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Crítica: Pennywise estica terror de trem fantasma em It: Capítulo Dois

Vinte e sete anos depois dos eventos de It: A Coisa (2017), adultos repisam traumas de infância em conclusão caprichada na extravagância

atualizado

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Warner Bros./Divulgação
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1 de 1 it-2-4 - Foto: Warner Bros./Divulgação

Com quase três horas de duração, It: Capítulo Dois passa longe de ser um filme apegado a sutilezas. Pudera. It: A Coisa (2017), primeira parte da adaptação baseada no livro monstruoso (no bom sentido) de Stephen King, saiu dos cinemas com o recorde de longa de terror mais lucrativo da história — US$ 700 milhões arrecadados mundialmente. A segunda, portanto, segue aquela receitinha (infame, mas por vezes funcional) “quanto mais, melhor” típica de continuações.

Novamente sob direção do argentino Andy Muschietti, conhecido por Mama (2013), It estica os limites do que se espera de uma história de horror no estilo trem fantasma: sustinhos à beça entremeados por alguns momentos de respiro.

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Adultos e traumas de criança

Desta vez, o chamado Clube dos Otários (ou Perdedores), 27 anos mais velho, volta à cidade de Derry, no Maine, a casa de King, para dar um fim à Coisa e sua versão mais, digamos, apresentável, a do palhaço Pennywise.

O díptico ganha star power com a presença de Jessica Chastain, James McAvoy e Bill Hader nos papéis de Beverly, Bill e Richie. Completam a “gangue” crescida Ben (Jay Ryan), Mike (Isaiah Mustafa), Eddie (James Ransone) e Stanley (Andy Bean).

A trama deveras dilatada dilui o que havia de potencialmente assustador do primeiro em prol de um parque de diversões dos subgêneros do terror: casa assombrada, monstro, possessão, sobrenatural, trauma de criança e pegadinhas macabras, entre outras modalidades de espanto.

“Sustos” carnavalescos

A inspiração não poderia ser outra a não ser a franquia A Hora de Pesadelo (A Nightmare On Elm’s Street) — não à toa, vemos nos flashbacks que o cinema de rua de Derry exibe o quinto da saga, O Maior Horror de Freddy (1989), curiosamente um dos mais fracos de Krueger.

Se Freddy ataca crianças e adolescentes quando as vítimas dormem, embrenhando-se em sonhos e pesadelos para assustar e matar, não sem um humor igualmente macabro e pateta, Pennywise aparece quando e como bem entende, usando as fragilidades e os medos dos Otários para se manifestar de formas diversas.

É aí que o roteiro de Gary Dauberman, diretor do recente Annabelle 3: De Volta para Casa (2019), vira mero palanque para o festival carnavalesco de extravagâncias (digitais, na maior parte) protagonizado por Pennywise.

Mordidas com a bocarra cheia de dentes aqui, perseguições na forma de uma aranha gigantesca acolá. Referências a passagens do romance de King estão por toda parte, e o próprio autor surge em cena como dono de uma loja de velharias.

Joga contra It: Capítulo Dois a duração de fato descompensada, excesso que só prejudica o ritmo da narrativa. Em certo sentido, não deixa de ser um espetáculo circense que vence pelo cansaço. Bem como o primeiro filme, não gela a espinha dos fãs de terror, mas cumpre o esperado de entregar a montanha-russa alimentada a anabolizantes que não sabe quando parar.

Avaliação: Bom

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