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Após prisão, “falsa herdeira” da alta sociedade de NY ganhará filme

Anna Sorokin (ou Anna Delvey), que deu golpes graves em instituições financeiras, ganhou US$ 320 mil da Netflix para a produção de um filme

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@netflixinventinganna/instagram/reprodução
Anna Sorokin
1 de 1 Anna Sorokin - Foto: @netflixinventinganna/instagram/reprodução

Imagine um filme em que uma jovem moradora dos Estados Unidos se passa por uma herdeira milionária para tentar obter empréstimos de bancos e instituições financeiras. O chocante disso tudo é que essa história é real. Trata-se de Anna Sorokin (que também atende por Anna Delvey), cidadã alemã de 30 anos que adotou o território americano como seu e ficou conhecida, em 2018, após viver um estilo de vida bastante luxuoso no cenário nova-iorquino, enquanto fingia ter US$ 60 milhões no bolso por meio de uma identidade falsa. Seu esquema foi descoberto e ela, presa sob a acusação de furto, em 2019.

Segundo Anna, grande parte da quantia que conseguiu tirar seria destinada à Fundação Anna Delvey, um restaurante e espaço de arte. Seu advogado afirmou ao site Insider que, embora ela devesse dinheiro a algumas pessoas, suas ações não poderiam ser consideradas um crime. Como a jovem é cidadã alemã, ela poderia ser deportada dos Estados Unidos.

Anna Delvey
Anna Sorokin

Quatros anos se passaram e Anna saiu da detenção. De acordo com o Departamento Penitenciário do Estado de Nova York, ela foi liberada no último dia 11 e será submetida à liberdade condicional. A sentença incluiu o tempo que a alemã passou na prisão, em Rikers Island, antes de seu julgamento, e foi reduzida por bom comportamento.

Mal deixou o cárcere e a jovem já quer mostrar que está de volta. Ela criou uma conta no Twitter, publicou textos em seu blog pessoal e até divulgou no Instagram seu mais novo projeto, o Anna Delvey TV. Esse último projeto consiste em filmar tudo o que faz para, quem sabe, aproveitar o material gravado para algo no futuro. Ela informou ao Insider que o Anna Delvey TV é uma forma de controlar o que quer dizer.

Contrato com a Netflix

Embora esteja cheia de planos, a novidade fica por conta da Netflix, que havia pago a ela US$ 320 mil para produzir uma série limitada sobre sua história como “herdeira falsa”. Anna será interpretada por Julia Garner, estrela de Ozark, série de televisão norte-americana de drama e suspense criada por Bill Dubuque.

As filmagens já começaram, mas foram interrompidas devido à pandemia do novo coronavírus. Entretanto, as gravações foram retomadas, e a previsão para lançamento é ainda este ano.

Investing Anna será produzida pela Shondaland e terá como base a primeira reportagem sobre a jovem alemã, um artigo escrito por Jessica Pressler para a revista New York.

Pagamento de dívidas

Anna Sorokin usou US$ 199 mil do pagamento da Netflix para restituir os bancos, mais outros US$ 42 mil para liquidar multas estaduais, além dos iniciais US$ 75 mil em honorários advocatícios.

Anna Delvey
Anna Sorokin
História paralela

A HBO também se movimentou quanto ao assunto, mas de outra maneira: comprou os direitos para adaptar a história de Rachel Williams, uma ex-amiga de Anna Sorokin que afirmou ter sido enganada por ela após emprestar US$ 62 mil para pagar uma viagem ao Marrocos. Sem ter o dinheiro de volta, Rachel recorreu à polícia. Mais tarde, escreveu o livro My Friend Anna, que aborda sua experiência com a jovem.

Livro My Friend Anna
Livro My Friend Anna

O projeto da HBO foi anunciado em agosto de 2019, mas não há atualizações sobre seu andamento. No julgamento de Anna Sorokin, Rachel Williams disse que a HBO e Simon & Schuster estavam pagando a ela uma quantia coletiva de US$ 110 mil. Porém, o júri considerou a “golpista” inocente da acusação da ex-amiga.

