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Aviões, bancos, Copa, Netflix: entenda como a Rússia tem sido isolada

De sistema bancário mundial a filmes, de voos à Netflix, Rússia vê isolamento do restante do mundo crescer; guerra contra a Ucrânia segue

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Aytac Unal/Agência Anadolu via Getty Images
Militar ucraniano reforça guarda nas ruas de Kiev - Metrópoles
1 de 1 Militar ucraniano reforça guarda nas ruas de Kiev - Metrópoles - Foto: Aytac Unal/Agência Anadolu via Getty Images

Fazer com que a Rússia fique cada vez mais isolada é uma das principais ferramentas dos Estados Unidos e da União Europeia contra o país, na tentativa de forçar Vladimir Putin a interromper o ataque contra a vizinha Ucrânia. A tática é executada por meio das mais variadas sanções, das puramente econômicas às culturais. A ideia é fazer com que os russos se vejam compelidos a parar a agressão, como forma de evitar a desconexão do restante do mundo e o enfraquecimento no cenário mundial.

Essa tentativa inclui da retirada de bancos do país do sistema mundial de transações ao banimento da seleção russa da Copa do Mundo (e de todas as demais competições mundiais de futebol), do fechamento do espaço aéreo de toda a Europa à interrupção de entregas pelas gigantes transportadoras UPS e FedEx. Nessa segunda-feira (28/2), até a Netflix entrou na jogada, afirmando que não cumprirá determinação do governo russo de incluir em sua grade 20 canais do país.

No domingo (27/2), na mais dura sanção aplicada até agora, os maiores bancos do país liderado por Vladimir Putin foram excluídos do principal sistema bancário global, conhecido pela sigla Swift. Sem esse mecanismo, os russos ficam impossibilitados de receber dinheiro de fora do país, bem como sem enviar dinheiro para o exterior. Isso dificulta negociações internacionais, como de importação e exportação.

Além de instituições financeiras privadas, o Banco Central da Rússia ficou proibido de acessar suas reservas internacionais e de liquidar ativos, anunciou a Comissão Europeia.

Swift significa Sociedade de Telecomunicações Financeiras Interbancárias Mundiais. É um sistema criado em 1973 para permitir a troca de moedas entre países. O Swift reúne cerca de 11 mil instituições financeiras, de mais de 200 países.

Novas medidas

Além dessa medida, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, divulgou outros dispositivos que o bloco do continente utilizará contra a Rússia.

Segunda a agência Ansa, os 27 Estados-membros fecharão o espaço aéreo para aviões russos. “Estamos propondo a proibição de todas as aeronaves de propriedade russa registradas e controladas pela Rússia. As aeronaves não poderão decolar, pousar ou sobrevoar o território da União Europeia”, disse Von der Leyen. No sábado (26/2), o Canadá tomou a mesma decisão.

Ursula também anunciou que a União Europeia vetou os principais veículos estatais de comunicação internacional da Rússia, RT e Sputnik. “Estamos desenvolvendo os instrumentos para vetar essa desinformação tóxica e danosa na Europa”, declarou a líder dos países europeus, como justificativa.

Segundo a presidente da Comissão Europeia, os veículos “publicam mentiras para justificar a guerra de Putin e criar divisões na união [do bloco]”.

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A confusão, no entanto, não vem de hoje. Além da disputa por influência econômica e geopolítica, contexto histórico que se relaciona ao século 19 pode explicar o conflito
A localização estratégica da Ucrânia, entre a Rússia e a parte oriental da Europa, tem servido como uma zona de segurança para a antiga URSS por anos. Por isso, os russos consideram fundamental manter influência sobre o país vizinho, para evitar avanços de possíveis adversários nesse local
Isso porque o grande território ucraniano impede que investidas militares sejam bem-sucedidas contra a capital russa. Uma Ucrânia aliada à Rússia deixa possíveis inimigos vindos da Europa a mais de 1,5 mil km de Moscou. Uma Ucrânia adversária, contudo, diminui a distância para pouco mais de 600 km
Percebendo o interesse da Ucrânia em integrar a Otan, que é liderada pelos Estados Unidos, e fazer parte da União Europeia, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, ameaçou atacar o país, caso os ucranianos não desistissem da ideia
Uma das exigências de Putin, portanto, é que o Ocidente garanta que a Ucrânia não se junte à organização liderada pelos Estados Unidos. Para os russos, a presença e o apoio da Otan aos ucranianos constituem ameaças à segurança do país
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A relação conturbada entre Rússia e Ucrânia, que desencadeou conflito armado, tem deixado o mundo em alerta para uma possível grande guerra

Anastasia Vlasova/Getty Images
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A confusão, no entanto, não vem de hoje. Além da disputa por influência econômica e geopolítica, contexto histórico que se relaciona ao século 19 pode explicar o conflito

