Os serviços de inteligência norte-americanos dizem monitorar supostos planos russos de promover ataques cibernéticos contra instituições públicas e empresas dos Estados Unidos.
Nesta segunda-feira (21/3), o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, afirmou que há risco de a Rússia realizar ataques cibernéticos contra o país em resposta às sanções pela guerra na Ucrânia.
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Em comunicado divulgado pela Casa Branca, Biden pediu que empresas privadas reforcem a segurança tecnológica.
“Faremos tudo no nosso poder para defender a nação e responder aos ciberataques. Mas a realidade é que grande parte da infraestrutura essencial da nação é controlada e operada pelo setor privado, que deve agir para proteger os serviços críticos dos quais todos os americanos dependem”, ressaltou.
A Casa Branca recomendou que as empresas adotem o uso de autenticação de dois fatores para dificultar o acesso dos hackers aos sistemas e verifiquem se os programas usados estão devidamente atualizados.
O governo americano também orientou que as companhias mantenham cópias de seus arquivos fora da rede.
Rússia atacada
Na semana passada, a Rússia afirmou ter sofrido o maior ataque cibernético já registrado no país. O atentado digital sofrido em meio à guerra na Ucrânia é, segundo o governo russo, três vezes mais agressivo que o último grande ataque registrado.
O Kremlin, sede do governo russo, não deu detalhes sobre o caso, mas afirmou que sites estatais, da transportadora Aeroflot e do banco Sberbank tiveram interrupções ou problemas de acesso.
Outros episódios
Esse não foi o primeiro ataque digital que ocorre após o início da guerra na Ucrânia, em 24 de fevereiro.
Na segunda-feira (14/3), sites do governo de Israel, inclusive o do escritório do primeiro-ministro e o do Ministério da Saúde, saíram do ar em um aparente ciberataque. Uma fonte da área de segurança disse ao jornal israelense “Haaretz” que este seria o maior ataque cibernético já realizado contra Israel.

A relação conturbada entre Rússia e Ucrânia, que desencadeou conflito armado, tem deixado o mundo em alerta para uma possível grande guerraAnastasia Vlasova/Getty Images

A confusão, no entanto, não vem de hoje. Além da disputa por influência econômica e geopolítica, contexto histórico que se relaciona ao século 19 pode explicar o conflito Agustavop/ Getty Images

A localização estratégica da Ucrânia, entre a Rússia e a parte oriental da Europa, tem servido como uma zona de segurança para a antiga URSS por anos. Por isso, os russos consideram fundamental manter influência sobre o país vizinho, para evitar avanços de possíveis adversários nesse localPawel.gaul/ Getty Images

Isso porque o grande território ucraniano impede que investidas militares sejam bem-sucedidas contra a capital russa. Uma Ucrânia aliada à Rússia deixa possíveis inimigos vindos da Europa a mais de 1,5 mil km de Moscou. Uma Ucrânia adversária, contudo, diminui a distância para pouco mais de 600 kmGetty Images

Percebendo o interesse da Ucrânia em integrar a Otan, que é liderada pelos Estados Unidos, e fazer parte da União Europeia, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, ameaçou atacar o país, caso os ucranianos não desistissem da ideiaAndre Borges/Esp. Metrópoles

Uma das exigências de Putin, portanto, é que o Ocidente garanta que a Ucrânia não se junte à organização liderada pelos Estados Unidos. Para os russos, a presença e o apoio da Otan aos ucranianos constituem ameaças à segurança do paísPoca/Getty Images

A Rússia iniciou um treinamento militar junto à aliada Belarus, que faz fronteira com a Ucrânia, e invadiu o território ucraniano em 24 de fevereiroKutay Tanir/Getty Images

Por outro lado, a Otan, composta por 30 países, reforçou a presença no Leste Europeu e colocou instalações militares em alerta OTAN/Divulgação

Apesar de ter ganhado os holofotes nas últimas semanas, o novo capítulo do impasse entre as duas nações foi reiniciado no fim de 2021, quando Putin posicionou 100 mil militares na fronteira com a Ucrânia. Os dois países, que no passado fizeram parte da União Soviética, têm velha disputa por territórioAFP

Além disso, para o governo ucraniano, o conflito é uma espécie de continuação da invasão russa à península da Crimeia, que ocorreu em 2014 e causou mais de 10 mil mortes. Na época, Moscou aproveitou uma crise política no país vizinho e a forte presença de russos na região para incorporá-la a seu territórioElena Aleksandrovna Ermakova/ Getty Images

Desde então, os ucranianos acusam os russos de usar táticas de guerra híbrida para desestabilizar constantemente o país e financiar grupos separatistas que atentam contra a soberania do EstadoWill & Deni McIntyre/ Getty Images

O conflito, iniciado em 24 de fevereiro, já impacta economicamente o mundo inteiro. Na Europa Ocidental, por exemplo, países temem a interrupção do fornecimento de gás natural, que é fundamental para vários delesVostok/ Getty Images

Embora o Brasil não tenha laços econômicos tão relevantes com as duas nações, pode ser afetado pela provável disparada no preço do petróleo Vinícius Schmidt/Metrópoles
Negociações estagnadas
A estagnação das negociações para um acordo de paz no Leste Europeu continua impedindo o fim da guerra. Nesta segunda-feira, o governo russo voltou a reclamar da falta de entendimento.
O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, admitiu que não houve progresso nas conversas com o governo ucraniano.
Além disso, descartou possível reunião entre o presidente russo, Vladimir Putin, e o mandatário ucraniano, Volodymyr Zelenskiy.