Carta a Trump

Enquanto permaneceu na prisão Albion Correctional Facility, no interior de Nova York, Anna Sorokin escreveu sobre suas experiências e fez uma carta aberta irônica ao ex-presidente Donald Trump, dando-lhe conselhos sobre como lidar com a vida atrás das grades.

“Sinto que é meu dever compartilhar minha sabedoria recém-adquirida com alguém que terá muito tempo e oportunidade de colocá-la em bom uso — você”, escreveu.

Dentre as sugestões, estão: “Seja gracioso com os funcionários do Departamento de Correções” e  “não acredite na besteira de ‘bom comportamento'”.

Ela também aconselhou o ex-presidente a “fazer amigos certos em segurança”, encontrar um telefone celular, manter-se limpo e “ficar longe de aspirantes a roteiristas e produtores”.

Cárcere

Em uma audiência realizada em outubro, Anna falou que sentia muito por suas ações e, assim, conseguiu a liberdade antecipada. “Só quero dizer que estou realmente envergonhada e realmente sinto muito pelo que fiz”, afirmou, segundo o New York Post. “Eu entendo perfeitamente que muitas pessoas sofreram quando pensei que não estava fazendo nada de errado”, acrescentou.

Anna Sorokin
Anna Sorokin

No domingo (14/2), Anna Sorokin deu uma entrevista pelo Zoom ao site Insider, mas não quis entrar em detalhes sobre o julgamento. Questionada sobre o tempo na prisão, ela assumiu que ficou chateada, mas que não era algo tão ruim “ao ponto de servir de impedimento para crimes futuros”.

“Você não pode ter roupas ou um telefone. Mas, de qualquer forma, se você se concentrar nas coisas que gosta e deseja fazer, pode fazer com que funcione”, revelou ao veículo.

Anna também destacou sobre o status de celebridade que possuía na cadeia. Segundo a jovem, todos ali sabiam quem ela era.

Interrogada sobre o fato de o New York Times ter divulgado que ela não lamentava pelo que fez, o que contrariou a resposta dada ao conselho de liberdade condicional, a jovem explicou que “o arrependimento é apenas um sentimento inútil, porque, claramente, não posso voltar no tempo e mudar nada”.

Segundo a cidadã alemã, ela precisa lidar com as consequências de suas ações, mas parar para pensar em tudo o que fez seria uma “grande perda de tempo”.

“Só estou tentando consertar as coisas e seguir em frente”

Anna Sorokin

Refletir enquanto estava na prisão não foi necessário, de acordo com a entrevistada. “Não tenho problemas comigo como pessoa, porque sei que nunca planejei fraudar ninguém. De quem quer que eu pegasse o dinheiro, pensei que eles iriam recebê-lo de volta. Portanto, nunca precisei de tempo para refletir sobre isso”, assegurou. Contudo, Anna frisa que a situação a fez pensar sobre o sistema de justiça criminal e “como ele é inútil”.

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“Eu sinto que é uma loucura. Para prender as pessoas, tirar tudo delas e apenas esperar que elas se reformem. O que isso deveria fazer por você? Você está privado de tudo. A mesma solução para todos, não importa o que você tenha feito? Quando você é um criminoso, a mentalidade é muito diferente, independentemente de você matar alguém ou vender drogas. O lugar de onde você vem não é comparável. Eles têm essa solução universal para todos, e não deveria ser assim”, defendeu Anna.

Livro autoral

Outra iniciativa da ex-prisioneira é a produção de um livro. “Vai ser algo semelhante às três peças anteriores que postei no meu site. Mas eu tenho literalmente 10 caixas cheias de papelada onde anotei minhas palavras. Então, eu só preciso colocar tudo junto”, comentou, na entrevista.

Anna explicou que a obra contará com sua opinião sobre o sistema de justiça criminal e sua experiência lá dentro. “Sinto que há tantas coisas por aí que se concentram apenas em como as prisões são cruéis ou algo assim. Essa não foi a minha experiência de forma alguma — talvez porque eu sou mulher, e não sofri nenhum abuso”, disse.

Para saber mais, siga o perfil da coluna no Instagram.

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