Agustavop/ Getty Images
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A localização estratégica da Ucrânia, entre a Rússia e a parte oriental da Europa, tem servido como uma zona de segurança para a antiga URSS por anos. Por isso, os russos consideram fundamental manter influência sobre o país vizinho, para evitar avanços de possíveis adversários nesse local

Pawel.gaul/ Getty Images
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Isso porque o grande território ucraniano impede que investidas militares sejam bem-sucedidas contra a capital russa. Uma Ucrânia aliada à Rússia deixa possíveis inimigos vindos da Europa a mais de 1,5 mil km de Moscou. Uma Ucrânia adversária, contudo, diminui a distância para pouco mais de 600 km

Getty Images
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Percebendo o interesse da Ucrânia em integrar a Otan, que é liderada pelos Estados Unidos, e fazer parte da União Europeia, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, ameaçou atacar o país, caso os ucranianos não desistissem da ideia

Andre Borges/Esp. Metrópoles
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Uma das exigências de Putin, portanto, é que o Ocidente garanta que a Ucrânia não se junte à organização liderada pelos Estados Unidos. Para os russos, a presença e o apoio da Otan aos ucranianos constituem ameaças à segurança do país

Poca/Getty Images
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A Rússia iniciou um treinamento militar junto à aliada Belarus, que faz fronteira com a Ucrânia, e invadiu o território ucraniano em 24 de fevereiro

Kutay Tanir/Getty Images
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Por outro lado, a Otan, composta por 30 países, reforçou a presença no Leste Europeu e colocou instalações militares em alerta

OTAN/Divulgação
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Apesar de ter ganhado os holofotes nas últimas semanas, o novo capítulo do impasse entre as duas nações foi reiniciado no fim de 2021, quando Putin posicionou 100 mil militares na fronteira com a Ucrânia. Os dois países, que no passado fizeram parte da União Soviética, têm velha disputa por território

AFP
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Além disso, para o governo ucraniano, o conflito é uma espécie de continuação da invasão russa à península da Crimeia, que ocorreu em 2014 e causou mais de 10 mil mortes. Na época, Moscou aproveitou uma crise política no país vizinho e a forte presença de russos na região para incorporá-la a seu território

Elena Aleksandrovna Ermakova/ Getty Images
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Desde então, os ucranianos acusam os russos de usar táticas de guerra híbrida para desestabilizar constantemente o país e financiar grupos separatistas que atentam contra a soberania do Estado

Will & Deni McIntyre/ Getty Images
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O conflito, iniciado em 24 de fevereiro, já impacta economicamente o mundo inteiro. Na Europa Ocidental, por exemplo, países temem a interrupção do fornecimento de gás natural, que é fundamental para vários deles

Vostok/ Getty Images
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Embora o Brasil não tenha laços econômicos tão relevantes com as duas nações, pode ser afetado pela provável disparada no preço do petróleo

Vinícius Schmidt/Metrópoles

Empresas excluem Rússia

Duas das maiores empresas de entregas do mundo, UPS e FedEx, decidiram interromper seus negócios na Rússia desde a invasão da Ucrânia.

“Nosso foco está na segurança de nosso pessoal”, disse a UPS em comunicado, na quinta-feira (24/2). A empresa afirmou que “continua monitorando de perto a situação e restabelecerá o serviço assim que for prático e seguro fazê-lo”. A FedEx também afirmou que “está monitorando de perto a situação” e que tem “planos de contingência em vigor”.

Cultura também reagiu

O setor cultural também reagiu aos últimos acontecimentos da guerra. Nessa segunda-feira (28/2), a Netflix anunciou que não permitirá a transmissão de 20 canais estatais russos em seu catálogo. “Diante da atual situação, nós não temos planos de adicionar esses canais ao nosso serviço”, afirmou um porta-voz da Netflix em um comunicado.

Outras empresas de mídia e produção audiovisual também anunciaram medidas. Disney, Warner Bros. e Sony informaram, nessa segunda-feira (28/2), que suspenderam a estreia de seus filmes nos cinemas da Rússia.

O primeiro anúncio foi feito pela Disney. “Devido à invasão não provocada da Ucrânia e à trágica crise humanitária, estamos suspendendo a estreia de filmes na Rússia, incluindo o próximo ‘Alerta Vermelho’, da Pixar”, disse a empresa em comunicado. “Tomaremos futuras decisões comerciais em função de como a situação se desenvolver.”

Mais tarde, a Warner Bros. emitiu um comunicado afirmando que a estreia de Batman foi cancelada no país “em função da crise humanitária na Ucrânia”. O estúdio reforçou que continuará a monitorar a situação.

A Sony adotou a mesma postura e anunciou que não lançará seus próximos filmes na Rússia. A medida afetará o aguardado lançamento do longa Morbius, que estava programado para o fim de março.

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