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“Na melhor das hipóteses, faltou responsabilidade”, diz Cappelli sobre Torres

Avaliação de Cappelli consta no relatório sobre os fatos ocorridos no dia 8 de janeiro, entregue ao Ministério da Justiça nesta sexta (27)

atualizado

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Wey Alves/Especial Metrópoles
Ricardo Cappelli, interventor federal na segurança do Distrito Federal, dá coletiva de imprensa junto à autoridades e chefes de segurança do DF sobre manifestação bolsonarista programada para hoje. Ele aparece sentado, de lado, segurando microfone na mesa - Metrópoles
1 de 1 Ricardo Cappelli, interventor federal na segurança do Distrito Federal, dá coletiva de imprensa junto à autoridades e chefes de segurança do DF sobre manifestação bolsonarista programada para hoje. Ele aparece sentado, de lado, segurando microfone na mesa - Metrópoles - Foto: Wey Alves/Especial Metrópoles

O interventor na segurança pública do Distrito Federal, Ricardo Cappelli, afirmou, nesta sexta-feira (27/1), que “na melhor das hipóteses, faltou comando e responsabilidade” por parte de Anderson Torres, ex-ministro que atuava como Secretário de Segurança Pública do DF, no dia em que bolsonaristas extremistas invadiram e depredaram o Congresso Nacional, Supremo Tribunal Federal (STF) e o Palácio do Planalto.

Durante apresentação do relatório sobre os fatos ocorridos em 8 de janeiro Cappelli disse que “ficou claro” o impacto da posse de Anderson Torres, que gerou “instabilidade” na Secretaria de Segurança Pública. “Ele fez exonerações, trocas. Logo depois, ele viajou. O gabinete recebeu relatório de inteligência e não teve nenhum desdobramento”, afirmou.

O interventor refere-se ao relatório de inteligência, do dia 6 de janeiro, que apontou mobilização com ameaças para dois dias depois.

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Cappelli comentou que foi pessoalmente, junto ao comandante-geral da PMDF, coronel Klepter Rosa, e ficou em constante comunicação com o delegado-geral da Polícia Civil do DF, Robson Cândido, na Esplanada dos Ministérios, no dia 11 de janeiro, véspera de uma nova manifestação convocada para a área de Brasília. No dia 12, com forte esquema de segurança, apenas três manifestantes apareceram.

“Na melhor das hipóteses, faltou comando e responsabilidade. A Justiça está apurando. Esse conjunto de coincidências podem caracterizar algo muito pior”, disse Cappelli.

Ex-comandante da PMDF

Durante a apresentação do relatório, Cappelli também disse que o então comandante-geral da Polícia Militar do DF (PMDF), coronel Fábio Augusto Vieira, “perdeu a capacidade de comando das tropas ao longo do dia 8 de janeiro”.

Em relação ao ex-comandante-geral da PMDF, o interventor deu exemplo de qual comando não foi cumprido: “Ligou, cobrava cavalaria, e recebia sempre mensagem de que está indo, estava chegando e nunca chegou.”

O coronel está preso por ordem do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, no âmbito da investigação de eventual omissão ou conivência da chefia da PMDF durante a invasão e depredação das sedes dos Três Poderes.

Inquéritos policiais abertos

Na coletiva, Cappelli detalhou os inquéritos policiais militares abertos até o momento:

  • Um para investigar militares do Choque que não impediram entrada de extremistas;
  • Um para investigar policiais que estavam conversando e tirando fotos;
  • Um para apurar envolvimento dos ex-comandantes no ato;
  • Um para apurar envolvimento de policiais militares na arrecadação de dinheiro e segurança no acampamento no QG do Exército;
  • Um para conduta de policial que derrubou manifestante;
  • Um para as imagens sobre invasão no STF.

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