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Neuroplasticidade: turbine seu cérebro através das técnicas de Carol Dweck

Não dá para ignorar as novas descobertas sobre o cérebro humano. Aprenda a melhorar sua vida por meio dos ensinamentos da PhD

atualizado

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RubberBall Productions/Getty Images
Criança, cérebro e a psicóloga Carol Dweck
1 de 1 Criança, cérebro e a psicóloga Carol Dweck - Foto: RubberBall Productions/Getty Images

O cérebro é o núcleo de inteligência e aprendizagem do ser humano. Ele carrega o status de ser o grande processador de informações e de armazenamento com capacidade praticamente infinita. O órgão mais complexo do corpo esconde enigmas que instigam pesquisadores a estudarem o seu funcionamento. Quem se especializou em explorar os mistérios cerebrais foi a psicóloga Carol Dweck, professora da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos.

PhD pela Universidade de Yale, nos EUA, Carol é a quarta personagem da série da coluna Claudia Meireles sobre estudos inovadores e eficazes voltados para o bem-estar. Autora do livro Mindset: A nova psicologia do sucesso, a especialista atua nos campos da psicologia social, da personalidade e do desenvolvimento. Ao trafegar, com afinco, nas áreas de pesquisa, ela verificou a capacidade do cérebro em adaptar-se às mudanças e crescer.

Neuroplasticidade

Os estudos de Carol comprovam que homens e mulheres ao compreenderem como funciona o próprio cérebro são capazes de melhorar a si mesmos e entender o relacionamento com parceiros, chefes, amigos e filhos. “Cada dia nos apresenta formas de crescer e de ajudar as pessoas que nos são queridas. Sei que sou uma pessoa mais viva, corajosa e aberta por causa disso”, garantiu Carol.

Carol Dweck
Carol Dweck é professora na Universidade de Stanford, nos EUA

A princípio, acreditava-se que somente o cérebro de uma criança era completamente mutável devido o processo de crescimento físico e por estar em fase de aprendizado. A partir de investigações científicas, descobriram que o órgão também transforma-se na idade adulta e continua apto para adquirir novas habilidades, o que requer treino. A capacidade cerebral de moldar-se, no âmbito estrutural e funcional, às novas experiências é definida como neuroplasticidade.

“Pesquisas recentes revelam que o cérebro se parece mais com um músculo: ele se modifica e se fortalece quando você o usa. Quando aprende algo novo, aquelas minúsculas conexões cerebrais, na verdade, se multiplicam e ficam mais fortes. Quanto mais você desafia o cérebro a aprender, maiores ficam as células do seu cérebro. Nesse momento, atividades que achava difíceis ou mesmo impossíveis, parecem ficar fáceis. O resultado é um cérebro mais forte e inteligente”, escreveu Carol no livro.

Mindset construtivo x mindset fixo

Atingir maiores níveis da atividade cerebral, porém, depende da mentalidade de cada pessoa, segundo avaliou Carol ao longo dos estudos no campo da psicologia humana. As pesquisas da especialista deram origem ao conceito de mindset (mentalidade, em português), ou seja, o conjunto de manifestações de ordem mental (crenças, morais e disposições psíquicas) que, ao ser adotado, afeta profundamente a forma de conduzir a vida.

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A visão de mundo de cada pessoa pode tanto servir como mola propulsora quanto impedi-la de cumprir objetivos. Diante das atitudes opostas, a professora de Stanford definiu como mindset construtivo e mindset fixo. O primeiro abrange os indivíduos que enxergam a inteligência, talento e obstáculos como características a serem desenvolvidas: “Pessoas com o mindset de crescimento não se rotulam nem se desesperam. Embora possam sentir-se aflitas, estão dispostas a assumir os riscos, enfrentar os desafios e continuar a esforçar-se”.

Já pessoas com o mindset fixo caminham ao contrário, conforme esclarece a psicóloga: “[…] acreditam que o talento é tudo. Não gostam de aprender. Não progridem com os desafios. Quando algo fica complicado, geralmente entrega. Não aplica todo o seu potencial”. Neste caso, críticas e avaliações ruins são consideradas prejudiciais e devem ser evitadas a todo custo por reforçar que não são talentosos ou inteligentes o bastante. Outro comportamento comum é a desistência perante aos obstáculos. Eles temem devido ao alto risco de fracasso.

