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Os 100 dias de Ibaneis: alívio na saúde “vai demorar pelo menos 1 ano”

Ao Metrópoles, o governador fez balanço das realizações, comentou obstáculos e revelou planos para os próximos meses à frente do GDF

atualizado

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Daniel Ferreira/Metrópoles
ibaneis rocha no metrópoles
1 de 1 ibaneis rocha no metrópoles - Foto: Daniel Ferreira/Metrópoles

Em qualquer início de mandato, os 100 primeiros dias representam um marco para todos os gestores. É nesse período que a população deixa de lado a imagem do “político candidato” e passa a enxergar o “político governante”. Com Ibaneis Rocha (MDB) não é diferente.

Na chefia do Palácio do Buriti desde 1º de janeiro, o governador tenta concretizar centenas de promessas feitas ao longo da campanha enquanto esbarra em contratempos financeiros. Em entrevista no estúdio do Metrópoles na noite dessa quarta-feira (10/4), Ibaneis fez um balanço desses 100 dias.

Confira a íntegra da entrevista:

 

Um dos baques nos três meses de administração de Ibaneis é a recente decisão do Tribunal de Contas da União (TCU). A Corte entende ser direito da União ficar com o Imposto de Renda que incide sobre os soldos e benefícios pagos a categorias profissionais cujos salários são bancados pelo Fundo Constitucional do Distrito Federal (FCDF) – como as polícias Civil e Militar e o Corpo de Bombeiros. Assim, o DF terá de devolver R$ 10 bilhões à União e não poderá mais ficar com a verba arrecadada anualmente – cerca de R$ 700 milhões.

Ibaneis recorrerá ao Supremo Tribunal Federal (STF), mas já prevê que, sem um posicionamento favorável, os efeitos serão imediatos. “É para a folha de pagamento deste mês. Sem a liminar, terei de entrar em um processo de corte de tudo”, frisou.

Em contrapartida, o governador comemorou resultados na saúde, mas reconheceu que as pessoas notarão as mudanças mais efetivas só após pelo menos um ano de gestão. O emedebista conta que fará uma renovação na rede hospitalar, programando reforma, por exemplo, dos hospitais regionais do Gama e de Ceilândia, sem precisar de recursos extras. “Dinheiro na Secretaria de Saúde não falta: tem R$ 8,5 bilhões. A população já sente as melhorias e vai sentir muito mais com o tempo.”

Na educação, Ibaneis se mostra contente com o projeto de gestão compartilhada com a Polícia Militar. Pondera, entretanto, que quer diversidade na administração e projeta metas ambiciosas para a área: “Chegou a hora de criar um novo modelo educacional para o Distrito Federal e com muita esperança de ser a melhor educação do Brasil e que a gente consiga exportá-la para todo o país”.

Leia a entrevista completa com o governador:

Metrópoles – O senhor completou 100 dias à frente do Governo do Distrito Federal. Como é o DF deste 10 de abril de 2019? O que ele tem de diferente de quando o senhor assumiu?

Ibaneis – Posso afirmar que o DF, neste curto espaço de tempo, está bem melhor do que aquele que recebi. Falo isso porque foi um trabalho muito árduo ao longo desses 100 dias. Posso dizer até um pouco mais: ao longo de todo esse período pós-eleitoral, desde o primeiro dia comecei a trabalhar para conhecer [essa realidade]. Ganhei três meses de administração a partir da nossa eleição porque empreendi um trabalho muito forte na fase de transição, já na busca por recursos, emendas, realização de projetos… E conhecendo um pouco do governo.

Não assumi a máquina para conhecê-la depois, mas é certo de que entrei conhecendo pouco. No entanto, tenho inúmeros ganhos e a certeza de que a sociedade do Distrito Federal já sente esse clima de mudança, e vai sentir muito mais a partir desses 100 dias. [Fizemos] Tudo aquilo que precisava ser realizado, principalmente na área das licitações, dos projetos que precisavam ser ajustados, especialmente nos projetos executivos e na alocação de recursos para que começassem as obras.

Quero transformar o Distrito Federal, daqui para a frente, em um canteiro de obras, verdadeiramente, para que a transformação venha. Há muito tempo que não se investe no DF na área de infraestrutura. E posso afirmar que tenho esse sentimento da mudança, e falo isso não só de dentro do gabinete. Vou para as ruas frequentemente, e [vejo] a alegria da população em todos os locais que passo, devido aos exemplos do atendimento que está sendo feito, à aproximação da administração com a população. Isso já se vê em todos os momentos. A máquina que recebi veio muito viciada, muito pesada.

Esses anos foram sem governo no Distrito Federal – e posso falar exatamente dessa maneira. Hoje [quarta], no Palácio do Buriti, passei em frente àqueles vários retratos dos ex-governadores. Com todo respeito a cada um deles que passaram pelo cargo, mas, após a saída drástica de Arruda, de lá para cá tivemos um período de muita dificuldade administrativa. Houve um entranhamento da figura do petismo e do socialismo, o que fez com que a máquina passasse a consumir. Para que essa nossa vontade de realização chegue lá na base, onde há um atendimento à comunidade, tem ocorrido um esforço muito grande, tanto meu quanto dos secretários.

Foi marca do governo antecessor, de Rodrigo Rollemberg (PSB), a questão do arrocho, da herança maldita. O GDF enfrenta agora um problema que também é de falta de dinheiro. O senhor hoje chegou a dizer que, se preciso, vai sair cortando onde for necessário. O senhor não tem receio de terminar a gestão e ficar também com essa bandeira do “olha, está tudo muito apertado, não dá para aumentar salários e fazer investimentos porque estamos sem dinheiro”?

Não, não tenho esse medo. Trabalho de forma diferente, com dois orçamentos: o público, que existe e tenho de respeitar porque é o orçamento do Distrito Federal. Ele tem, sim, suas limitações, que não são pequenas e agora se agravam ainda mais com essa decisão do TCU. Mas trabalho também com outro orçamento, que é o da União, por meio das emendas parlamentares, dos projetos que existem no âmbito nacional, que nos permitirão fazer muitas obras no DF.

Vou citar alguns exemplos: temos vários viadutos que estão prontos para serem lançados, como no Itapoã, Recanto das Emas, Riacho Fundo I… São obras que vão ocorrer e que já têm recursos alocados. Agora, com a liberação de emendas impositivas, vamos começar essas obras, cujas licitações estão prontas. Só não foram lançadas porque os recursos ainda não estão liberados.

Então, é um outro orçamento. Nós temos a questão, por exemplo, do Hospital do Câncer. São R$ 120 milhões já aprovados na Caixa Econômica Federal. É uma obra que vai ser realizada e não depende do nosso orçamento. Então, são inúmeras as obras que vão acontecer. Estive conversando com o senador Izalci Lucas (PSDB-DF) no fim de semana – juntamente com nossa equipe econômica, com o André Clemente [secretário de Fazenda, Planejamento, Orçamento e Gestão] –, e ele nos colocou que existem R$ 300 milhões de emendas que estão aí para serem utilizados pelo DF e não foram usados nos últimos anos.

O que está faltando?

Faltavam projetos, vontade de executar e equipes capazes de executar. Agora, estamos com toda nossa equipe trabalhando de forma unida. Sobre as emendas que foram colocadas no ano passado – que já ajustamos no orçamento –, o governo federal vai restringir um bom valor delas e fará um contingenciamento. Mas o restante passará a liberar a partir do próximo mês. Então, vamos ter sim muitas obras no âmbito do Distrito Federal.

