Caligrafia de carta não condiz com a de Lázaro, diz força-tarefa
Informação consta de nota divulgada nesta sexta-feira (25/6) pela Secretaria de Segurança Pública de Goiás
atualizado

Informações preliminares apontam que a caligrafia de uma carta que teria sido escrita por Lázaro Barbosa, 32 anos, não condiz com a do fugitivo, segundo nota divulgada na noite desta sexta-feira (25/6) pela Secretaria de Segurança Pública de Goiás (SSP-GO). O material foi analisado pela perícia.
A carta foi entregue à Polícia Civil de Goiás. Extenso e com vários erros de português, o texto fala em perdão e lembra momentos de infância. Quem escreveu o texto descreve o pai como ausente e que ele chegava em casa constantemente bêbado.
Veja as cartas:

Material cedido ao Metrópoles

Material cedido ao Metrópoles

Material cedido ao Metrópoles

Material cedido ao Metrópoles
Ainda de acordo com a nota, as equipes policiais que compõem a força-tarefa continuam em operação para captura de Lázaro Barbosa, com cerco reforçado em determinadas áreas da região.
A SSP- GO informou que “o material periciado no local onde o fugitivo se escondia, os indícios recolhidos, bem como o conteúdo das investigações, serão divulgados em momento oportuno, para não comprometer a operação”.
A pasta destacou que desde a criação do disque-denúncia, a força-tarefa recebeu cerca de 5,3 mil contatos, sendo que mais de 95% das informações repassadas pela população não contribuíram com as investigações.
Já o aplicativo Brasil Mais Seguro teve cerca de 6,8 mil donwloads. Não foram enviados sinais de alerta que pudesse contribuir com a captura do fugitivo.
Chácara cercada há mais de 24 horas
Após a reviravolta no caso Lázaro, com a prisão de dois homens que estariam ajudando o criminoso a fugir do cerco policial montado na área de Girassol (GO), as buscas pelo psicopata continuam nesta sexta no Setor de Chácaras.
Um forte efetivo da força-tarefa está mobilizado há mais de 24 horas no local onde Lázaro Barbosa de Sousa, 32 anos, foi visto nessa quinta (24).
Policiais continuam em operação no local e fazem vistorias em carros de moradores que passam na barreira montada numa estrada de terra que acessa a área em que o criminoso pode estar. As buscas ocorrem a 5km da base montada pela força-tarefa que procura Lázaro há 17 dias.
O secretário de Segurança Pública de Goiás, Rodney Miranda, esteve no local por mais de três horas. Perguntado se há informações sobre o psicopata, ele respondeu que “por enquanto não”. Lázaro é acusado de cometer crimes brutais, como latrocínio, estupro e homicídios.
Um dos suspeitos de facilitar a fuga, o caseiro Alain Reis de Santana, 33, contou detalhes de como Lázaro teria permanecido escondido na chácara de seu patrão, Elmi Caetano, 74. Segundo o depoimento à polícia, eles estiveram estiveram com o criminoso pelo menos cinco vezes nos últimos dias.
Alain informou que Lázaro dormia e fazia refeições, como almoço e jantar, diariamente na sede da chácara, com o consentimento de Elmi Caetano. Pontuou, ainda, que a mãe do suspeito trabalhou como caseira para Caetano e que, quando o maníaco estava preso, o dono da propriedade ajudava financeiramente a família do foragido.
Na Central de Flagrantes, enquanto o caseiro era ouvido pelo delegado, ele confessou que, quando Lázaro percebeu que a equipe se aproximava, se escondeu em um quarto, dentro de um depósito, cuja janela ficava voltada para a lateral da chácara.

O caseiro Alain Reis de Santana e o fazendeiro Elmi Caetano Evangelista foram presos, acusados de ajudar Lázaro a fugir Reprodução

Chacareiro suspeito de ajudar Lázaro está preso Igo Estrela/Metrópoles

Carro de Elmi foi apreendido Material cedido ao Metrópoles

Uma das armas teria sido roubada por Lázaro durante a fuga Divulgação/SSP-GO

Munição apreendida com suspeito de ajudar Lázaro Barbosa Divulgação/SSP-GO

Secretário de Segurança Pública de Goiás, Rodney Miranda fala em "rede de psicopatas" Hugo Barreto/Metrópoles

