Ex-sogra viu Lázaro 1 dia antes de ele ser morto: “Ficou escorado na parede”
Mulher disse que o maníaco foi à sua casa na noite de domingo (27/6) e deu R$ 300 para sua filha
atualizado
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A ex-sogra de Lázaro Barbosa, 32 anos, disse ao Metrópoles que ex-genro visitou sua casa na noite deste domingo-feira (27/6), 15 horas antes de ser morto por forças policiais durante troca de tiros em um matagal de Águas Lindas (GO), na manhã desta segunda-feira (28/6). “Vi ele sentado, escorado na parede. Ele veio falar com minha filha [ex-esposa dele]. Eram umas 19h30”, contou a senhora, que preferiu não se identificar.
Ela ainda contou à reportagem que o mániaco, que estava foragido há 20 dias, chegou a dar R$ 300 para sua filha e disse que o dinheiro deveria ser usado com o filho de 3 anos que ele tem com a ex. “Até estranhei, porque o filho dele tem 3 anos e 9 meses e tudo o que tinha dado até hoje foi uma cesta básica”.
Segundo ela, após o contato com a filha, o serial killer voltou para o mato e desapareceu. “Ele não dormiu aqui. Nem me passou pela cabeça chamar a polícia”, afirmou. “Antes disso, a última vez que ele tinha vindo foi em janeiro. Era uma pessoa muito trabalhadora. Fiquei horrorizada quando soube das coisas que fez. Tirar a vida de gente honesta…”.
Mensagens
Já a esposa do maníaco disse que recebeu mensagens de áudio e texto do companheiro um dia antes da operação policial que resultou na morte do serial killer. Em entrevista ao jornalista Roberto Cabrini, da TV Record, a mulher confirmou que chegou a manter contatos com o psicopata durante a fuga que durou 20 dias.
“Ele me mandou áudio e disse que polícia estava botando um monte de crime no nome dele. Eu falei, ‘moço, se entrega’. E ele disse, ‘não me entrego”.
Lázaro teria falado com a mãe de seus dois filhos por meio do celular da ex-esposa, que chegou a ser conduzida à delegacia para prestar depoimento. O serial killer foi morto após trocar tiros com integrantes da força-tarefa num matagal nas imediações da casa onde sua ex-mulher mora com a mãe, em Águas Lindas, no Entorno do DF.
“Chegou lá em casa, me deu R$ 300 dizendo que era pro filho e foi embora sem explicar. Depois voltou, pediu meu celular pra conversar com a atual esposa dele”, contou a ex a Cabrini. De acordo a esposa e a ex-mulher de Lázaro, elas apagaram as mensagens por medo.
38 disparos
Lázaro Barbosa foi morto com pelo menos 38 disparos após trocar tiros com policiais em uma mata. A informação foi confirmada pelo secretário de Saúde do município, Rui Borges. “Quando ele chegou [ao hospital], já estava sem vida. Nós contamos 38 marcas de tiro. É um cálculo aproximado ainda”, ponderou.
Segundo o secretário, geralmente as pessoas mortas no município são enviadas ao Instituto Médico-Legal (IML) de Luziânia (GO). Como caso é de grande repercussão, no entanto, o corpo de Lázaro passará por necrópsia no IML da capital, Goiânia.

O maníaco foi levado ao Hospital Bom Jesus, mas não resistiu aos ferimentos Reprodução/WhatsApp

Chegada do corpo de Lázaro Barbosa a Goiânia Vinícius Schmidt/Metrópoles

Vinícius Schmidt/ Metrópoles

Lázaro Barbosa, foragido que mobilizou a polícia de GO e do DF em junho deste ano Reprodução