Ainda tem a outra parte, que não são os orçamentos: as PPPs [parcerias público-privadas], que venho empreendendo de forma muito forte. Desde o meu primeiro dia de governo, coloquei para andar várias delas, como é o caso do VLT [veículo leve sobre trilhos]. Abrimos o edital e tivemos nove empresas habilitadas para os estudos. Amanhã [quarta], tenho outra reunião com o Comitê das PPPs, na qual vamos analisar novas parcerias. A Saída Norte tem uma obra de infraestrutura importantíssima para o DF que está em fase adiantada, a da Ponte do Paranoá também.

O senhor pode explicar o que são essas obras da Saída Norte?

A Saída Norte é um projeto que já existe há muitos anos. São obras que estavam paradas – e não sei nem o motivo pelo qual estavam paradas, pois são de grande importância. É um empreendimento que sai perto da UnB, onde fica o Clube do Servidor; uma ponte que atravessa para o Lago Norte – vamos desviar o trânsito de quem mora nessa região. Essa estrutura passa por baixo do Lago Norte e sai lá na frente, no Varjão. Aí, cria-se um bairro, que é o novo Taquari.

Quem vai financiar essa obra? É exatamente esse novo bairro que está sendo criado. As empresas constroem, têm que dar manutenção e suporte nessa via durante 30 anos e, na venda dos lotes para a construção do novo bairro, receberão todas as despesas que tiveram.

Essa obra estava orçada originalmente em R$ 3 bilhões, porque se previa uma ponte estaiada, e somente essa estrutura custaria em torno de R$ 1,2 bilhão. Pedi para reduzir, por isso o atraso. Me perguntaram se eu não queria construir uma ponte estaiada, e eu disse que não: quero construir uma ponte. O restante desses recursos vai voltar para os cofres da Terracap. As empresas vão pagar o investimento, e esses R$ 800 milhões restantes quero investir em outras áreas. Essa é uma obra importante e vai sair lá na entrada de Sobradinho, então alivia todo o trânsito.

Em quanto tempo um empreendimento desse estará pronto?

É um empreendimento de longo prazo. A primeira parte é a ponte do Lago Norte. Essa é a mais importante e já alivia o trânsito ali. A segunda etapa deve durar de cinco a seis anos. O que importa para nós é começar os projetos.

Aquilo que se consegue entregar dentro do governo é maravilhoso, fica na conta do governante, mas o que se inicia e se entrega para a sociedade fica como realização para a cidade. Acho que isso é mais importante

O senhor estava prestes a fazer a PPP do Estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha, que inclui o Ginásio Nilson Nelson e o Complexo Aquático Cláudio Coutinho. O Metrópoles revelou um parecer da Terracap citando uma série de inconsistências no plano apresentado pela única empresa que se manifestou para assumir aquela concessão.

Houve uma grande preocupação da Terracap, por meio do presidente da agência, Gilberto Occhi, e da empresa que estava qualificada, em descobrir quem fez o vazamento em relação ao documento que o Metrópoles publicou. E havia pouca preocupação em se corrigir os itens que foram apontados.

O senhor, então, estipulou um tempo para que isso fosse corrigido e disse que serão feitas quantas diligências e investigações forem necessárias para corrigir o que for preciso. Em que pé estão essas medidas?

Primeiro, é preciso separar as duas coisas. Uma é o vazamento. O que me chateou não foi o fato de ter vazado, pois seria um documento público a partir do momento em que fosse colocado dentro do processo. O problema do vazamento é que eu noto dentro da Terracap, como noto dentro de outras empresas, que elas passaram a consumir tudo o que produzem a favor de seus empregados. Então, o problema está aí. É um trabalho deles [servidores] contra a própria empresa, porque não querem que o patrimônio, que entendem ser deles, seja da cidade.

É um fogo amigo…

Descumprindo o estatuto da Terracap. Se você olhar os artigos do estatuto da Terracap, vai ver que ela só tem uma função: criar a infraestrutura do Distrito Federal. Então, esse é o problema do vazamento, que para mim está superado. É só essa questão dos servidores entenderem que a empresa que eles trabalham foi criada com data de finar, ela tem de terminar. Porque no dia em que a infraestrutura do DF estiver pronta, a Terracap não tem sentido de existir. Isso é bom que se diga. Não estou dizendo aqui que vou acabar com a Terracap, mas ela foi criada com essa finalidade. Quem leu o estatuto vai ver essa possibilidade.

Passada essa fase, o que achei importante naquilo ali? Recebi aquela licitação pronta. Quero deixar isso bem claro para todos. Recebi com grande ânimo, porque acho que é a única maneira que temos hoje de evitar que aquele monumento, ou aquele elefante, como dizem, não tenha finalidade nenhuma. Hoje, ele custa caro para o Distrito Federal. Não temos a condição que o privado tem de explorar, e não temos condições de fazer as demais obras complementares daquele que é o maior complexo turístico que temos no DF, talvez no Centro-Oeste.

O que o parecer nos dá é a oportunidade de corrigir os erros que ficaram. Isso está sendo feito juntamente à empresa. Ela deve apresentar até esta quinta-feira (11) os esclarecimentos que foram solicitados e, a partir de uma análise técnica, vamos seguir com a licitação e concluir essa parte para que a gente possa realmente empreender naquela região. Por exemplo, estamos aqui com aquele show do Cirque du Soleil, sem querer fazer propaganda, para ver o tanto que temos potencial turístico. Veja o tanto de pessoas que estão chegando naquele local e explorando. Imagina quantos shows internacionais e nacionais não podemos trazer de turismo para o DF?

 

Governador, por que então apenas uma empresa apareceu como interessada, ou credenciada ou qualificada, se parece ser algo tão vantajoso assim?

Acho que faltou um pouco, e é o que eu coloco de defeito, entendeu? Vou falar de forma bem clara. Os governos que passaram aqui adquiriram muita pouca credibilidade no cenário internacional. Dou o exemplo da Fórmula Indy, que o governador que estava aí cancelou, e era um evento internacional. Não havia credibilidade no mercado internacional de que isso [a concessão] daria acerto. Esse foi o grande problema da licitação por não ter outros concorrentes.

E aí que eu dizia na eleição, e digo sempre: o que faz um governo não é a quantidade de recursos, é a credibilidade que ele tem perante o empresariado e a sociedade. Acho que foi esse o motivo. Assim, a minha avaliação pessoal, não tenho como dar. Vejo hoje um ambiente de muito interesse no Distrito Federal pelos empresários, sejam os daqui ou de outros locais. Porque sentem, na minha pessoa e no nosso governo, segurança jurídica, que é o que eles buscam.

Existem vários locais no mundo para se investir. Quando eles sentem que o ambiente é de segurança jurídica, eles aportam naquele local. Veja só a diferença da licitação que foi feita naquela época e agora a dos estudos do VLT. Nos estudos do VLT, que talvez seja uma obra muito menos viável do ponto de vista financeiro, apareceram nove empresas para estudar. Isso mostra o ambiente de negócios que estamos vivendo no DF.

