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Ex-porta-voz de Bolsonaro critica uso de 7 de setembro pelo presidente

General Rêgo Barros atacou líderes com atitudes “messiânicas”

atualizado

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Isac Nóbrega/PR
06/05/2019 Briefing do Porta-Voz, Antônio Rêgo Barros
1 de 1 06/05/2019 Briefing do Porta-Voz, Antônio Rêgo Barros - Foto: Isac Nóbrega/PR

Sem citar nominalmente Jair Bolsonaro, o ex-porta-voz do Palácio do Planalto neste governo, general Otávio Rêgo Barros, criticou em um artigo publicado neste sábado (28/8) líderes com atitudes “messiânicas” e que, uma vez confrontados por “fatos que não se encaixam à sua vontade”, passam a viver de “cartadas finais” semelhantes às de líderes nazifascistas, como Hitler. Na sequência, o general pediu normalidade nos protestos do 7 de setembro, e defendeu que a data seja apenas uma “festa cívica”.

O artigo foi publicado no Jornal do Commercio. Rêgo Barros relembrou a queda de Hitler em 1944 para fazer uma relação com líderes do século XXI que se apresentam como salvadores, messiânicos.

“Hitler, em seus estertores, reuniu homens e materiais que lhe restaram para uma última cartada. A Segunda Guerra Mundial se aproximava do final”, escreveu, em referência à batalha de Ardenas em dezembro de 1944, última ofensiva nazista antes da derrota na guerra. “Em cinco meses o mundo respiraria com a derrota do nazifascismo. (…) Com a agudização dos posicionamentos ideológicos, no nascer do século XXI, alguns novos líderes incorporaram atitudes análogas a messiânicos vistos como um salvador”, escreveu o general, que despachou no Palácio do Planalto até o ano passado.

“Esses líderes, à medida que adquirem poder, se tornam incapazes de reconhecerem os erros e derrotas, mesmo as mais acachapantes. Ofendem a sacralidade do cargo, corroendo-o pela falta de compostura da autoridade”, acrescentou Rêgo Barros, criticando a recente invasão do Congresso americano insuflada por Donald Trump, de quem Bolsonaro é admirador. Esses líderes, continuou o general, “inventam as suas verdades quando os fatos não se encaixam à sua vontade”.

Logo após destacar a invasão do Parlamento dos Estados Unidos, que causou cinco mortes, o general alertou para que o Brasil não repita essas “lastimosas posturas”.

”Nós, aqui, não podemos assumir essas lastimosas posturas. Não são bons exemplos. Não são bons exemplos. Posições políticas devem ser defendidas por convencimento, sem afronta à lei, jamais por agressão física”, afirmou, complementando: “Fica um alerta. Esses guias, ao abdicarem dos compromissos firmados e se mostrarem desnudos, passam a viver de cartadas finais. É necessário detê-los como fizeram os aliados”.

Neste sábado (28/8), Bolsonaro afirmou que vê três alternativas para seu futuro: “Estar preso, estar morto ou a vitória”. Na véspera, o presidente pregou que “todo mundo” compre fuzis.

Não é a primeira vez que o general Rêgo Barros manda um recado público sobre o comportamento do antigo chefe por meio de artigos. No último dia 11, escreveu no jornal O Globo: “Basta de insensatos incorrigíveis”. Um mês antes, alegou no Diário de Pernambuco que a “aura de respeitabilidade das Forças” havia sido arranhada.

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