Lázaro Barbosa foi morto no dia 28 de junho Reprodução
Alain contou que ficou assustado ao perceber a presença de Lázaro na chácara em que trabalhava. Ao questionar Elmi sobre a presença do fugitivo na chácara, o patrão alegou que o caseiro estaria “imaginando coisas”. Em outra ocasião, disse que percebeu que faltava leite e pão na casa.
Ele também identificou que Lázaro havia retornado para a chácara mais de uma vez. Observou que havia dois copos sujos na cozinha e percebeu que o foragido havia comido pão.
Em seu relato, Alain acrescentou que sofreu ameaças de Lázaro: “Se você falar para alguém que eu estou aqui, eu vou pegar a sua família. Eu sei onde a sua família mora”, teria dito o maníaco, na ocasião.
Em seguida, de acordo com o testemunho do caseiro, o criminoso entrou na sede da chácara, pegou uma faca e um cabo com pedaço de cano envolto em uma borracha, e saiu.
Na quinta (24), por volta das 6h30, Alain chegou para trabalhar de bicicleta e encontrou o patrão, Elmi, e o filho Gabriel. O caseiro afirma que foi mandado para o córrego, com a informação de que a bomba estaria estragada, mas não havia nada de errado com o equipamento. Para o empregado, a ordem serviu para afastá-lo da sede da chácara.
No mesmo dia, Alain viu Lázaro entrar correndo para se refugiar em um quarto, mas, antes, fez um sinal para que o funcionário deixasse o local. O caseiro encontrou policiais na propriedade e, por ter sido ameaçado de morte pelo foragido, confirmou que o criminoso estava na chácara.
Escondido
Depois que os agentes foram embora e, em seguida, um helicóptero sobrevoou a chácara, o foragido saiu do cômodo e foi até o córrego onde costuma se esconder. Quando Elmi proibiu a entrada da polícia na chácara, a polícia desconfiou de que os dois estariam ajudando o criminoso.
Alain revelou que Elmi ajuda o maníaco na fuga e teria permitido que o fugitivo passasse as noites na sede da chácara e o alimentava. Nos últimos dias, Elmi teria deixado as portas da chácara destrancadas, como se esperasse por Lázaro.
O advogado de defesa de Elmi afirmou que o cliente toma remédios controlados, está em estado de choque e não “fala coisa com coisa”.
Ilvan Barbosa rechaça a possibilidade de auxílio do idoso ao fugitivo. “Meu cliente tem 74 anos, tem câncer, diabetes, usa remédio controlado e está em choque. Ele estava saindo da chácara e foi preso com duas armas de ar comprimido. Essas armas não foram e não são de Lázaro”, diz o defensor.
Na noite desta sexta, a Justiça de Goiás liberou o caseiro e manteve o patrão preso.
Outras pessoas investigadas
Rodney Miranda, titular da SSP-GO, disse que outras pessoas estão sendo investigadas por envolvimento com Lázaro. Não se sabe, ainda, se Alain e Elmi teriam participação nos crimes atribuídos a Lázaro Barbosa.
A prisão dos dois reforça a ideia de que o psicopata não age sozinho. O caseiro de uma chácara na região do Incra 9, em Ceilândia, reconheceu Lázaro Barbosa como sendo o homem que visitou a propriedade dos Vidal dias antes de invadir a casa deles e matá-los no dia 9 de junho.
Conforme o Metrópoles revelou, a testemunha ouvida pela Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) afirmou que Lázaro estava na companhia de um adolescente quando a dupla entrou, sem permissão, no lote da família Vidal. Eles chegaram em duas bicicletas e passaram pela cancela que protege a entrada do lote na tarde de 29 de maio.
O caseiro contou à polícia que o homem mais velho – que depois reconheceria por fotografia como sendo Lázaro Barbosa – indagou se a chácara vendia queijos, pois ele teria interesse em comprar. “Em seguida, perguntou se havia mais terrenos descendo a estrada. Respondi que não, e ele foi embora”, relatou o depoente.
O garoto que estava com Lázaro tem apenas 16 anos, mas já havia sido apreendido tanto pela polícia goiana quanto pela do Distrito Federal por atos infracionais análogos a roubo e furto. O jovem mora em Águas Lindas de Goiás, no Entorno do DF.
“Não foi só eu”
O depoimento da testemunha bate com o que Lázaro disse a Sílvia Campos de Oliveira, 40, feita refém durante a fuga, ainda no Incra 9, um dia depois de matar a família Vidal. “Ele perguntou se eu estava acompanhando o caso. E, depois, afirmou: ‘Aquele crime lá eu tava junto, mas não foi só eu’”, contou a mulher ao Metrópoles.
O próprio Lázaro teria ligado para a mãe dois dias depois da chacina e dito que não agiu sozinho.

Movimentação de equipes durante as buscas pelo criminoso Hugo Barreto/ Metrópoles

Hugo Barreto/ Metrópoles

Buscas por Lázaro duraram 20 dias. Mais de 200 policiais participaram Hugo Barreto/ Metrópoles

Hugo Barreto/ Metrópoles

Agentes da PRF fazem operação em busca de Lázaro Hugo Barreto/Metrópoles

Todos os veículos que passam pela BR-070 são revistados Hugo Barreto/Metrópoles

Carros de passeio também são abordados Hugo Barreto/Metrópoles

Fortemente armados, agentes da PRF buscam pelo assassino Hugo Barreto/Metrópoles

Coletivos também passam por inspeção Hugo Barreto/Metrópoles

Fortemente armados, agentes da PRF buscam pelo assassino Hugo Barreto/Metrópoles

Fortemente armados, agentes da PRF buscam pelo assassino Hugo Barreto/Metrópoles

Fortemente armados, agentes da PRF buscam pelo assassino Hugo Barreto/Metrópoles
Chacina
Lázaro é suspeito de matar Cláudio Vidal de Oliveira, 48, Gustavo Marques Vidal, 21, e Carlos Eduardo Marques Vidal, 15. Ele ainda sequestrou Cleonice Marques de Andrade, 43 , esposa de Cláudio e mãe das outras vítimas. O crime ocorreu na madrugada de 9 de junho, no Incra 9, em Ceilândia.
O corpo de Cleonice foi encontrado dias depois, em um matagal. O cadáver estava sem roupa e com um corte nas nádegas, em uma zona de mata que fica perto da BR-070.
Desde que matou a família Vidal, Lázaro vem invadindo outras propriedades, fazendo novas vítimas. Ainda no Incra 9, em Ceilândia, ele entrou em outros dois locais, baleando três pessoas em um deles, além de um policial. Em Goiás, ele tem se escondido na região entre Girassol, Edilândia e Cocalzinho, Entorno do DF.
Família Vidal:

Carlos Eduardo Marques Vidal

Cláudio Vidal de Oliveira

Gustavo Marques Vidal

Cleonice Marques de Andrade