O senhor está falando que o que faz um governo não é necessariamente a quantidade de recursos, mas ficou bastante preocupado com a decisão recente do TCU que nos tirou aqui, numa lapada só, R$ 10 bilhões, e ainda frustrando a receita anual em R$ 700 milhões. Como o senhor planeja retomar esse dinheiro? E se, por acaso, não tiver sucesso, qual vai ser o impacto disso aqui para o nosso Distrito Federal?

A primeira coisa que quero dizer é o seguinte: sobre a decisão do Tribunal de Contas, fui lá pessoalmente como governador do DF e com conhecimento jurídico que Deus me concedeu. Fui lá fazer a defesa do Distrito Federal porque acredito na tese que vinha sendo discutida pela Procuradoria [Geral do DF]. Explico o que é a tese. O servidor da segurança no DF é, por determinação constitucional, financiado pelo governo federal, pela União. A maneira desses recursos chegarem foi por meio de um fundo criado pela legislação, em 2003. Antes, era feita mediante repasses diretos.

Quando eram repasses diretos, os recursos eram da cidade. Sempre foi assim. O fundo foi o meio pelo qual se garantiu a manutenção desses recursos. O que acontece? Esse servidor da Segurança é um servidor do DF. Quem faz o concurso, quem contrata e rege todas as normas sou eu. É a minha polícia. Então, o fato de a União repassar os recursos não quer dizer que eles sejam dela. Então, ela está se apropriando do Imposto de Renda, que é um recurso do Distrito Federal. E porque é um recurso do DF? Porque esse servidor mora aqui.

Por que os estados e municípios recolhem o Imposto de Renda e ficam com eles? Porque são eles que dão a condição para que esses servidores tenham outras assistências. Por exemplo, o precatório do servidor da Segurança não é pago pelo Fundo Constitucional. Ele é pago pelo DF, com seu orçamento. Então, essa é a razão jurídica pela qual defendo.

Em segundo lugar, o Tribunal de Contas nunca teve nem terá competência para decidir um conflito entre a União e o Distrito Federal. A Constituição assegura que, havendo uma divergência, entre os estados ou o DF e a União, a competência é exclusiva do Supremo Tribunal Federal. Então, o TCU usurpou a competência do Supremo para dirimir essa matéria. Então, vou levar esse tema ao STF.

Espero conseguir uma liminar que vai nos garantir esse recurso, pelo menos enquanto durar a liminar, enquanto houver o julgamento do mérito da matéria. Por outro lado, eu faço questão de esclarecer isso. O TCU, não sei o motivo, não sei se por conta dos governantes anteriores, da irresponsabilidade de alguns concedendo muitas benesses – e foi isso que ouvi de muitos ministros durante o julgamento –, demonstra um preconceito muito grande.

Os ministros do Tribunal de Contas da União, em sua grande maioria, não estou falando de todos, esquecem que a 40 km do DF existe a mesma pobreza que existe no Piauí, em Alagoas ou em outros locais. Então, nós temos aqui um problema muito sério. E existe um outro preconceito que eles têm que assumir. Eles têm que pagar o aluguel por morar aqui. E o aluguel deles é o Fundo Constitucional

Hoje, por exemplo, aqui em Brasília, tenho 4 mil prefeitos com mais toda as suas assessorias, tenho todas as embaixadas. São mais de 180 organismos internacionais. Tenho os principais tribunais do país aqui, com todos os seus ministros, todos os servidores e seus familiares. Tenho no DF o presidente da República, os ministros e suas famílias para cuidar. Isso tem um custo. Ou alguém está pensando que o custo para cuidar de todas essas autoridades aqui é barato? É muito mais caro do que se imagina. Esse foi o custo estabelecido para colocar a capital da República aqui. E é isso que tem de ficar bem claro.

Alguém tem de pagar essa conta. Caso contrário, transfere para qualquer outro lugar e deixa que aqui nós vamos resolver as nossas vidas. A cidade é linda, tem potenciais enormes. Se eu tiver redução desse custo que tenho com toda essa segurança e com a saúde… Porque os senadores e deputados têm plano de saúde. E os funcionários que trabalham nas casas deles? Quem é que cuida da saúde deles? Quem é que cuida da saúde de seus filhos? Quem é que cuida da segurança de todos eles? Esse é o preço. Todo mundo tem de pagar.

Democracia é um negócio maravilhoso. Cada um paga seu preço. Acho que o preço de instalar a capital da República é esse do Fundo Constitucional. Está barato. Se for cobrar em aluguel o que nós gastamos aqui e o que fazem do Distrito Federal, a conta está barata.

Sobre o deslinde para essa situação, qual é a expectativa?

É o Supremo.

Sim, mas e de tempo?

Se perder no Supremo, e estou só aguardando a publicação do acórdão [do TCU] para entrar com a ação, aí vou para o segundo ponto. Sou um administrador responsável. Até digo que, do ponto de vista pessoal, sou irresponsável. Gasto muito, mas estou gastando do meu, então gasto do jeito que eu quero.

Essa era uma pergunta, inclusive…

Agora, o que é do público, aí eu tenho muita responsabilidade. Administrei a Ordem [dos Advogados do Brasil, Seccional do DF], que é pequena assim, mas a administrei com muita responsabilidade. Recebi com as contas todas fora de controle, entreguei elas todas saneadas. Então, se eu não tiver a fonte de recurso, vou cortar nas despesas. Aí, simplesmente eu já sei quais são as despesas que vou cortar. Não pensem vocês que já não estou analisando a hipótese pior.

E qual é a hipótese pior?

Vou dar alguns exemplos. Peguei muitas contas que foram realizadas pelos governos anteriores: R$ 254 milhões de dívidas com hospitais particulares; mais R$ 182 milhões de dívidas com outras entidades e empresas. Coisas do passado que precisam ser regularizadas para que as empresas continuem trabalhando, pois a grande maioria delas está sufocada. Vou reduzir esse ritmo de pagamento.

Tenho, por exemplo, as pecúnias dos servidores, que a gente tem o acordo de pagar um tanto, e eu estava aumentando o pagamento para poder avaliar. Já que não posso dar reajuste, estou aliviando a vida deles por essa via. Vou ter que diminuir o ritmo de pagamento. Tenho a questão dos médicos, que eu aumentei as horas extras para poder acabar com as filas. Paguei as horas extras que o governador anterior deixou. Ele mandou os médicos fazerem setembro, outubro, novembro e dezembro de hora extra, mas não pagou nenhum. Paguei R$ 17 milhões deles, para poder animá-los a irem ao trabalho. Isso deu resultado. Nós fizemos 16 mil cirurgias enquanto o governo passado fez 6 mil no mesmo período. Então, são coisas desse tipo que vamos ter de cortar. E vou ter de cortar na máquina. Quem vai sofrer?

A população. Especialmente nessa situação da saúde.

É o preço que se paga. Tenho que ajustar. Vou tentar fazer de modo que a população, no que é atividade-fim, saúde, segurança e educação, tenha o menor impacto possível. Mas nas outras áreas, por exemplo, como na nomeação de concursados, vou ter que cortar. Não tem jeito. A conta é a da responsabilidade que vai atingir toda a sociedade. Então, vou no custeio e vou também nessa questão de pessoal. Vou ter de fazer todos os cortes. Fazer um trabalho que vai atrapalhar a cidade até que eu ajuste o orçamento, mas tenho responsabilidade para fazer isso.

