Estados Unidos, e fazer parte da União Europeia, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, ameaçou atacar o país, caso os ucranianos não desistissem da ideiaAndre Borges/Esp. Metrópoles

Uma das exigências de Putin, portanto, é que o Ocidente garanta que a Ucrânia não se junte à organização liderada pelos Estados Unidos. Para os russos, a presença e o apoio da Otan aos ucranianos constituem ameaças à segurança do paísPoca/Getty Images

A Rússia iniciou um treinamento militar junto à aliada Belarus, que faz fronteira com a Ucrânia, e invadiu o território ucraniano em 24 de fevereiroKutay Tanir/Getty Images

Por outro lado, a Otan, composta por 30 países, reforçou a presença no Leste Europeu e colocou instalações militares em alerta OTAN/Divulgação

Apesar de ter ganhado os holofotes nas últimas semanas, o novo capítulo do impasse entre as duas nações foi reiniciado no fim de 2021, quando Putin posicionou 100 mil militares na fronteira com a Ucrânia. Os dois países, que no passado fizeram parte da União Soviética, têm velha disputa por territórioAFP

Além disso, para o governo ucraniano, o conflito é uma espécie de continuação da invasão russa à península da Crimeia, que ocorreu em 2014 e causou mais de 10 mil mortes. Na época, Moscou aproveitou uma crise política no país vizinho e a forte presença de russos na região para incorporá-la a seu territórioElena Aleksandrovna Ermakova/ Getty Images

Desde então, os ucranianos acusam os russos de usar táticas de guerra híbrida para desestabilizar constantemente o país e financiar grupos separatistas que atentam contra a soberania do EstadoWill & Deni McIntyre/ Getty Images

O conflito, iniciado em 24 de fevereiro, já impacta economicamente o mundo inteiro. Na Europa Ocidental, por exemplo, países temem a interrupção do fornecimento de gás natural, que é fundamental para vários delesVostok/ Getty Images

Embora o Brasil não tenha laços econômicos tão relevantes com as duas nações, pode ser afetado pela provável disparada no preço do petróleo Vinícius Schmidt/Metrópoles
O último encontro entre as autoridades ocorreu em 17 de março, por videoconferência. Representantes dos governos russo e ucraniano reclamam da estagnação na negociação do acordo de cessar-fogo. Na sexta-feira (25/3), negociadores dos dois países fizeram queixas públicas sobre a situação.
Um dia após receber mais severas críticas de órgãos internacionais e dos Estados Unidos, o presidente russo, Vladimir Putin, mostrou disposição para continuar a guerra na Ucrânia. Mesmo isolado economicamente, o chefe do Kremlin minimizou a influência do Ocidente na sociedade russa.