1 de 1 Prédio em chamas e cenário em frente destruido por bombardeios russos
- Foto: Anadolu Agency /Getty Images
Prestes a completar um mês, o conflito no Leste Europeu parece longe do fim. A Organização da Nações Unidas (ONU) deu um ultimato para o fim da guerra e frisou que as negociações — que nos últimos dias estão estagnadas — devem continuar.
Nesta terça-feira (22/3), em entrevista a repórteres de agências internacionais de notícias, o secretário-geral da ONU, Antônio Guterres, cobrou categoricamente o fim da guerra na Ucrânia.
“Esta guerra não é vencível. Mais cedo ou mais tarde terá que passar dos campos de batalha para a mesa de paz. Isso é inevitável. A única questão é quantas vidas mais devem ser perdidas? Quantas bombas mais devem cair?”, alertou.
A escalada da violência nos ataques também foi alvo de severas críticas de Guterres. “A cidade devastada de Mariupol está cercada por forças russas há mais de duas semanas, submetida a bombardeios implacáveis, para quê?”, frisou.
O governo ucraniano apresentou balanço da destruição que a guerra provocou no país desde o início do conflito, em 24 de fevereiro. O Exército russo teria destruido 400 escolas e 110 hospitais. Mariupol, citada por Guterres, teve 93% das casas dizimadas.
Para Guterres, chegou a hora de impor um fim ao conflito entre russos e ucranianos. “O único resultado de tudo isso é mais sofrimento, mais destruição e mais horror até onde a vista alcança”, concluiu.
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Negociações
A guerra no Leste Europeu completa 27 dias e os líderes envolvidos no conflito não conseguem avançar nas negociações de paz. O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, agora quer um referendo para aprovar qualquer acordo com os russos.
A mistura de intensificação dos bombardeios, endurecimento das sanções e aumento de apoio militar à Ucrânia é agravada pelo estremecimento de relações entre Estados Unidos e China, devido à possibilidade de apoio do país de Xi Jinping aos russos.
Enquanto o presidente norte-americano, Joe Biden, pressiona os chineses, o líder russo, Vladimir Putin, segue ameaçando países da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e afirmando que pode considerá-los “participantes” do conflito se o apoio bélico à Ucrânia seguir. As posturas das duas potências aumentam a tensão diplomática no mundo, pela chance de a confusão se espalhar.
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A relação conturbada entre Rússia e Ucrânia, que desencadeou conflito armado, tem deixado o mundo em alerta para uma possível grande guerra
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A confusão, no entanto, não vem de hoje. Além da disputa por influência econômica e geopolítica, contexto histórico que se relaciona ao século 19 pode explicar o conflito
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A localização estratégica da Ucrânia, entre a Rússia e a parte oriental da Europa, tem servido como uma zona de segurança para a antiga URSS por anos. Por isso, os russos consideram fundamental manter influência sobre o país vizinho, para evitar avanços de possíveis adversários nesse local
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Isso porque o grande território ucraniano impede que investidas militares sejam bem-sucedidas contra a capital russa. Uma Ucrânia aliada à Rússia deixa possíveis inimigos vindos da Europa a mais de 1,5 mil km de Moscou. Uma Ucrânia adversária, contudo, diminui a distância para pouco mais de 600 km
Getty Images
Percebendo o interesse da Ucrânia em integrar a Otan, que é liderada pelos Estados Unidos, e fazer parte da União Europeia, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, ameaçou atacar o país, caso os ucranianos não desistissem da ideia
Andre Borges/Esp. Metrópoles
Uma das exigências de Putin, portanto, é que o Ocidente garanta que a Ucrânia não se junte à organização liderada pelos Estados Unidos. Para os russos, a presença e o apoio da Otan aos ucranianos constituem ameaças à segurança do país
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A Rússia iniciou um treinamento militar junto à aliada Belarus, que faz fronteira com a Ucrânia, e invadiu o território ucraniano em 24 de fevereiro
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Por outro lado, a Otan, composta por 30 países, reforçou a presença no Leste Europeu e colocou instalações militares em alerta
OTAN/Divulgação
Apesar de ter ganhado os holofotes nas últimas semanas, o novo capítulo do impasse entre as duas nações foi reiniciado no fim de 2021, quando Putin posicionou 100 mil militares na fronteira com a Ucrânia. Os dois países, que no passado fizeram parte da União Soviética, têm velha disputa por território
AFP
Além disso, para o governo ucraniano, o conflito é uma espécie de continuação da invasão russa à península da Crimeia, que ocorreu em 2014 e causou mais de 10 mil mortes. Na época, Moscou aproveitou uma crise política no país vizinho e a forte presença de russos na região para incorporá-la a seu território
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Desde então, os ucranianos acusam os russos de usar táticas de guerra híbrida para desestabilizar constantemente o país e financiar grupos separatistas que atentam contra a soberania do Estado
Will & Deni McIntyre/ Getty Images
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O conflito, iniciado em 24 de fevereiro, já impacta economicamente o mundo inteiro. Na Europa Ocidental, por exemplo, países temem a interrupção do fornecimento de gás natural, que é fundamental para vários deles
Vostok/ Getty Images
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Embora o Brasil não tenha laços econômicos tão relevantes com as duas nações, pode ser afetado pela provável disparada no preço do petróleo
Vinícius Schmidt/Metrópoles
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Nessa segunda-feira (21/3), Biden e outros três integrantes do mais alto escalão do governo dos Estados Unidos fizeram declarações públicas sobre a guerra na Ucrânia e mostraram como o conflito está longe de ser contido no Leste Europeu.
Biden minimizou o poder do presidente russo. O Pentágono, que comanda a máquina militar do país, alertou para ataques cibernéticos; a Casa Branca, sede do governo, cobrou responsabilização para o conflito; e o Departamento de Estado, órgão da diplomacia, puniu funcionários chineses — restringindo vistos.
Enquanto isso, os russos ameaçam até romper relações diplomáticas com os norte-americanos devido à dura posição de Biden sobre Putin.