E a gente está falando de um desfecho que vai levar quanto tempo? Qual a tramitação, pela experiência jurídica que o senhor tem, desse processo no TCU até chegar ao Supremo? Quanto tempo a gente vai ficar em suspense?

Até chegar ao Supremo demora pouco. O acórdão está para ser publicado. Então, nesse ponto, nós vamos tratar de forma imediata. A partir daí, com a distribuição para um dos ministros do STF, vamos fazer entregas de memorais e despachar a liminar. Se concedida a liminar, vou trabalhar da forma mais rápida que der para fazer que esse processo vá ao plenário do Supremo Tribunal Federal e seja julgado.

Precisamos de segurança jurídica. E esse é um ponto da minha crítica ao Tribunal de Contas da União. Deram uma liminar lá atrás, confirmada no plenário do TCU, dizendo que era para os recursos continuarem no DF. Sabiam que os recursos seriam consumidos, porque estavam entrando no orçamento local. Aí, no momento da cassação da liminar, eles mandam cortar já para o mês seguinte, determinando retornar aos cofres da União.

Estou tratando de um orçamento aprovado no ano passado, do qual não tive acesso, então se corta R$ 700 milhões do orçamento deste ano. É jogar na bancarrota [falência]. Um tribunal que deveria trabalhar pela responsabilidade fiscal… O impacto é imediato. Se não conseguirmos a liminar no Supremo, é imediato. É para a folha de pagamento deste mês. Sem a liminar, eu terei de entrar em um processo de corte de tudo

Uma das bandeiras do senhor que arrastou uma corporação importante para a campanha foi a promessa da paridade dos salários da Polícia Civil do DF (PCDF) com os da Polícia Federal (PF), a qual impacta em reajuste de 37%. Como ficará a situação?

A situação é diferente. A decisão do TCU não impacta o Fundo Constitucional. O FCDF continua sendo integral, o cálculo está lá, então vamos continuar recebendo os recursos do fundo. O que acontece entre diferenciação da PM, PCDF e outras classes no DF? Por falta de entendimentos entre os governos que passaram por aqui, eles ficaram muito tempo sem reajuste.

PCDF e PMDF não tiveram nada. A Polícia Militar só teve auxílio-moradia. Não tiveram nada ao longo de muitos anos. Isso é uma injustiça cometida ao longo dos anos porque os governantes não tinham uma interlocução com o governo federal, por se tratar de uma legislação federal.

O impacto previsto e que dá para ser absolvido pelo FCDF continua da mesma maneira. A diferença é que esse valor do Imposto de Renda não está dentro do fundo, está no orçamento do DF. Então não muda nada em relação às corporações e aos pedidos de reajustes. Vou manter, vou negociar com o governo federal, vou mostrar a importância do reajuste para a cidade e para a segurança de todas as autoridades.

O senhor, então, está nas mãos do governo federal…

Todos os governantes anteriores sempre estiveram. Estou tendo coragem de levar o debate em alto nível. Tenho colocado interlocutores da Segurança e da Fazenda junto ao governo federal para demonstrar essa necessidade. Estou ao lado das corporações. Inclusive, tenho pedido a eles, e tenho sido atendido, para a gente fazer uma negociação pacífica, que a gente leve isso junto com as reformas que são necessárias no âmbito do governo federal, para não criar um clima de conflagração com essas autoridades.

Estou fazendo como sempre aprendi como advogado: vou levar na negociação, porque acho que é essa a maneira. Tenho certeza que o presidente Jair Bolsonaro e a equipe econômica, através do ministro Paulo Guedes, sabendo do apoio que estamos apreendendo, vai nos dar essa condição.

O senhor tem uma carta na manga porque o governo federal precisa dos governos estaduais na reforma da Previdência. O senhor tem uma interlocução no Congresso e influência no Fórum dos Governadores. A questão da paridade será moeda de troca nessa conversa sobre Previdência.

Não, não. Tenho tido uma conversa muito franca com a equipe do presidente Bolsonaro, com o ministro Paulo Guedes, com o Rogério Marinho [da Previdência], e o que tenho colocado de forma muito clara, tanto eu quanto o Fórum de Governadores, é que temos de pensar nessa reforma como a reforma da salvação do Brasil. Não só a questão do impacto financeiro – acho até que o impacto financeiro, por ser de longo prazo, é o que menos importa neste momento. Temos que dar uma mensagem ao mercado financeiro nacional e internacional, onde estão os recursos hoje, que o Brasil vai ter condições de pagar suas dívidas. Sem isso, o Brasil não volta a crescer.

Então, o apoio ao presidente Bolsonaro, ao ministro Paulo Guedes e à reforma da Previdência é incondicional. Não tem nada a ver uma negociação com a outra. Até porque essa reforma pode gerar as condições financeiras que possam alcançar o próprio FCDF, porque o fundo é calculado de acordo com a receita corrente líquida da União. Se houver crescimento da arrecadação, cresce tudo. Temos que apostar todos juntos, não podemos criar problema neste momento.

Com todos os governadores e prefeitos com quem estive, a frase é apoio total à reforma da Previdência. Estamos organizados, algumas coisas precisam ser ajustadas na reforma, mas já existe o próprio entendimento do Paulo Guedes com os comandos do Senado e da Câmara. Não será o valor previsto de R$ 1 trilhão. Vai diminuir um pouco, porque não se faz reforma matando as pessoas mais necessitadas, transformando isso numa moeda de troca.

 

O senhor tem uma boa interlocução com as bancadas no Congresso. Está todo mundo pensando como o senhor?

Tenho conversado com o Baleia [Rossi], líder do MDB, com líderes do PP [atual Progressistas], e vários líderes de partidos de centro também, grupo do qual eu faço parte. Existe um sentimento de que é necessário aprovar, e quanto mais rápido, melhor. Por que melhor? Vamos sentir os efeitos econômicos da aprovação da reforma de maneira mais rápida. Isso é um sentimento de todos os prefeitos e governadores. Se continuarmos esticando isso, os prefeitos já vão encarar o período eleitoral e o desgaste será muito maior. Existe o sentimento da necessidade de uma mudança rápida nessa questão da Previdência, mesmo que não seja a reforma esperada pelo ministro Paulo Guedes.

É de praxe que, nos 100 dias, a gente faça um balanço com todas as medidas anunciadas na época da campanha. Fizemos seleção de 166 pontos que o senhor definiu à época, das quais destacamos 60 principais. Do total, 43 ainda não foram cumpridos. Do ponto de vista do que as pessoas se ressentem de resultados, a gente frisa a saúde. 

Fazemos constantemente inspeções nos hospitais para saber como está a condição. Ainda mudou muito pouco. O que o senhor acha desse novo sistema de gestão, como o modelo de administração do Hospital de Base? Vai dar certo? É uma questão de tempo para que as pessoas sintam melhoria substantiva?

Os números da saúde de hoje são três vezes melhores do que eram no passado. Encontramos um sistema de caos total na saúde. Recebi um sistema totalmente colapsado. Consegui aprovação da ampliação do Instituto de Gestão Estratégica? Consegui. Mas tive que reformar todas as UPAs [unidades de pronto atendimento], selecionar todo o pessoal e comprar medicamentos.

As pessoas só vão sentir, na verdade, a melhoria no atendimento a partir da entrega dos hospitais. Então, estou reabrindo, com a nova gestão, o Hospital de Santa Maria. O pessoal está selecionado, as reformas foram feitas e os medicamentos foram comprados. Nas UPAs, também estamos terminando as reformas. O efeito daquela medida legislativa só vai começar a surgir a partir de agora.

