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“Novo Lázaro” foi preso ao menos duas vezes antes de triplo homicídio

Wanderson Protácio Mota aguarda julgamento por latrocínio e outros crimes, em MG. Ele também é acusado de tentativa de feminicídio em GO

atualizado

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Reprodução/redes sociais
Wanderson Mota Protácio é suspeito de triplo homicídio em Goiás
1 de 1 Wanderson Mota Protácio é suspeito de triplo homicídio em Goiás - Foto: Reprodução/redes sociais

Goiânia – Procurado pela polícia e com mandado de prisão preventiva em aberto, o caseiro Wanderson Protácio Mota, de 21 anos, esteve preso ao menos duas vezes antes de se tornar o suspeito de cometer três homicídios seguidos em Goiás. Ele é acusado de matar a própria companheira, de 19 anos, que estava grávida de quatro meses, a enteada de 2 anos e um fazendeiro, em Corumbá de Goiás, no último domingo (28/11). Nos dois crimes anteriores, ele foi solto por ordem judicial.

O Metrópoles identificou que Wanderson é investigado pelo triplo homicídio em Corumbá de Goiás, cometido oito meses depois de ele ser solto em Minas Gerais, por decisão da Justiça mineira. Ele é acusado de matar um taxista, em 25 de novembro de 2020, em São Gotardo (MG), também exatamente oito meses após ser colocado em liberdade por decisão do Judiciário goiano relacionada a outro crime.

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A saga da polícia à procura de Wanderson remete ao caso de Lázaro Barbosa, ocorrido em junho deste ano.

Histórico de crimes

Em Goiás, o maranhense Wanderson Protácio, nascido em Governador Nunes Freire, foi preso, pela primeira vez, em Goianápolis. O motivo foi tentativa de feminicídio contra Lucinelma Silva Pinheiro, irmã da madrasta dele, em dezembro de 2019. A jovem tinha 18 anos, que completou no dia do crime. Ela só conseguiu escapar com vida porque a faca se quebrou em três partes com a força dos golpes. O motivo seria o fato dele ter tentado arrastá-la para o quarto e a mulher ter resistido.

Em audiência na época do fato, o suspeito tratou com desdém o fato de ter esfaqueado a jovem até quase matá-la. De acordo com seu relato, ele teria passado um longo período bebendo e não se lembra do que teria ocorrido. Ele chegou a sorrir ao comentar a situação.

Veja vídeo:

Por conta da tentativa de feminicídio em Goianápolis, Wanderson Protácio ficou preso até março de 2020. Ele saiu da cadeia favorecido por um alvará de soltura.

O sistema de consulta processual do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás (TJGO), aponta que o processo sobre este crime já está concluso, mas ainda não tem decisão.

O TJGO informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que o processo está na mesa do magistrado e que a decisão “deve sair em breve”.

Taxista morto

Depois da soltura no início de 2020, Wanderson aparentemente foi parar em Minas Gerais, na região de São Gotardo. Em 25 de novembro daquele ano, ele teria participado da morte do taxista Maurício Lopes Mariano, de 25 anos. Acompanhado de outras duas pessoas (sendo dois adolescentes), ele tomou um táxi para uma viagem até uma cidade próxima.

No caminho, eles anunciaram o assalto. O jovem taxista foi amarrado com o cinto de segurança cortado pelo grupo e morto a facadas. O responsável pelos golpes, conforme apurou a polícia mineira, teria sido o próprio Wanderson Protácio. O grupo foi localizado dias depois de posso do veículo roubado. Os adultos foram presos e os adolescentes apreendidos.

A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) informou ao Metrópoles que indiciou Wanderson pelos crimes de latrocínio, extorsão, tráfico e corrupção de menores. Ele que ele também teria contado com apoio de adolescentes para matar e roubar o taxista.

O inquérito, segundo a PCMG, foi concluído dentro do prazo legal e remetido à Justiça no dia de 4 de dezembro de 2020. O Ministério Público do Estado de Minas Gerais (MPMG) não informou se já ofereceu denúncia contra Wanderson e seus comparsas.

A Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública de Minas Gerais (Sejusp-MG) confirmou que Wanderson deu entrada no Presídio de Patos de Minas I no dia 25 de novembro de 2020. No dia 9 de dezembro de 2020, ele foi transferido para o Presídio de Patrocínio I, onde permaneceu preso pelo latrocínio até o início deste ano.

Em 11 de de março de 2021, Wanderson Protácio recebeu da mineira Justiça o relaxamento da prisão. E isso ocorreu mesmo que ele já tivesse tentado matar uma jovem a facadas em Goiás no final de 2019.

Triplo homicídio

Os indicativos são que Wanderson saiu de Minas e voltou para Goiás em 2021. O fato é que ele foi parar em Corumbá de Goiás, cidade que não fica muito distante de Goianápolis e Abadiânia, onde ele morou e trabalhou, e de Alexânia, onde tem familiares e conhecidos.

Em Corumbá, o caseiro conheceu Raniere Aranha Figueiró, com quem começou a namorar. Ela já tinha uma filhinha, Geysa Aranha da Silva Rocha. Segundo pessoas da cidade, pouco tempo depois do início do relacionamento, o casal foi morar junto.

A cidade onde eles viviam é bem próxima da região onde Lázaro Barbosa, de 32 anos, cometeu crimes e foi caçado pelas forças policiais ao longo de 20 dias em junho deste ano. Segundo conhecidos de Wanderson, na época da caçada ele se dizia fã do criminoso e de sua audácia, fugindo pelo mato e desafiando a polícia.

O relacionamento de Wanderson e Raniere chegou ao fim na noite do último dia 28 de novembro. Ele é apontado como responsável por esfaquear a jovem de 19 anos e a enteada, de 2 anos, até a morte. Depois, invadiu fazenda próxima e matou o proprietário Roberto Clemente de Matos, de 73 anos, com tiro na cabeça. Ele ainda atingiu no ombro a mulher do fazendeiro, Cristina Nascimento da Silva, de 45, que fingiu estar morta após o disparo. Antes, ele tinha tentado estuprar a mulher.

Por conta do triplo homicídio, decisão da Justiça de Goiás, conforme divulgou o Metrópoles com exclusividade, determinou a prisão preventiva de Wanderson Mota Protácio.

Fuga

Após os crimes, o suspeito roubou a camionete do fazendeiro e fugiu em direção a Alexânia. O veículo foi abandonado na beira de uma estrada. Na cidade, ele vendeu o celular da companheira morta para um receptador que acabou preso pela polícia. Dali, Wanderson comprou uma passagem de ônibus para Goiânia, mas decidiu pegar um táxi para Abadiânia.

Esta foi a última vez que ele foi visto. O taxista que o transportou contou ao Metrópoles que ficou em choque depois de saber que tinha carregado o criminoso ao seu lado.

Desde então, Wanderson  é procurado pelas forças policiais. As buscas já ocorreram em Alexânia, Abadiânia e por último se concentram na zona rural de Gameleira de Goiás, onde ele teria sido visto por trabalhadores rurais em, ao menos, duas oportunidades.

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