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Metroviários ameaçam abrir temporada de greves no governo Ibaneis

Decisão do TCU apertou as contas do DF e fez com que governador alertasse categorias sobre a possibilidade de não pagar reajustes prometidos

atualizado

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JP Rodrigues/Metrópoles
Assembleia professores 3
1 de 1 Assembleia professores 3 - Foto: JP Rodrigues/Metrópoles

Os servidores públicos do Distrito Federal prometem aumentar o nível de pressão sobre o Palácio do Buriti. Depois dos alertas do governador Ibaneis Rocha acerca dos problemas nas contas locais para pagar os reajustes prometidos, principalmente com a recente decisão do Tribunal de Contas da União (TCU), as categorias ameaçam inaugurar a temporada de paralisações na gestão do emedebista. A primeira pode começar já neste sábado (13/4). Os metroviários marcaram assembleia com indiciativo de greve, na Praça do Relógio, em Taguatinga.

O Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Transportes Metroviários do Distrito Federal (Sindmetrô-DF) pretende discutir o descumprimento de cláusulas do acordo coletivo, de negociações e de decisões judiciais, entre outros pontos. Segundo a diretora de Comunicação da entidade, Renata Campos, os servidores estão há cinco anos sem reposição salarial e não receberam nem o que foi garantido pela Justiça. “Vamos dar um basta ao descaso do Metrô-DF com os trabalhadores e a população.”

Recentemente, o GDF perdeu a briga no TCU pelo direito de ficar com o Imposto de Renda que incide sobre os soldos e benefícios pagos a categorias profissionais cujos salários são bancados pelo Fundo Constitucional do Distrito Federal (FCDF). Dessa forma, o DF precisará devolver R$ 10 bilhões à União e não poderá mais ficar com a verba arrecadada anualmente – cerca de R$ 700 milhões. Na data em que completou 100 dias de gestão, Ibaneis afirmou que poderá “cortar tudo” caso não consiga reverter a decisão.

Na esteira das reclamações, o Sindicato dos Servidores da Administração Direta (Sindireta-DF) também não descarta uma mobilização geral se Ibaneis não cumprir as promessas de campanha. O discurso foi inflamado após a declaração ao Metrópoles do chefe do Executivo de que, devido à sentença do TCU, priorizará grupos que ainda não foram beneficiados nos últimos anos, como o dos policiais civis.

Primeiro, o governador tem de cumprir a obrigação e efetivar a lei do reajuste. Não somos contra beneficiar uma categoria, mas terá que ter tratamento isonômico. Se ele der para um e preterir os outros, pode haver uma greve geral dentro do GDF. Nós estamos há cinco anos sem ter nenhum reajuste salarial. Vamos partir para abrir cada contracheque

Ibrahim Yusef, presidente do Sindireta-DF

Presidente de uma entidade representante de 45 mil servidores públicos, de 17 carreiras do Executivo local, Ibrahim Yusef afirmou que o Sindireta estuda uma data ainda em abril para levar os assuntos aos trabalhadores. “Estou falando de pessoas que ganham de R$ 3 mil a R$ 4 mil por mês. Como houve promessa e compromisso por parte do governador de cumprir a lei do reajuste, a equipe econômica precisa dar uma resposta à altura.”

Professores
O Sindicato dos Professores (Sinpro-DF) também está com “o sinal de alerta ligado”. “Ao anunciar tantas dificuldades e problemas orçamentários, o governador acaba antecipando que não há mais o que se fazer. E os professores não aguentam mais”, ressaltou Rosilene Corrêa, diretora da entidade.

A sindicalista condena a possibilidade de se priorizar algumas profissões. “Se é por justiça, os professores têm de estar no topo da lista, porque eles têm os salários mais defasados e estão vivendo um processo de empobrecimento que não acaba. A questão do TCU não pode ser desculpa, mesmo porque o governador foi eleito para ser gestor e administrar adversidades e dificuldades”, completou.

Ao engrossar o coro dos insatisfeitos, o presidente do Sindicato dos Técnicos em Enfermagem (Sindate-DF), Newton Batista, explicou que a entidade reivindica a inclusão da Gratificação de Atividade Técnico-Administrava (Gata) no salário. “A terceira parcela não é reajuste. Várias categorias tiveram incorporações no contracheque, mas a Saúde não. Depois disso, vamos pedir a correção salarial”, disse.

“Percebemos que o trem começou a sair dos trilhos. Esperamos quatro anos de governo [de Rodrigo] Rollemberg e nada saiu do papel. O governador Ibaneis foi eleito com a palavra de que cumpriria a promessa de reconhecer o trabalho dos servidores. Esperamos que ele não seja radical em suas decisões, porque, se isso ocorrer, inevitavelmente resultará num efeito de radicalização do lado de cá também”, finalizou Batista.

Procurado, o Governo do Distrito Federal não havia se manifestado até a última atualização desta reportagem.

Recurso
Em entrevista ao Metrópoles, na noite de quarta (10), Ibaneis disse que ingressará no Supremo Tribunal Federal (STF) contra a decisão do TCU. “Espero conseguir uma liminar que vai nos garantir esse recurso, pelo menos enquanto durar a liminar, enquanto houver o julgamento do mérito da matéria”, afirmou. No entanto, segundo o governador, caso não tenha sucesso, ele já sabe de onde vai cortar as despesas.

“Tenho, por exemplo, as pecúnias dos servidores, que a gente tem o acordo de pagar um tanto, e eu estava aumentando. Vou ter de diminuir o ritmo de pagamento. Tenho a questão dos médicos, que aumentei as horas extras para poder acabar com as filas. Paguei R$ 17 milhões deles, para poder animá-los a irem ao trabalho. Então, são coisas desse tipo que vamos ter de cortar. É o preço que se paga. Tenho que ajustar”, disse o emedebista.

Veja a entrevista completa:

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