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Resistência LGBT: nossos direitos não podem ser moeda de troca

No DF, projeto de procuradoria especial está parado desde fevereiro. Até quando os poderosos vão negar que existe perseguição a LGBTs?

atualizado

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André Borges/Especial para o Metrópoles
bandeira LGBTI
1 de 1 bandeira LGBTI - Foto: André Borges/Especial para o Metrópoles

Segundo matéria veiculada pelo Metrópoles, o projeto de criação da Procuradoria LGBT da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) está parado desde fevereiro. Mas o texto me fez perguntar: o que leva alguém a simplesmente negar a violência sofrida por outra pessoa, como alguns parlamentares entrevistados?

Já tem um tempo que nada une mais duas pessoas do que odiarem/rejeitarem alguém em comum. Não nos unimos mais em torno de uma mesma afirmativa, mas ao negarmos algo em comum. É o sinal dos tempos. E foi isso que mais me chamou atenção na matéria a respeito da procuradoria LGBT: o que leva um deputado distrital que se identifica com uma pauta dita religiosa afirmar expressamente que não há perseguição a LGBTs em Brasília?

Há os dados da violência, mas ele diz que não tem dados, que o Supremo Tribunal Federal (STF) já dá visibilidade suficiente à questão e, portanto, não haveria necessidade da procuradoria. Ainda bem que o repórter traz os números das denúncias no corpo do texto.

Existem diferentes formas de violência: a do roubo, a contra a mulher, a sexual, a do trânsito, a contra LGBTs, para dar alguns exemplos. Não dá para tratar a vítima de uma da mesma forma que a vítima de outra, nem usar as mesmas estratégias de combate. Seria apenas desperdício de recursos e nenhuma chance de alcançarmos os resultados esperados.

Por isso é tão importante que exista, por exemplo, a Delegacia Especial de Repressão aos Crimes por Discriminação Racial, Religiosa ou por Orientação Sexual ou Contra a Pessoa Idosa ou com Deficiência (Decrin) ou a Casa Rosa para apoiar LGBTs, assim como as instituições especializadas de apoio a mulheres ou a crianças e adolescentes. Apoio e formas de combate diferentes para os diferentes tipos de vítimas.

Ao mesmo tempo, não consigo compreender como o aumento da rede de proteção de um grupo vulnerável pode significar a redução da proteção de outro. Essa ação só vai te atingir se você se encontra no grupo dos que querem oprimir e violentar. Caso contrário, não. Mas há tempos que, saber que uma pessoa é religiosa, não significa que ela é solidária com as camadas mais vulneráveis, infelizmente.

Ou como bem disse Leandro Karnal, gosto nas religiões justamente quando elas vão na contramão do sistema posto. Quando ela trabalha para diminuir a pobreza, quando ela faz uma mulher em situação de violência se reerguer e entender que não precisa viver naquele relacionamento e – aqui é um acréscimo meu – quando alguém que crê se sente proibido de renegar o outro por ser de gênero ou orientação sexual divergente da sua.

Quando se trata de política, historicamente a resistência aos direitos dos LGBTs não tem partido. Vem da direita e da esquerda, da bancada da Bíblia e da ateia. Por quê? Pelo motivo que falei no começo do texto: nada une mais duas pessoas que elas odiarem uma terceira em comum. Temos que cortar isso. Não podemos mais ser massa de manobra, nem nossos direitos podem mais ser moeda de troca.

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