A gente está falando de quanto tempo para as pessoas sentirem alívio?

Para sentir de verdade um alívio, para dizer “eu tenho saúde e posso sair de casa”, vai demorar pelo menos um ano. Vai melhorando ao longo do período, agora com a reabertura das UPAs, com a instalação, em plenitude, do Hospital de Santa Maria, com a abertura do sétimo andar do Hospital de Base. Reabrindo Santa Maria, vamos reformar o Hospital do Gama, melhorando a qualidade do atendimento.

O Hospital da Ceilândia tem abertura de emergência, que é deste tamanho [faz gesto de pequenez com a mão], e estamos preparando uma obra. Na sexta-feira, vamos inaugurar a UBS de Planaltina. Vamos fazer a renovação da rede hospitalar do DF sem precisar arrumar mais recursos. Dinheiro na Secretaria de Saúde não falta: tem R$ 8,5 bilhões. A população já sente as melhorias e vai sentir muito mais com o tempo.

 

A militarização das escolas não estava prevista no plano de governo, mas se tornou uma grande bandeira desse início de gestão. O que o senhor enxerga nesse projeto?

Nunca fui muito dessa área educacional, então tenho que ouvir as pessoas que estão próximas de mim. Eu acertei no secretário de Educação. O Rafael Parente é extremamente preparado, disposto e vai empreender um novo modelo de gestão. Na discussão sobre educação, foi me trazido pelo coronel Júlio César, que esteve comigo na Casa Militar até poucos dias atrás, esse projeto que era um que ele já vinha trabalhando. Inclusive, fiz questão de manter ele nesse grupo de trabalho das escolas da militarização… Que não é militarização, é o compartilhamento das escolas: a parte disciplinar vai para quem entende melhor de disciplina e a pedagógica continua com quem tem isso.

Foi um projeto que me apareceu e encantou meus olhos. Principalmente pelo que ouvi durante a campanha, de pais que tinham sustos de levar seus filhos para as escolas; e os professores, de os receber por conta da ausência de segurança naquelas áreas. É um projeto que me parece que vai dar certo. Ele tem que ser ampliado até um determinado limite, porque o direito de escolha dos pais e professores tem que ser preservado.

Não existe consenso…

Eu espero que realmente não exista consenso. Quero que exista diversidade de modelos. Agora, preciso ter experiências exitosas para poder colocar o modelo correto. Acho que o Brasil não achou o modelo correto de educação. É o maior orçamento que tem depois da saúde e não temos educação de qualidade no Brasil. Chegou a hora de novas experiências.

O secretário trouxe um projeto inovador, que chama Educar DF, que vem com vários eixos de inclusão de alunos, professores, família. Gostei muito da apresentação do projeto. Ele já está levando para 185 escolas e está sendo muito bem aceito. Chegou a hora de criar um novo modelo educacional para o Distrito Federal e com muita esperança de ser a melhor educação do Brasil. Que a gente consiga exportá-la para todo o país.

O Tesouro do DF vai dar força para a área de educação? O Metrópoles noticiou uma briga entre o secretário André Clemente, da Fazenda, com Rafael Parente, da Educação. O tema da rusga era justamente esse: a falta de dinheiro. Se não tivessem discutido por WhatsApp, iriam para as vias de fato…

Acho que só foram às vias de fato pelo WhatsApp porque era WhatsApp. O WhatsApp proporciona esses momentos de excitação que ultrapassam a normalidade. Mas acho que essas brigas são naturais, desde que mantido o nível de respeito, até porque são duas pessoas de extrema responsabilidade. Um na área pedagógica e outro na de finanças. Acho que chegaram a um consenso, sabem que vão buscar recursos juntos e têm obrigação de levar, todos eles, à melhor saúde fiscal e melhor educação.

A facilidade que tenho tratado com meus secretários, esse clima de união é o que tem feito êxito nesse governo ao longo desses 100 dias, e vai fazer para os próximos.

Governador, em relação ao DFTrans, o senhor acha que o fim dos problemas na bilhetagem passa necessariamente pela extinção desse órgão?

Tenho certeza que sim. Estou há 100 dias no governo e nenhum dos servidores do DFTrans conseguiu apresentar modelo para fazer isso funcionar. Tem sido motivo de muita tristeza para mim levantar todos os dias de manhã e encontrar um problema diferente com o DFTrans. Os postos de atendimento já possuem todas as condições para criar vários modelos digitais, de interligação com instituições financeiras que facilitem a vida da população.

Como não tem projetos para eles mesmos, ao longo dos 100 dias, criei o meu: vamos passar por um processo de transferência dos contratos para o BRB, que vai gerir a bilhetagem do Distrito Federal. Vou mandar um projeto de lei para a Câmara, colocando o DFTrans em extinção. A Secretaria de Transporte, que já tem Subsecretaria de Fiscalização, assume essa parte. A gente coloca a empresa em extinção e redistribui os servidores pelos órgãos do DF. Ninguém vai ficar sem emprego e vai acabar com o antro de corrupção, que, infelizmente, tem contaminado o DFTrans ao longo dos anos.

A corrupção não é feita necessariamente pelas instituições, mas pelas pessoas que estão nelas…

É feita pelos modelos que não atuam com transparência. E isso, consequentemente, leva as empresas a terem ingerência maior. Quando o modelo está muito contaminado, não tem jeito. É igual um problema de diabetes no pé: tem que amputar, não tem outra saída. Em vez de levar todo mundo para o caos que está sendo o transporte público do DF, a gente amputa. Dá nova vida e ganha mais tempo, sobrevida.

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Vamos falar um pouquinho, agora, do Centrad. O senhor anunciou que tomaria medidas sobre isso na sexta-feira (12). Num primeiro momento, imaginou-se que fosse a mudança de parte da estrutura do GDF.

O fato da comunicação na rua, como os repórteres pegam a gente, você não consegue explanar direito, como nós fazemos aqui. Estou, desde a vitória [nas urnas] negociando isso, negociando com a Caixa Econômica Federal, que é quem tem mais a receber, negociando com o banco Santander também. E a Caixa tem nos ajudado muito nisso. Não tenho contato com as empresas, porque entendo que as empresas cometeram todos os erros que levaram ao caos que está no Centrad. Isso é o meu ponto de vista, não estou condenando ninguém aqui.

Mas não são justamente elas que serão as mais beneficiadas nesse processo?

Elas vão ser as mais beneficiadas, sabe por quê? Porque vão sair desse imbróglio que criaram. Então, qual é o acordo que foi firmado? Como não existe um preço calculado, ninguém consegue chegar ao valor do Centrad. O acordo que fizemos foi o seguinte: a Caixa Econômica, que é um órgão público, um banco público, fiscalizado pelo TCU, juntamente com a Unops [Escritório das Nações Unidas de Serviços para Projetos], vão fixar o preço.

Unops foi uma consultoria?

Isso, uma consultoria. Então, como já está contratada, as duas juntas vão chegar ao preço do Centrad. Qual foi o acordo que nós fechamos agora? Que estão terminando de analisar as cláusulas. Nós vamos assumir, vamos quebrar o contrato, a PPP, as empresas transferem para o Distrito Federal toda a tecnologia, tudo que foi feito lá e nós assumimos o prédio.