Exemplo

Carol Dweck desenvolveu o método para entender o funcionamento cerebral em escolas norte-americanas. A técnica de valorizar o esforço dos alunos ganhou notoriedade entre educadores, empresários e atletas, como Michael Jordan. “A resistência mental e o coração são muito mais fortes do que algumas das vantagens físicas que você pode ter. Sempre disse e acreditei nisso”, revelou o ex-jogador de basquete à especialista durante uma entrevista para a elaboração do livro.

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Carol Dweck explica os dois tipos de mindset por meio do gráfico elaborado por Nigel Holmes

Guiado pelo mindset construtivo, Jordan percebeu, desde a juventude, que o reconhecimento profissional não vem do talento, mas da dedicação e do trabalho árduo. Mesmo no auge do sucesso e da fama, o ex-atleta costumava praticar seus arremessos por horas após os jogos, independente da vitória ou derrota. A obstinação da lenda do basquete tem muito a dizer sobre o método de Carol como possibilidade de dominar o cérebro e levar uma vida de maior realização pessoal, profissional e emocional.

Hora da mudança

Por mais que um indivíduo tenha chegado à fase adulta e identifique-se com a mentalidade fixa, Carol Dweck explica que cada um de nós é capaz de modificar-se por meio do esforço e da experiência. Um quesito a ser levado em consideração é a força de vontade. Ela precisa ser incentivada com as estratégias corretas. A psicóloga bate na tecla que uma mudança de vida não ocorre de uma hora para outra, apesar das aparências enganarem.

“Seja qual for o motivo pelo qual as pessoas mudam de mindset, é preciso conservar a mudança. É espantoso: logo que um problema melhora, as pessoas param de fazer aquilo que operou a melhora. Mudanças necessitam de sustentação ou desaparecerão mais rapidamente do que surgiram”, ressalta a professora da Universidade de Stanford.

Embarque na jornada

De acordo com a psicóloga, mudar de mindset não é uma questão de seguir passo a passo alguns conselhos quando convém. Na concepção da PhD, trata-se de treinar para ver as situações de uma maneira totalmente nova. Ela pontua dualidades, como marido e mulher; pais e filhos; professores e alunos; treinadores e atletas; e gestores e colaboradores. Se, a princípio, a responsabilidade nas esferas sociais está enraizada entre julgar e ser julgado, no mindset de crescimento, a fórmula gira em torno de aprender e ajudar a aprender.

Mulher e cérebro
Segundo a psicóloga, conhecer o próprio cérebro permite melhorar o relacionamento com as outras pessoas

“Você é quem tem de decidir se a mudança é adequada neste momento. Seja como for, mantenha o mindset de crescimento em seus pensamentos. Quando enfrentar obstáculos, recorra a ele, que estará sempre a seu dispor e mostrando um caminho para o futuro”, sustentou a psicóloga. Para trabalhar a transformação cerebral do mindset fixo ao de crescimento, a especialista criou uma “jornada” com quatro passos.

  • Passo 1: abrace seu mindset fixo. Segundo Carol, o ser humano é uma mistura das duas mentalidades e cabe a cada pessoa reconhecer em que parâmetro está para, então, trabalhá-lo.
  • Passo 2: enquanto lê essa reportagem, perguntou-se o que desencadeia o seu mindset fixo? Fracassos? Críticas? Prazos? Desentendimentos? Vale avaliar quais são os gatilhos da mentalidade da inteligência estática.
  • Passo 3: quando o mindset fixo ressurge, parece que outra pessoa toma conta de seu corpo? Pois bem, cabe identificar em quais situações essa persona aparece e nomeá-la. Fica a dica de Carol Dweck: “É a parte de você, mas não sua parte principal. Talvez, dê um nome que não goste para te lembrar que ela não é a pessoa que quer ser”.
  • Passo 4: quanto mais ciente estiver dos gatilhos do mindset fixo, mais estará preparado para a chegada da persona quando optar por sair da zona de conforto. A psicóloga instrui a convidar o “outro eu” ao seguir rumo a jornada de crescimento: “Olha, sei que isso pode não funcionar, mas realmente gostaria de tentar. Posso contar com seu apoio?”.

Em 2014, a psicóloga fez uma palestra no TED Talks com o tema O poder de acreditar que se pode melhorar. Clique aqui para assistir ao vídeo legendado.

 

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