Aluno agride policial em escola militarizada do Distrito Federal
Além da agressão ao policial, um dos vasos do banheiro da instituição acabou depredado por dois alunos do CED 01 da Estrutural
atualizado
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Dois alunos foram levados para à Delegacia da Criança e do Adolescente (DCA I) nesta terça-feira (9/8), após agredir um policial militar (foto em destaque) no Centro Educacional 01 (CED 01) da Estrutural, de gestão compartilhada. Um dos envolvidos tem 16 anos e, em junho deste ano, havia sido suspenso após causar danos aos pertences e ser agressivo com os servidores do colégio.
No momento da nova confusão, acontecia um torneio interclasse. Uma orientadora questionou a presença dos jovens que assistiam a partida, por estarem envolvidos no dano citado anteriormente.
Os alunos então correram para dentro de um dos banheiros. Na tentativa de se livrar, um dos garotos acabou acertando o nariz do policial. Além da agressão, um dos vasos do banheiro da instituição acabou depredado.
Veja imagens do estrago desta terça:

Vaso quebrado no CED 01 da Estrutural Material obtido pelo Metrópoles

Um dos agressores tem 16 anos Material obtido pelo Metrópoles
Segundo a Secretaria de Educação, quatro adolescentes entraram na escola, mas apenas dois se envolveram no episódio. Destes, três não estudam no período vespertino.
“Por este motivo, os policias que trabalham no CED 1 pediram para que estes adolescentes se retirassem do ambiente escolar naquele horário. Durante a situação, dois desses estudantes foram até o banheiro, onde quebraram um vaso sanitário e depois agrediram um policial militar”, informou a pasta.
Violência no CED 01
O centro funciona sob gestão compartilhada, ou seja, os profissionais da educação ficam responsáveis pelo trabalho pedagógico, e profissionais da segurança, pela disciplina.
A escola é palco de confusão desde que a ex-vice-diretora chamou um policial militar de “cagão”. Com a polêmica, a mulher foi exonerada, o que motivou protesto por parte dos alunos, no início de maio.
Na data em que alunos da escola organizaram uma manifestação pedindo a volta da vice-diretora do colégio, um oficial da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) foi flagrado ameaçando um aluno, afirmando que o “arrebentaria”.

O comportamento dos alunos após o retorno às aulas presenciais tem acendido alerta no país. No Distrito Federal, por exemplo, o início do ano letivo de 2022 foi marcado por violência em diversos centros de educação GeorgiaCourt/ Getty Images

Segundo levantamento realizado pelo Metrópoles, levando em consideração dados da Polícia Civil do Distrito Federal obtidos por meio da Lei de Acesso à Informação, até 7 de abril foram registradas 581 ocorrências de crimes praticados em ambientes escolares, o que representa cinco situações por dia SSPDF/Divulgação

O estudo identificou ainda que, em cinco anos, foram registados mais de 10 mil casos de violência dentro de faculdades e escolas da capital. Os anos de 2018 e 2019, por exemplo, apresentaram os maiores índices do período, com 3.540 e 3.198 registros, respectivamente Reprodução

Em 2020, durante o período de isolamento social devido à pandemia da Covid-19, houve uma redução no número de crimes. Já em 2022, no entanto, os casos voltaram a subir A Flourish chart

Ainda de acordo com o levantamento, mais da metade das ocorrências foram em escolas públicas, seguida de colégios e faculdades particulares. Cidades como Ceilândia, Taguatinga e Brasília tiveram a maior taxa de violência registrada Reprodução

Entre os principais tipos de crime estão: furtos, ameaças, injúria e lesão corporal. No que se refere ao gênero das vítimas, as mulheres são as mais atingidas, em 49% das ocorrências. Homens representam 39,5% dos números GeorgiaCourt/ GettyImages

Em março deste ano, a violência assustou pais e alunos de escolas públicas. Em menos de uma semana, ocorreram ao menos quatro casos de brigas violentas em instituições de ensino. Em dois deles, estudantes chegaram a ser esfaqueados Reprodução

Em abril, imagens de uma mulher sacando uma arma e apontando para uma aluna durante briga na porta da escola chocou internautas e desesperou pais, professores e a própria comunidade Reprodução

Recentemente, outra filmagem de briga em escola passou a circular nas redes sociais. No vídeo, um rapaz agride uma estudante com tapas e puxões de cabelo dentro da sala de aula. Imagens foram feitas pelas câmeras de segurança da escola Reprodução

Após os casos, o Governo do Distrito Federal criou um plano de emergência para coibir violência nas escolas. O projeto envolve as secretarias de Educação, da Segurança Pública, da Saúde, da Juventude, Esporte e Justiça e deve ser implementado até junho Hugo Barreto/Metrópoles

Entre as medidas estão distribuição de cartilha sobre convivência, apresentação de palestras educativas e atividades culturais, a começar por escolas com maiores índices de violência Constantinis/ Getty Images
Em 30 de maio, outro adolescente levou spray de pimenta no rosto e acabou algemado depois de policiais apartarem uma briga no CED 01. As imagens também foram divulgadas nas redes sociais.
Diante dos casos, os episódios levaram a troca de parte dos militares escalados para a escola, ainda no final de maio.
Duas semanas depois da troca de gestão, novos vídeos mostraram mais brigas entre estudantes. Uma delas teria sido travada dentro de sala de aula. A outra ocorreu na rua, fora do colégio militarizado.
O modelo de gestão compartilhada tem sido objeto de críticas e questionamentos do Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT). Segundo a Promotoria de Justiça de Defesa da Educação (Proeduc), mesmo com a presença de militares, o número de ocorrências nas escolas tem aumentado.