A partir do documento assinado, vamos pegar a chave do prédio. E o que eu vou fazer? Concluir as obras, porque eu preciso tirar o Habite-se. Está faltando 8% das obras, mas eu só posso fazer isso quando estiver com o documento e o prédio já for meu. Vou ter que concluir as obras viárias, que foram exigidas e estão acordadas. Ao longo da conclusão dessas obras, vou fazer todas as licitações necessárias. Tenho que comprar cadeira, mesa, computador, tudo o que for necessário para colocar o prédio para funcionar.

A gente está falando de uma série de…

…De medidas que vão ser tomadas, mas a primeira delas é a assinatura do documento.

Qual é a vantagem para o interesse público, porque o senhor vai gastar dinheiro…

Esse é o ganha-ganha. Eu fiz a medida da Difal [Diferença de Alíquota Interna e a Interestadual]. Eu vou perder R$ 80 milhões agora, mas vou ganhar quanto? Tem muitas empresas que vão voltar a consumir. Veja só o que acontece: eu tenho lá um terreno enorme do DF e tenho um prédio enorme que foi construído.

Mas até hoje o GDF não colocou R$ 1 real naquilo ali.

Sim, mas colocou um terreno que vale quantos milhões? Só o terreno vale mais de R$ 300 milhões. Tem que dar uma solução para esse imbróglio, sem contar que existe uma obra monumental que foi preparada para ser o Centro Administrativo do Distrito Federal. Aí eu vou dizer onde vem a parte que ganha: vou investir na licitação, comprar material, comprar móvel, contratar pessoal, botar segurança, limpeza, colocar isso tudo. Vou gastar aí, digamos, em torno de R$ 2 milhões por mês para a manutenção desse prédio.

Sem contar com o serviço de limpeza e de vigilância?

Sim, o cálculo é mais ou menos esse. Eu, hoje, tenho todos os prédios do Distrito Federal que estão abandonados. Por esses dias, tivemos um prédio da Secretaria de Educação sendo interditado. Eu tenho o Anexo do Buriti que já não tem mais condições, qualquer hora dessas eu vou tê-lo interditado. Tenho, hoje, pelo menos uns quatro ofícios do Ministério Público pedindo para o Corpo de Bombeiros interditar vários prédios do Distrito Federal. Já não tem mais condições de habitação, realmente. Vou transferir esses servidores para lá [Centrad] e darei condições de trabalho.

Veja só: qual o custo de energia que eu tenho no Anexo do Buriti? Com uma fiação que foi construída 40 anos atrás… Pela avaliação do pessoal da CEB, está acima [no consumo] em torno de 53% do que deveria ser. A economia vai vir com a transferência. Eu pago R$ 8 milhões de aluguel por mês. Alguns eu não vou conseguir encerrar, mas tenho condições de diminuir esse aluguel para menos de R$ 2 milhões ao mês. Então, é um gasto que está sendo feito agora para ter um retorno.

Tem o outro lado, que ninguém imagina, ou que não está na conta, que é o lado social. Temos 1 milhão de habitantes entre Taguatinga, Samambaia, mais a região toda: Ceilândia, Riacho Fundo, tudo que está próximo. Aquilo ali vai mudar a economia da região, vai criar um polo de desenvolvimento.

Todos os terrenos que tem em volta do Centrad são da Terracap. Sabe qual a valorização imobiliária disso? Então, muita gente faz a conta só do prédio, eu faço a conta do todo. É a conta do desenvolvimento. E outra coisa: vai fazer o que com aquele prédio?

Não é um problema das empresas?

Não, não é um problema das empresas, é um problema do Distrito Federal. A empresa quer receber pelo que ela fez, ela tem um contrato assinado. Quem tem o menor problema hoje é a empresa. Sabe quem tem o maior problema hoje? A Caixa Econômica e o Santander, que já estão com isso em prejuízo. E o Distrito Federal, que está dando prejuízo para a comunidade. Esse é o prejuízo maior, é o prejuízo social que foi causado por conta de uma política equivocada. Primeiro, a de quem construiu. Ali já teve um erro, lá no início, mas foi feito, e eu não participei disso. Segundo, é de quem não assumiu, que preferiu entrar na briga e deixar a briga do jeito que está.

Tem 60 ações que tramitam na Justiça…

E que vão demorar quanto tempo? O prédio vai se diluir, o patrimônio vai se diluir até acabar essa briga. O melhor caminho, hoje, eu estou convicto disso, é o acordo. Por esses dias saiu a representação do Tribunal de Contas, do procurador Demóstenes. Eu só não sei onde ele estava morando quando o prédio começou, porque está lá. Ele deveria ter impugnado lá no início. Agora, eu gostei da representação. Fiquei muito feliz com a representação que ele fez, porque vou pegar esse modelo que acabei de explicar aqui e vou submeter ao Tribunal de Contas, porque prefiro a participação do TCDF desde o início.

Se o TCDF der uma decisão dizendo que não é para assumir, eu lavo as minhas mãos, eu tentei resolver o problema, não dei conta, e vou cuidar da minha vida do jeito que ela está: vou reformar os prédios do jeito que estão e vou tocar a administração do GDF. Eu vim aqui para tentar resolver os problemas da cidade, essa é a única disposição que eu tenho e é o que me anima a trabalhar de 5h30 até a hora que dá certo.

O senhor tem demonstrado uma personalidade bastante forte. Outro dia, partiu para o enfrentamento com o ministro da Justiça, que é o queridinho do Brasil: Sérgio Moro. Vai ser na base do enfrentamento?

Apesar de eu ser uma pessoa firme, sou uma pessoa fácil de convencer, desde que você me dê os argumentos. Sobre os argumentos do ministro Moro – desde o momento em que ele me ligou –, em nenhum momento ele me convenceu. E continua sem me convencer. O ministro Moro é uma pessoa experiente, que passou pelo Judiciário, enfrentou todos os problemas de segurança, da própria segurança pessoal e de sua família, mas a visão de segurança do ministro Moro é um pouco diferente da visão do administrador.

Os grandes líderes do crime organizado estão todos presos. Acabou o crime organizado no Brasil? Não acabou. Vocês viram o que aconteceu em Fortaleza. Queimaram Fortaleza, o Ceará quase todo. Quem mandou aquilo ali, se não foi o crime organizado? E está no Brasil todo. Esses dias, nós prendemos aqui oito criminosos do PCC [facção criminosa Primeiro Comando da Capital]. Junto com eles, várias fichas de inscrição de inúmeras pessoas.

O problema não é o que está dentro, o presídio é seguro. O Marcola está lá, ele não vai ter comunicação, mas a gente sabe o que acompanha isso. E aí vem a minha responsabilidade como administrador, que eu tentei externar e continuo tentando. É que aqui, como já relatei, nós temos todas as autoridades. As que estão aqui alocadas e as que estão vindo de fora. Hoje, aqui, temos 4 mil prefeitos na nossa cidade. Queima um ônibus hoje, com essa marcha que está tendo, na Esplanada, e você vai ver a repercussão internacional que isso vai ter.

O presidente da República está negligenciando essa situação? Ele já recebeu o senhor?

Ele recebeu o meu secretário de Segurança e tem ouvido as informações. Acho que ele vai caminhar para uma posição intermediária nessa situação. Ele vai terminar atendendo a situação que foi feita pelo Moro, em virtude da necessidade de transferência dos presos de onde estavam durante um período e, a partir daí, a gente entra num outro período de negociação em relação ao presídio.