Lázaro Barbosa foi morto no dia 28 de junho Reprodução
Os advogados da família Vidal, vítima da chacina ocorrida no dia 9 de junho, no Incra 9, estiveram, nesta segunda-feira (28/6), na base de operações da força-tarefa, em Girassol (GO) após receberem a informação sobre a morte de Lázaro.
De acordo com Fábio Alves, um dos representantes da defesa, os parentes receberam a informação com muito alívio.
“Não há o que se comemorar quando acontece uma morte. A família se sente mais tranquila. Sabemos muito bem que Lázaro não agia sozinho. Há pessoas dando cobertura. Financiaram os crimes que Lázaro cometia. A gente vai deixar a polícia trabalhar e temos a certeza que eles vão achar os demais comparsas que ajudaram Lázaro.”
Ainda segundo Alves, a defesa acredita em várias possibilidades para a motivação dos crimes. “Briga por terras, crimes cometidos para comprar áreas mais baratas, vingança. Tudo isso vai ser apurado para um desfecho da polícia”, concluiu.
Lázaro é suspeito de matar Cláudio Vidal de Oliveira, 48 anos, Gustavo Marques Vidal, 21, e Carlos Eduardo Marques Vidal, 15. Ele ainda sequestrou Cleonice Marques de Andrade, 43 anos, esposa de Cláudio e mãe das outras vítimas.
O corpo de Cleonice foi encontrado dias depois, em um matagal. O cadáver estava sem roupa e com um corte nas nádegas, em uma zona de mata perto da BR-070.
Investigações
“As investigações não acabam aqui. Ainda temos pessoas para investigar e prender. Agora, sai a força intensiva e fica o trabalho investigativo. Vamos descobrir todos os envolvidos”, disse o secretário de Segurança Pública de Goiás (SSP-GO), Rodney Miranda.
Em entrevista nesta segunda-feira (28/6), após troca de tiros que resultou na morte de Lázaro, Rodney afirmou que o criminoso tinha uma rede que o acobertava: “Temos informações que ele atuava como jagunço e segurança de algumas pessoas. A questão dele querer fugir – patrocinado, logicamente – mostra que ele tinha uma rede que lhe acobertava, com gente não interessada na prisão dele”.
“Ele foi encontrado com R$ 4,4 mil no bolso. Mais uma prova de que tem gente acobertando ele e dificultando o trabalho das forças policiais”, completou o secretário. Rodney também confirmou que a ex-mulher e a ex-sogra de Lázaro foram ouvidas. “Se ficar constatado que queriam facilitar, vão ser indiciadas e até presas.”
De acordo com Miranda, entre as pessoas interessadas na fuga de Lázaro, estaria Elmi Caetano, 74 anos, preso na semana passada por esconder o psicopata na chácara dele, em Girassol (GO). O secretário informou ainda que constam mais de 30 crimes associados ao criminoso – no DF, em Goiás e na Bahia.
Após o confronto no matagal, Lázaro ainda chegou a ser socorrido e levado a uma viatura do Corpo de Bombeiros, mas não resistiu. Imagens obtidas pelo Metrópoles mostram o momento em que o maníaco chega à unidade hospitalar em uma maca.
Veja o vídeo do momento em que Lázaro chega de maca ao hospital:
Aplausos
Os policiais que participaram da caçada ao criminoso durante 20 dias foram aplaudidos na base da força-tarefa. As pessoas ainda soltaram fogos em comemoração ao término das buscas ao foragido.
“Estamos felizes demais. Foram 20 dias de angústia. [Ficávamos] Sem dormir, preocupados. Eles são guerreiros. Merecem todo o nosso apoio pela dedicação. Agora é hora de comemorar”, disse Larissa Alves, 34, moradora da região.
“Gostaríamos de que ele fosse pego vivo. Ele precisava esclarecer os outros crimes. De qualquer forma, estamos aliviados. Esperávamos que fosse capturado o mais rapidamente possível. Estávamos acuados. Agora teve desfecho”, Cristiane Soares, 39, comerciante da região.
Confira imagens da movimentação em Águas Lindas de Goiás após a captura de Lázaro:

Moradores soltaram fogos de artifício após a captura do maníaco

O maníaco foi levado ao Hospital Bom Jesus, mas não resistiu aos ferimentos Reprodução/WhatsApp

Secretário de Segurança Pública de Goiás, Rodney Miranda Rafaela Felicciano/Metrópoles

Movimentação na base da megaoperação das buscas por Lázaro Rafaela Felicciano/Metrópoles

Policiais foram aplaudidos pela população de Águas Lindas de Goiás Rafaela Felicciano/Metrópes

Cidadãos acompanharam a megaoperação policial para prisão de Lázaro. Ele foi morto durante troca de tiros Rafaela Felicciano/Metrópes

População aplaude policiais após captura de Lázaro Rafaela Felicciano/Metrópes

Movimentação em Águas Lindas após captura de Lázaro Gustavo Moreno/Especial Metrópoles

Lázaro foi levado ao Hospital Bom Jesus, em Águas Lindas, após troca de tiros com a polícia Gustavo Moreno/Especial Metrópoles

Agentes no Siops de Águas Bonitas, em Águas Lindas, acompanham as últimas notícias sobre a prisão de Lázaro Rafaela Felicciano/Metrópoles

Ex-sogra de Lázaro Barbosa Gustavo Moreno/Especial Metrópoles
Veja fotos das operações em Goiás:

Lázaro Barbosa, foragido que mobilizou a polícia de GO e do DF em junho deste ano Reprodução

Yanka Romão/ Arte Metrópoles

Arthur Menescal/Especial Metrópoles

Arthur Menescal/Especial Metrópoles

Arthur Menescal/Especial Metrópoles

Arthur Menescal/Especial Metrópoles

Arthur Menescal/Especial Metrópoles

Arthur Menescal/ especial para o Metrópoles

O maníaco foi levado ao Hospital Bom Jesus, mas não resistiu aos ferimentos Reprodução/WhatsApp

