metropoles.com

“Só Deus sabe o que estamos sentindo”, diz irmão de Noélia

A vendedora foi encontrada morta nessa sexta-feira (18/10/2019), no Assentamento 26 de Setembro. O crime é investigado como feminicídio

atualizado

Compartilhar notícia

Myke Sena/Especial para o Metrópoles
Velorio_noelia-3
1 de 1 Velorio_noelia-3 - Foto: Myke Sena/Especial para o Metrópoles

O velório da vendedora Noélia de Oliveira Rodrigues, 38 anos, foi marcado por tristeza e revolta, na tarde deste domingo (20/10/2019), no Cemitério de Taguatinga. O corpo da mulher chegou ao local por volta das 12h30, com o caixão fechado. Meia hora depois, o marido da vítima, Marcos Paulo, 42, chegou à Capela 1 com os dois filhos mais novos – um garoto de 5 anos e uma menina de 9 –, enquanto o mais velho, de 16, já estava no local. As crianças choraram muito e foram levadas embora pouco tempo depois.

Noélia era a caçula de 14 irmãos. Um deles, Odemar Oliveira Guedes, 42, veio do Tocantins para o enterro. “Meus pais moram no Ceará e não puderam vir pela idade. Só Deus sabe o que estão passando. Queremos que as autoridades tomem providências. Minha irmã era muito trabalhadora”, falou. “Só Deus sabe o que estamos sentindo. Espero que a justiça seja feita, a de Deus e a do homem.”

José Guedes, 48, disse que ele os irmãos estão revoltados com o crime.  “Pegaram ela para matar. Pegaram para executar. Espero que a justiça seja feita. Não merecia passar por isso, uma mulher muito alegre, cercada de amigos. Foi muito cruel e estamos muito revoltados”

Ex-colega de trabalho de Noélia, Glicia Mara Lopes, 37 anos, disse ter sido uma das últimas a falar com ela antes do seu desaparecimento. “Quando meu marido me contou da morte dela, eu entrei em choque. Tinha falado com ela por mensagem um dia antes. Trabalhamos juntas, uma mulher sempre sorridente, feliz, e foi vítima de uma crueldade dessas”, disse.

0

 

“Noélia era uma pessoa que não tenho nem palavras para descrever. Companheira, batalhadora. Estamos desolados. Não acredito que tenha sido assaltada, deram um tiro certeiro na cabeça dela”, destacou Rozangela Bezerra, 37 anos. “Acredito que alguém tenha feito o mal a ela. Mais uma mulher morta, infelizmente. A gente espera justiça, do fundo do meu coração. Não pude nem ver o rosto da minha amiga, de tão deformado que está. Pensava que ia poder vê-la e tocá-la pela última vez, e nem isso eu vou poder fazer”, completou.

Investigações

A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) segue trabalhando para desvendar o crime. A comerciária, que trabalhava em um shopping da Asa Norte, foi encontrada morta nessa sexta-feira (18/10/2019), no Assentamento 26 de Setembro. O crime é investigado como feminicídio, mas a tipificação pode ser alterada a depender do andamento do processo. Marcos Paulo é tido como suspeito pelos investigadores da 38ª Delegacia de Polícia (Vicente Pires), segundo o advogado dele.

Geraldo Madureira, que atua na defesa de Marcos Paulo, diz que o cliente “está colaborando com as investigações”. “Ele está sendo tratado como suspeito por causa de um protocolo equivocado da PCDF, que tratou o caso como feminicídio. Ele já foi ouvido e prestou esclarecimentos, não depoimento”, explicou.

Ao Metrópoles, Madureira confirmou que a PCDF apreendeu a moto, o carro e as roupas usadas por ele no dia em que Noélia se encontrava desaparecida. “Depois que colherem as provas, os policiais vão direcioná-las para outras possibilidades. O que ele disse ontem ampliou as possibilidades. Já entregou carro, moto e roupas para perícia, um indício de que ele não tem culpa. Está deixando claro que nada teve a ver com essa tragédia”, completou Madureira.

A família chegou a divulgar o desaparecimento da mulher nas redes sociais. Noélia foi vista pela última vez por volta das 22h dessa quinta-feira (17/10/2019), após sair do Brasília Shopping, na Asa Norte, onde trabalhava como vendedora. A jovem seguia em direção a uma parada de ônibus.

“Morte violenta”

Os investigadores da 38ª Delegacia de Polícia (Vicente Pires) acreditam que a vendedora tenha morrido após levar um tiro no rosto. Ela ainda apresentava ferimentos na região da cabeça. De acordo com a delegada-chefe encarregada, Adriana Romana, a princípio, a ocorrência seria tratada como feminicídio. “Trata-se de uma mulher e, como foi morte violenta, temos o protocolo na Polícia Civil de tratar primeiramente como feminicídio. Se depois, por exemplo, concluirmos ter sido latrocínio, mudamos a tipificação”, explicou.

O marido chegou a conversar com o Metrópoles na sexta (18/10/2019). Segundo ele, Noélia trabalhava como vendedora em uma loja de roupas do shopping. Ela sempre encerrava o expediente por volta das 22h e chegava em casa, no Setor P Norte, em Ceilândia, às 23h. “Eu sempre a encontrava na parada. Ontem [quinta-feira], cheguei 15 minutos antes e fiquei aguardando. Com a demora, comecei a me preocupar e fui atrás”, relatou.

Marcos teve acesso a imagens de câmeras do shopping que, de acordo com ele, mostram a mulher saindo em direção ao Setor Hoteleiro Norte, às 22h03. “Ela está no telefone, porque eu tinha ligado para saber se estava saindo. Ela falou: ‘Amor, já estou indo, porque senão eu perco o ônibus’. Depois, às 22h23, liguei de novo, e ela não atendia mais”, narrou.

Ainda segundo o relato de Marcos, a família não sabe como a mulher foi encontrada em Vicente Pires, uma vez que todos os dias fazia o mesmo trajeto para casa. “Ela até tentava sair mais cedo e corria para pegar o ônibus. Eu sempre a orientava a não pegar carona e sempre buscava na parada. Agora, não sabemos se ela pegou algum carro pirata ou entrou em lotação”, contou o marido.

Compartilhar notícia

Quais assuntos você deseja receber?

sino

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

sino

Mais opções no Google Chrome

2.

sino

Configurações

3.

Configurações do site

4.

sino

Notificações

5.

sino

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comDistrito Federal

Você quer ficar por dentro das notícias do Distrito Federal e receber notificações em tempo real?