Acho que o presidente está agindo de forma correta. Ele está sendo aqui o bombeiro de uma situação. Eu, com a responsabilidade que tenho com a segurança do DF, tomei as minhas medidas. Sou da conciliação. Não deu certo, vou para a Justiça. Então, ajuizei a ação, estou aguardando a decisão pedindo, de início, para ter conhecimento do processo que fundamentou a transferência. Pode ser que eu me convença dos fundamentos. E aí eu vou parar, vou apoiar e vou pedir ao ministro Moro que nos auxilie na segurança, principalmente na região do Entorno, porque já tem provas que eles estão comprando [terrenos] em São Sebastião e no Entorno. No Entorno não tem segurança. Nós não temos um presídio no Entorno.

E a inteligência do governo, da polícia?

Estamos fazendo um trabalho muito forte. Reforçamos toda a área de inteligência do DF. São coisas que, na grande maioria, correm em sigilo, mas todos nós temos conhecimento de que o crime organizado está se instalando aqui nessa nossa região. Vamos cuidar disso. Se a decisão me convencer, o que tiver dentro dos autos, eu vou reforçar isso. Se não me convencer, vou continuar na Justiça brigando para tirar esses presos daqui e acabar com esse presídio federal.

Como é que vai a relação do senhor com a bancada na Câmara Legislativa? O senhor acha que tem o apoio necessário para poder governar?

Acho que, dos principais projetos do governo, todos foram aprovados no tempo correto. Tenho que agradecer a toda bancada. Não só a base, mas também a oposição. Nós tivemos um enfrentamento inicial na questão da saúde, dos hospitais. Houve um consenso e chegamos a um andamento. Conseguimos resolver o problema, pelo menos de forma parcial, das polícias. Me possibilitou abrir todas as delegacias do Distrito Federal. Tivemos uma vitória, ontem [terça], com a questão da Difal, que foi votada em uma semana. A questão da Agefis já avançou muito, já votaram em primeiro turno.

E sobre o Passe Livre, o IPVA…

Acho que essas questões merecem um debate maior. Por exemplo, a questão do Passe Livre: foi se fazendo um escancaramento desse benefício. Era um benefício para facilitar, ajudar a vida dos estudantes. Eu, quando fui estudante aqui, pagava meus 30%, pegava meu ônibus. Nós, família, nos organizávamos para ter essa condição. Eu acho que avançou, aqueles que não têm condições, que estão nos programas sociais, realmente têm direito e devem permanecer recebendo. Só que aí chegou num ponto que abriu muito a situação. Hoje, qualquer um que se matricula num cursinho qualquer, e são muitos os cursinhos que existem por aí, passa a ter direito ao Passe Livre. Virou um descontrole.

O que eu tenho pedido para a Câmara é para que avalie e me dê uma solução. Acho que lá é o campo onde nós temos para discutir. Estou fazendo a minha parte. Não existe dinheiro para todo mundo.

Eu tenho me utilizado de uma frase, que é a seguinte: me entregaram, pelo voto, o Governo do Distrito Federal, não foi a presidência do Banco Central nem da Casa da Moeda. Agora mesmo, na semana passada – e eu vou vetar –, aprovaram o Passe Livre para bombeiros e policiais militares durante a folga. Quer dizer, vamos dando benefício, a conta ninguém sabe quem paga.

Quem paga somos todos nós, os contribuintes. Estão reclamando que não tem saúde, que não tem infraestrutura, que tem buraco na rua, que não conserta o meio-fio, que não conserta a calçada, que não faz isso e que não faz aquilo, mas vão distribuindo benesses, e a conta é paga por quem? Por toda a sociedade, que vê a infraestrutura da cidade se diluir.

O senhor não esconde de ninguém que pretende alçar voos mais altos na política. Como é que estão as tratativas, como está o plano para liderar o MDB nacionalmente?

Na minha vida, trabalho fazendo muito bem feito aquilo que Deus me coloca como desafio. Eu fiz assim quando eu fui conselheiro da OAB, quando fui presidente da Seccional, quando fui diretor. Em todas essas minhas passagens pela vida pública, mesmo que tenham sido mais restritas, procurei sempre empenhar com muito carinho e com muito afinco, até com sacrifício pessoal e financeiro.

Essa de ser governador do Distrito Federal talvez seja, para mim, a maior honraria para quem é filho dessa cidade. Agora, a maneira como eu me coloco, a maneira como eu tento administrar, isso tem ganhado um determinado destaque no âmbito nacional, e eu reconheço isso. Deus me deu o dom da oratória e eu sei utilizá-la em meu favor e dos que precisam.

Não coloco essa questão nacional, ainda está muito turva. Estamos com um cenário onde você tem o presidente Bolsonaro, que inicia um governo que parece ser muito promissor para o Brasil. Tem todo o nosso apoio e o direito a uma reeleição. Nós temos o governador João Doria, de São Paulo. Nós temos os governadores do Nordeste, que representa uma grande força, e a grande maioria está aliada ao projeto da esquerda, projeto do PT, que foi muito bem, perdeu as eleições, mas teve 50 milhões de votos e não está apagado, porque tem uma boa bancada.

Existe um cenário nacional, onde você tem pessoas da envergadura do [presidente da Câmara dos Deputados] Rodrigo Maia, que é um excelente parlamentar, está conduzindo de forma memorável toda a articulação. Tem o [presidente do Senado] Davi Alcolumbre, que surge como uma figura de um encantamento maravilhoso. Então, tem muita gente. Minha função nesse momento é trabalhar, colocar minhas coisas em dia, resolver os problemas do Distrito Federal, e o futuro – com a minha participação – a Deus pertence. Então, eu vou trabalhar para melhorar a minha cidade. E aí, depois,  decido o que vou fazer ou se não vou fazer nada também.

O senhor está sendo avaliado pelos 100 dias. Queria que fizesse uma avaliação também da gestão Bolsonaro.

Faltou uma coisa que nós não comentamos na última pergunta, e aí eu concluo com essa: MDB nacional. Eu fui convidado a entrar numa marcha de renovação, mas isso passa pelo MDB local. Estou tentando uma negociação com o atual presidente, o Tadeu Filippelli, em que ele assuma a presidência de honra desse partido por tudo o que fez, ao longo dos anos, pelo MDB no Distrito Federal. E ele promova, assim como o Romero Jucá está promovendo em âmbito nacional, uma renovação do partido.

Defendo o nome do deputado Rafael Prudente para a presidência do MDB. Defendo o nome da Ericka Filippelli para que esteja na executiva. É uma mulher jovem, que está mostrando um belo trabalho à frente da Secretaria da Mulher.

E ele aceitou?

Ainda está se convencendo. Espero que se convença. Porque eu não posso tentar a renovação de um partido em âmbito nacional se eu não fizer o dever de casa. E essa, acho que é a compreensão que temos que ter. Então, vou passar primeiro por essa discussão interna, aqui no Distrito Federal, e estou trabalhando paralelamente, junto com as forças que existem no MDB, na renovação nacional. Isso tudo é um processo que está em andamento. Não tem nada definido.

E como é que o senhor avalia os 100 primeiros dias do governo Bolsonaro?