Arthur Menescal/ especial para o Metrópoles

Arthur Menescal/ especial para o Metrópoles

Arthur Menescal/ especial para o Metrópoles

Arthur Menescal/ especial para o Metrópoles

Coronel da PMDF Jorge Eduardo Naime, ex-comandante do Departamento de Operações Arthur Menescal/Especial para o Metrópoles

Rodney Miranda, secretário de Segurança Pública de Goiás Arthur Menescal/ especial para o Metrópoles

Policiais colocaram Lázaro dentro da ambulância Reprodução/WhatsApp
Veja a cronologia do crime:

Arte/ Metrópoles

Arte/ Metrópoles

Arte/ Metrópoles

Arte/ Metrópoles

Arte/ Metrópoles

Imagens do corpo de Lázaro no hospital circularam nas redes sociais Reprodução/WhatsApp

O maníaco foi levado ao Hospital Bom Jesus, mas não resistiu aos ferimentos Reprodução/WhatsApp

Policiais colocaram Lázaro dentro da ambulância Reprodução/WhatsApp

Lázaro fugiu pela mata por 20 dias Reprodução

Ele era procurado por uma força-tarefa

Imagens do corpo de Lázaro no hospital circularam nas redes sociais Reprodução/WhatsApp

Carro incendiado por Lázaro em um dos assaltos Gustavo Moreno/Especial para o Metrópoles

O maníaco morreu após entrar em confronto com a PMGO Reprodução/PCDF

O maníaco foi levado ao Hospital Bom Jesus, mas não resistiu aos ferimentos Reprodução/WhatsApp

Policiais colocaram Lázaro dentro da ambulância Reprodução/WhatsApp
Além de ser suspeito de matar uma família no DF, Lázaro é acusado de atirar em quatro pessoas, entre elas um policial, e cometer uma série de assaltos com reféns durante a sua fuga em Goiás.
Depois que saiu do DF, Lázaro trocou tiros duas vezes com a polícia e também com o caseiro de uma chácara em Areia Branca. Enquanto foragido, o criminoso também fez uma família refém.
Após assassinar a família Vidal, Lázaro circulou por propriedades da região, fazendo novas vítimas. Ainda no Incra 9, em Ceilândia, ele invadiu outros dois locais, e baleou quatro pessoas, inclusive um policial. Em Goiás, ele se escondeu na região entre Girassol, Edilândia e Cocalzinho, Entorno do DF.
Família Vidal:

Carlos Eduardo Marques Vidal

Cláudio Vidal de Oliveira

Gustavo Marques Vidal

Cleonice Marques de Andrade
Ficha criminal
A vida criminal de Lázaro começou em 2008. Na época, ele foi preso por um duplo homicídio em sua cidade natal – Barra do Mendes, município baiano que fica a 540 km de Salvador.
Segundo a Polícia Civil baiana, o criminoso foi indiciado pelos assassinatos de José Carlos Benício de Oliveira e Manoel Desidério Silva, no povoado de Melancia. O inquérito, concluído e enviado à Justiça, aponta que ele atingiu as vítimas com disparos de espingarda e depois fugiu; nos dias seguintes, apresentou-se à unidade policial. Após a prisão, ele acabou fugindo para o Centro-Oeste.
No DF, chegou a ser condenado por roubo e estupro, mas também conseguiu fugir do sistema penitenciário em 2016.
A capacidade de fuga de Lázaro já é velha conhecida da polícia e do sistema prisional goiano. Em julho de 2018, ao tentar escapar junto a outros cinco detentos do presídio de Águas Lindas (GO), no Entorno do Distrito Federal, ele foi o único que obteve êxito.
Lázaro foi preso no dia 8 de março de 2018, por suspeita de assassinatos ocorridos na Bahia, além de estupro, roubo e porte ilegal de armas no DF. Ele tinha, na época, três mandados de prisão em aberto.
A ausência dele entre os internos do presídio de Águas Lindas só foi percebida no momento de recontagem dos detentos, após a ação policial no local. A essa altura, no entanto, ele já estava longe.
A fuga ocorreu durante a madrugada, por volta das 2h de 23 de julho de 2018, segundo a Diretoria-Geral de Administração Penitenciária de Goiás (DGAP).
Personalidade violenta
Laudo psicológico feito no âmbito de um dos processos contra Lázaro Barbosa, em 2013, constatou que o homem tem características de personalidade violenta, como agressividade, ausência de mecanismos de controle, dependência emocional, impulsividade e instabilidade emocional.
Ainda de acordo com os psicólogos que assinam o documento ao qual o Metrópoles teve acesso, o criminoso tem possibilidade de “ruptura do equilíbrio, preocupações sexuais e sentimentos de angústia”.
O autor, segundo os especialistas, teve o desenvolvimento psicossocial prejudicado devido a agressões familiares, uso abusivo de álcool e drogas, falecimento familiar, abandono das atividades escolares, trabalho infantil e situação financeira precária.