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Preconceito dificulta o diagnóstico de Transtorno Obsessivo Compulsivo no DF

No Distrito Federal, apenas uma unidade de saúde oferece tratamento para pacientes com TOC

atualizado

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Rafaela Felicciano/Metrópoles
1 de 1 - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

O que celebridades como David Beckham, Leonardo DiCaprio e Roberto Carlos têm em comum? Todos eles sofrem de Transtorno Obsessivo Compulso (TOC), doença muitas vezes confundida como mania ou superstição e que, apesar do diagnóstico rápido, tem o tratamento dificultado por conta do preconceito que ainda existe em torno da enfermidade.

Miguel (nome fictício), que trabalha em uma empresa de informática e mora com a mãe e a irmã em Taguatinga, sabe bem o que é isso. Para ele, os livros precisam ficar enfileirados por ordem de tamanho. Os lápis e canetas têm os seus lugares rigorosamente escolhidos. Já as roupas são distribuída dentro do armário de acordo com as cores. Organização e simetria são palavras de ordem para ele. Papéis jogados sobre a mesa provocam uma sensação de inquietação e quase sufoco, fazendo com que ele se movimente rapidamente para arrumar tudo. “Enquanto falo com você por telefone estou aqui arrumando minha mesa, é involuntário”, admite.

Por causa da rotina rígida, onde a organização fala mais alto, a convivência com outras pessoas não é nada fácil.

Elas são muito bagunceiras, isso me traz um sério incômodo. Quando estou no trabalho preciso organizar tudo, ao chegar em casa também tenho que arrumar e conferir se as coisas estão no lugar. É prioridade, preciso resolver essas questões antes mesmo de pensar em almoçar, por exemplo.

Miguel (nome fictício)

Entre amigos, Miguel muitas vezes chega a ser motivo de piada. “Eles pegam muito no meu pé, mas aprendi a ignorar porque não consigo mudar”, desabafa.

O impulso, difícil de ser controlado, já rendeu também situações constrangedoras. Certa vez, ele chegou na casa da sogra e reorganizou a decoração da sala. “Ela tinha acabado de comprar vasos novos, estavam expostos de forma assimétrica. Não consegui me conter”, diz envergonhado.

Diagnóstico
Confundido com mania ou até mesmo superstição, o TOC é simples de ser diagnosticado, segundo a doutora em psicologia e professora da Universidade de Brasília (UnB), Suely Guimarães. Em uma ou duas sessões é possível identificar o transtorno. “Ainda existe preconceito com a doença. Muitos não entendem que é uma questão psicológica, que precisam reconhecer que algo está errado e procurar ajuda”, explicou.

Segundo a especialista, inicialmente, é preciso diferenciar o que é superstição, crença e obsessão.

Os pacientes com TOC têm necessidades urgentes e inexplicáveis. Chegam a adotar um comportamento para combater a ansiedade, essa atividade que precisa ser realizada gera a compulsão.

Suely Guimarães, doutora em psicologia

A compulsão, muitas vezes, não tem relação com o fato. Por exemplo, o indivíduo pensa que um familiar vai falecer, então, reverte o medo para a necessidade de comprar meias. Outra situação citada por Suely são casos em que a ação ocorre em silêncio. “Geralmente é um comportamento caracterizado por repetição de palavras, oração ou uma contagem. Muitas vezes a pessoa não se dá conta de que está contando degraus de escada, simplesmente sente a necessidade de fazer aquilo”, ressalta.

Um dos problemas de alimentar esse hábito é que ele pode evoluir para algo mais grave. “Existem pessoas que fazem tantos rituais para sair de casa que não conseguem ter vida social ou até mesmo chegar a sair de suas residências. Nesses casos é preciso fazer um tratamento diferenciado. Nos casos mais severos é preciso receitar medicamentos controlados”, esclarece. “É importante lembrar que se o transtorno causa sofrimento e perdas profissionais e pessoais é preciso procurar auxílio imediatamente”, diz a psicóloga ressaltando ainda o papel da família na compreensão e observação dessas pessoas.

Tratamento
O tratamento pode ser feito com psicólogos e psiquiatras. Alguns pacientes obtêm sucesso apenas com terapias, outros aliam as consultas com medicamentos controlados. No Distrito Federal, apenas um centro de saúde oferece atendimento aos pacientes com Transtorno Obsessivo Compulsivo: o Centro de Orientação Médico Psicopedagógica (COMPP), localizado no Setor Médico Hospitalar Norte.

Atualmente, 105 psiquiatras atendem na rede, sendo que um deles é temporário. Segundo a Secretaria de Saúde não há como estimar o número de atendimentos para pacientes com TOC, uma vez que o registro se encaixa para atendimento psiquiátrico.

Os remédios padronizados pela pasta para o tratamento do transtorno são:
Floxetina: com estoque
Nortriptilina: com estoque nas duas dosagens padronizadas: 25 mg e 50 mg
Amitriptilina: com estoque
Imipramina: com estoque baixo, disponível apenas nos hospitais – o medicamento está com processo de compra em andamento
Clomipramina: com estoque

Famosos
David Beckham: o jogador tem obsessão por simetria e dualidade. Por onde anda deixa tudo organizado em pares e  enfileirado.
Jô Soares: o apresentador revelou que mantém  os quadros da sua casa inclinados para a direita.
Justin Timberlake: o cantor se dedica boa parte do tempo conferindo se os objetos ao seu redor estão enfileirados.
Roberto Carlos: o cantor deixou de cantar algumas músicas do seu repertório por não falar algumas palavras como ‘mau’. Não usa marrom e só saí de um lugar pela mesma porta em que entrou.
Megan Fox: a atriz tem obsessão por limpeza, isso a impede de usar banheiros públicos. Ela também evita ir a  restaurantes para utilizar talheres que outras pessoas usaram.
Leonardo DiCaprio: o ator costuma se atrasar para as gravações porque só consegue andar pisando em manchas nas calçadas.
Cameron Diaz: a atriz tem obsessão por maçanetas, ela lava as mãos várias vezes ao dia. Chega a empurrar as portas com cotovelos para não encostar na maçaneta.

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