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“Condenem esses monstros”, diz pai de motorista de app morto

Amigos e familiares de Maurício Cuquejo Sodré se reuniram no Cemitério do Gama para se despedir e se manifestar contra a violência no DF

atualizado

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1 de 1 WhatsApp-Image-2020-01-25-at-11.03.43-2 - Foto: Vinícius Santa Rosa/Metrópoles

O velório do motorista de aplicativo Maurício Cuquejo Sodré neste sábado (24/01/2020) foi marcado por revolta. Amigos e familiares se reuniram no Cemitério Campo da Esperança no Gama para se despedir e se manifestar contra a violência no DF. “Peço aos bandidos que, se forem roubar, deixem a pessoa viva para ir para casa. Eles destroem a família da vítima e a deles mesmos. Não tem necessidade de matar”, disse a mãe do rapaz, Maria do Socorro Sodré.

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Maria do Socorro Sodré se despediu do filho no cemitério do Gama

Maurício Cuquejo Martins, pai do motorista, veio do Rio de Janeiro quando soube do desaparecimento. Ao chegar a Brasília, encontrou uma cena de terror. O carro do filho tinha marcas de sangue por todo lado. “Ele foi muito espancado, estava praticamente degolado. Um pedaço da faca quebrou no rosto dele, furaram até o braço”, contou.

Ainda de acordo com ele, o policial, no Instituto Médico Legal (IML), disse que nunca tinha visto algo assim. “Achei que ele seria enterrado de caixão fechado. Esses monstros precisam ser condenados com a maior pena prevista para latrocínio”, disse.

Segundo a família, Maurício trabalhava com informática e estava esperando ser promovido pelo tio para largar a vida de motorista de aplicativo. “Ele tinha medo de trabalhar na rua por conta das situações perigosas vividas pelos colegas de profissão”, contou a mãe. Há dois meses se mudou para um condomínio de Santa Maria. “Meu filho estava aplicando dinheiro no tesouro direto. A vida dele estava indo de vento em popa, estava cheio de planos”, revelou o pai.

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O pai de Maurício mora no Rio de Janeiro e veio correndo para Brasília quando soube do desaparecimento

Os amigos contaram ainda que Maurício era inteligente, esforçado e estava sempre bem-humorado. “Com certeza os últimos 20 minutos da vida dele foram os piores. Estou com muito ódio dentro de mim”, concluiu Maurício.

Crime

A Polícia Civil (PCDF) prendeu, na quinta-feira (23/01/2020), três adultos e um adolescente suspeitos de participação no latrocínio. O corpo do jovem, 29 anos, foi encontrado no mesmo dia em uma poça de água na região da Granja do Torto.

Maurício era hemofílico e a família acredita ele tenha morrido por conta do sangramento excessivo devido à doença. A vítima levou diversos golpes. O motorista foi achado de bruços e o veículo dele foi encontrado em uma vala. Havia também duas facas no local do crime.

De acordo com a mãe do motorista, a namorada dele, Natália Lohane, ligou para a família perguntando se haviam recebido notícias de Maurício, uma vez que o rapaz não tinha chegado em casa até as 6h. Como não tinham notícias, imediatamente os parentes ligaram para a seguradora do carro, recém-adquirido, e acionaram ainda o aplicativo para saber da localização de Maurício.

Esse é o segundo caso de morte de motorista de aplicativo em 2020 no Distrito Federal. No dia 18 de janeiro, o corpo de Aldenys da Silva, também de 29 anos, foi localizado às margens da BR-070, na entrada de Brazlândia. Ele estava desaparecido desde 3 de janeiro.

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