Eu gosto muito da maneira do Bolsonaro governar. Ele governa falando. Gosto disso. Só que eu falo mais pela expressão, e ele pelas mídias sociais. Não sou bom para operar mídias sociais. Mas ele tem essa maneira franca de dizer as coisas que pensa e que ele entende. Acho que o governo Bolsonaro terminou patinando em algumas coisas bobas.

O senhor não acha que foi porque, justamente, ele falou demais?

Não. Eu acho que foram questões que não precisavam ser comentadas, porque o país passa por um momento ainda de muita divisão, como eu acabei de falar. Nós saímos da extrema esquerda e chegamos à extrema direita, sendo que a inteligência sempre está no centro. Então, acho que o momento agora é de convergir todas as ideias, porque o pensamento de todos é a oportunidade que nós estamos tendo de recuperar a nossa nação.

Acho que, agora, nesse momento, ele acerta. Ele acerta profundamente. Acerta em participar da conversa política, chamando os líderes partidários. Acerta ao empoderar os líderes dentro do Congresso Nacional. Ele acerta em colocar nas mãos, de forma compartilhada, com as lideranças da Câmara, o partido do deputado Rodrigo Maia, com as lideranças do Senado, através do presidente Davi Alcolumbre. Eu acho que, agora, ele caminha no rumo do acerto de forma acelerada. E isso vai fazer com que o país volte a crescer de forma acelerada. Então, eu estou elogiando o presidente. Estou elogiando sua equipe, em especial a equipe econômica: o Paulo Guedes, o Rogério Marinho, o presidente da Caixa Econômica Federal. Toda essa turma, eles acertam de forma muito grande.

O senhor teve a oportunidade de estar com ele em uma agenda privada depois da eleição?

Depois da eleição, sim. Depois da posse, não. A agenda dele está muito cheia, ele tem muitos compromissos.

Ele já recebeu seis governadores. Não tem que receber quem cuida da segurança dele, quem cuida da cidade dele?

Tem seis governadores que estão em situação econômica muito pior que a do Distrito Federal, que ele tem que dar prioridade a esses estados, realmente. Aqui, eu tenho paciência. Sei que ele está olhando pelo Distrito Federal. Ele mora aqui, sua esposa mora aqui. Então, quero dizer o seguinte: estou com o presidente. Nós vamos arrumar esse país juntos.

Governador, hoje [quarta] pela manhã, na entrevista coletiva em função dos 100 dias de governo, o senhor deu nota 7 para a atuação da sua equipe e para a própria atuação do senhor. Nota 7, na maior parte das escolas, é a média. O senhor se enxerga como o líder de um governo mediano?

Não. Eu acho que a avaliação – e eu avalio os boletins dos meus filhos também – é o conjunto: é o ambiente, a presença, o esforço, o resultado. Como nós estamos num ambiente que estamos conhecendo, todos… Eu venho da iniciativa privada e tem 100 dias que assumi o governo. Todos os secretários chegaram também num ambiente de muita dificuldade. Turismo não tinha telefone. Uma Secretaria de Turismo que não tinha um quiosque no aeroporto… Estou dando o exemplo da Secretaria de Turismo, mas tem diversas outras. Então, como é que você vai avaliar com nota maior aquilo que você ainda não conseguiu apreender como um todo?

Está tomando pé ainda?

Está tomando pé. Então, tem muito o que melhorar até chegar no 10. Espero que, se a gente conseguir chegar no governo com um 8,5, já vamos ter prestado muito serviço para a sociedade. Estou satisfeito com a minha equipe, estou muito feliz com a equipe que consegui reunir. Acho que o fato de ter vindo de uma eleição inesperada me fez encontrar, e foi Deus que me iluminou. A grande maioria dos meus secretários eu nunca tinha visto na minha vida. Eu não tinha o telefone, não sabia quem era. Fui encontrando ao longo da transição.

Agora, o senhor está apostando em algumas nomeações que estão sendo questionadas na Justiça. Entre elas, a do presidente da Caesb. O senhor acha que vale a pena se desgastar e brigar pela manutenção desses quadros?

Olha, acho que vale, sim. O Fernando Leite é uma pessoa que conhece a Caesb como ninguém. A Caesb é uma empresa que passou por muitas dificuldades, por muitos desmandos, por muitos contratos mal feitos. Então, eu precisava de alguém que tivesse o conhecimento. Eu não podia botar alguém lá que fosse tentar acertar. Acho que o acerto foi muito grande. Essa questão da legislação federal que tratou das empresas estatais, no meu ponto de vista, ela exagerou, como muitas legislações no Brasil criadas em momentos de crise.

Mas querer evitar quem está comprometido com improbidade administrativa é um exagero?

Esse compromisso dele é um compromisso que, do meu ponto de vista jurídico, não atinge essa legislação. Tanto que nós estamos recorrendo. Coloquei a Procuradoria à disposição. Então, em algumas coisas, eu entendo o seguinte: a legislação exagerou.

O mesmo vale para o Sidrack de Oliveira Correia Neto?

O Sidrack [chefe da Unidade Executiva do Conselho Gestor de Parcerias Público-Privadas da Secretaria de Projetos Especiais] muito mais, porque ele foi absolvido nesse ponto.

Não, ele foi punido.

A legislação federal foi criada no momento da crise da Petrobras. Aí, criaram um ambiente em que você não consegue nomear ninguém. Você não tem como nomear uma pessoa. Primeiro, porque exige não sei quantos mil anos de experiência. Então, você pode ter um especialista, se ele não tiver exercido cargo público, ele não é especialista. Eu, por exemplo, não poderia ser governador de acordo a lei, se fosse aplicada ao governo, porque não tinha nenhuma experiência pública.

Veja só, é uma lei que veio pra amarrar em torno dos próprios servidores. Uma lei que foi muito mal feita. Eu digo isso, e o Supremo está demorando a tornar essa legislação inconstitucional, porque está trazendo amarras que vão impedir que as empresas do país sejam administradas, porque vão se tornar empresas dos próprios servidores, pois só os servidores vão conseguir dirigi-las.

Falamos sobre os últimos 100 dias, mas o senhor falou pouco sobre os próximos 100 dias. Para a gente finalizar esta entrevista, pergunto ao senhor: como vai estar esta cidade em 2022?

Vai estar bem. Eu garanto para vocês que vai estar bem mudada, com característica totalmente diferente, com as pessoas num nível de emprego bem maior, a gente saindo dessa situação de depressão econômica. Com as cidades bem mais bonitas, com projetos que tenham funcionalidade, sem megalomania. Acho que isso é bem importante. Já tivemos muitos projetos, assim, bem exagerados, como é o próprio exemplo do Estádio Mané Garrincha.

Acho que nós temos que trabalhar com o pé no chão, saber que os recursos não nascem em árvore nem são pegos na lata do lixo. Temos que fazer coisas que realmente funcionem no Distrito Federal. Acho que isso vai trazer alegria, vai trazer as pessoas novamente a acreditar nesta cidade, que, na minha visão, é uma das cidades mais belas que temos no mundo. E vamos levar esse título de reconhecimento. Tenho certeza que, continuando ou não na política, vou entregar uma Brasília muito melhor do que eu recebi e com uma perspectiva de futuro ainda muito maior.

Colaboraram Otto Valle, Ricardo Taffner, Caio Barbieri, Isadora Teixeira, Fernando Caixeta e Manoela Albuquerque

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