metropoles.com

Para manter benefícios fiscais, Rollemberg deixa de sancionar LOA 2019

Ibaneis havia solicitado o fim de reduções de alíquotas de ICMS sobre cesta básica, querosene de aviação e diesel dos ônibus urbanos

atualizado

Compartilhar notícia

Igo Estrela/Metrópoles
ibaneis rollemberg
1 de 1 ibaneis rollemberg - Foto: Igo Estrela/Metrópoles

Divergências entre as equipes econômicas do governador Ibaneis Rocha (MDB) e de Rodrigo Rollemberg (PSB) fizeram com que o ex-governador não sancionasse a Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2019, a qual prevê os recursos a serem gastos no primeiro ano da gestão do emedebista. Cinco pontos serão afetados com a decisão, entre eles o reajuste de produtos da cesta básica e o fim da redução do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS) para o querosene da aviação civil.

De acordo com representantes de Rollemberg, após a chegada do projeto na Câmara Legislativa, a equipe de transição do novo governo solicitou cortes em benefícios fiscais, como no que prevê redução na cobrança do ICMS sobre os produtos da cesta básica.

Atualmente, há a cobrança de 7% de ICMS sobre cada produto. Com a decisão do novo governo, o valor chegará a 18%, um reajuste de 157% no imposto em cima de feijão, arroz, farinha, óleo, café, manteiga e carnes, por exemplo. A decisão da atual gestão também retirará isenção do ICMS para a comercialização de maçã e pera.

Além disso, segundo a antiga equipe econômica, haverá o fim de isenções para o diesel de ônibus urbanos, destinado a subsidiar a tarifa. “No transporte público, temos a tarifa real, que é o valor que a pessoa paga na catraca, e há a técnica, a qual representa realmente quanto a passagem custa. O governo, geralmente, cobre uma diferença. Quando se aumenta o custo do sistema, aumentará o subsídio pago pelos cofres públicos”, explicou o ex-secretário de Fazenda Wilson de Paula.

Para o antigo secretário, o maior impacto será com o fim da redução da alíquota do querosene para a aviação civil. O benefício entraria em vigor em janeiro e alcançaria companhias que criassem ou retomassem destinos internacionais com origem em Brasília. O Governo do Distrito Federal (GDF) havia autorizado a queda de 12% para até 7% do imposto sobre o combustível das aeronaves, a depender da quantidade de novos itinerários criados. Por ano, a previsão era de que o DF deixasse de arrecadar R$ 130 milhões apenas com esse item.

“O Brasil inteiro copiou a gente, e tínhamos a intenção de tornar Brasília a capital das conexões, um verdadeiro hub. A Gol já havia anunciado dois voos internacionais de Brasília. O fluxo de conexões nacionais já tinha crescido em mais de 15%. Agora, voltaremos ao zero”, acredita Wilson. Procurada, a assessoria de imprensa da Gol não havia se manifestado até a última atualização desta reportagem.

GDF critica postura de Rollemberg
A Secretaria de Comunicação do governo Ibaneis Rocha criticou Rollemberg e a decisão de não sancionar o Projeto da Lei Orçamentária Anual (PLOA) 2019.

“A equipe econômica do governo Rollemberg nunca se preocupou com os cidadãos e com a justiça fiscal. Se assim fosse, teria ajustado os impostos na época própria e auxiliado a equipe de transição na instrução das alterações demandadas, que beneficiariam toda a população. Isso não foi feito”, disse a pasta, por meio de nota.

Ainda segundo a secretaria, “o governo anterior foi enterrado pelas urnas, mas continua tentando manter a política de amarrar a cidade na burocracia, medida que tanto prejudicou a população. Foi um governo que aumentou todos os impostos no período de sua gestão. Todos. O governo Ibaneis quer reduzir todos esses impostos. Durante a transição, defendeu apenas a redução de impostos para querosene de aviação e para cigarros. Mais nada. Nenhum benefício para o cidadão comum”, pontua.

Além disso, a equipe de Ibaneis Rocha sustenta que o “governo se recusou a discutir, no momento oportuno e observando prazos legais, a redução de impostos que beneficiariam o cidadão comum, as microempresas, as empresas de pequeno porte e ainda criaria programas de geração de empregos. Diante da situação e do interesse público envolvido, os técnicos de carreira integrantes da transição e a equipe da Câmara Legislativa subsidiaram os membros do Legislativo que, no uso de suas prerrogativas, lograram aprovar o PLOA e encaminhá-lo ao Executivo”.

Segundo o GDF, embora a LOA não tenha sido sancionada pelo governo, isso não prejudica a execução orçamentária e financeira de 2019, porque a legislação aplicável prevê as providências momentâneas e saneadoras desse processo.

“As medidas saneadoras necessárias ou as providências legislativas serão todas implementadas pelo novo governo. Todas as alíquotas serão revistas e todas as providências para sancionar o orçamento 2019 estão sendo implementadas”, reforçou a pasta.

Gesto simbólico
Historicamente, é natural governadores que não concordam com a política econômica da futura gestão deixarem de sancionar o projeto da Lei Orçamentária Anual seguinte. Foi assim de 2010 para 2011, quando o então governador do Distrito Federal, Rogério Rosso (PSD), também não sancionou o texto enviado pela Câmara Legislativa.

Alterações solicitadas pelo então governador eleito Agnelo Queiroz (PT) previam reajustes nas alíquotas do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) e no Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA).

Na prática, a falta da sanção é apenas um gesto simbólico. Caso não concordasse com as medidas, Rodrigo Rollemberg poderia ter vetado a proposta, o que não aconteceu. Com isso, o governo de Ibaneis Rocha recorrerá à chamada sanção tácita, quando ocorre por decurso de prazo ou silêncio do governador da época.

O instrumento tem natureza jurídica de controle preventivo de constitucionalidade e de verificação da existência do interesse público. Deste modo, ao se negar a sancionar o texto, o chefe do Executivo procura fugir à responsabilidade da lei que entrará em vigor.

A sanção tácita ocorre 15 dias úteis após o envio do projeto aprovado pelos deputados distritais ao governo local. Como Rollemberg o recebeu no dia 26 de dezembro, o novo governador, Ibaneis Rocha, terá até 16 de janeiro de 2019 para que a matéria seja automaticamente sancionada.

Até lá, o orçamento utilizado pelo GDF será o duodécimo, o mesmo do ano anterior – no caso, o de 2018 dividido por 12 meses. Após a sanção, a LOA 2019 passa a valer de acordo com o que foi aprovado pela Câmara Legislativa.

Compartilhar notícia

Quais assuntos você deseja receber?

sino

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

sino

Mais opções no Google Chrome

2.

sino

Configurações

3.

Configurações do site

4.

sino

Notificações

5.

sino

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comDistrito Federal

Você quer ficar por dentro das notícias do Distrito Federal e receber notificações em tempo real?