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Show de Gusttavo Lima é risco calculado, diz secretário de Saúde de GO

Para secretário, recuo da pandemia permite riscos calculados, como show sertanejo, mas também é sinal para retomada de problemas represados

atualizado

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Vinicius Schmidt/Metrópoles
Ismael Alexandrino Goiás
1 de 1 Ismael Alexandrino Goiás - Foto: Vinicius Schmidt/Metrópoles

Goiânia – Um ano, sete meses e sete dias desde os primeiros casos confirmados da Covid-19 em Goiás, o resultado da pandemia é a triste marca de quase 24 mil mortos no estado, mas o cenário atual é de melhora nos indicadores de ocupação de leitos, com a vacinação.

E é por conta dessa melhora que o Governo de Goiás apoia o evento-teste do cantor sertanejo Gusttavo Lima, com público estimado de 15 mil pessoas, marcado para 23/10 em Goiânia. O secretário estadual de Saúde Ismael Alexandrino falou sobre essa retomada com o Metrópoles. Ele avalia que o evento terá um “risco calculado”.

“É um quantitativo significativo (de público)? É. Mas nesse momento, o contágio está bem mais baixo, o número de internações está bem mais baixo, a parcela da população vacinada está ampla. Acho que é o momento de dar mais esse passo. Não é algo isento de risco. É um risco calculado para buscar a normalidade da vida”, avalia o secretário.

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Ilusão

Ismael diz que não tem ilusão que todos vão estar de máscara durante o show, mas afirma que certamente a maioria estará vacinada ou com teste negativo. Haverá testagem do público e monitoramento durante 15 dias.

“A gente precisa fazer isso agora, porque estamos à véspera de réveillon, Natal e de certa maneira o Carnaval. Quem controla o Carnaval? Se não souber nesse momento como fazer instruções adequadas e compatíveis com a realidade, nós vamos chegar no Carnaval e seremos surpreendidos pelo caos.”

50 mil na fila

A palavra retomada não é sinal apenas para se fazer grandes eventos. Essa melhora dos indicadores da pandemia já permite usar para outras doenças, leitos antes destinados a pacientes com coronavírus, e até planejar a transformação de hospitais de campanha em maternidade e hospital geral.

O desafio agora é atender os sobreviventes da Covid-19 que tiveram sequelas, os dezenas de milhares que aguardam por cirurgias, que não puderam ser realizadas por causa da pandemia, e fazer a retomada de áreas sensíveis da saúde em Goiás, que acabaram paralisadas no último ano.

Ismael estima que em Goiás há cerca de 50 mil pessoas à espera de procedimentos eletivos, que não são considerados de urgência. São cirurgias ortopédicas, oftalmológicas, no aparelho digestivo, entre outras, que foram suspensas em alguns momentos durante a pandemia, por causa da demanda gigantesca de pacientes graves com a Covid-19.

A Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SESGO) deve lançar um edital de credenciamento nos próximos 30 dias, para contratar cirurgias em unidades privadas, principalmente no interior, segundo Alexandrino.

Sequelas impactam saúde

Além das cirurgias eletivas represadas, a pandemia também impactou o sistema de saúde com os pacientes doentes por conta das sequelas da Covid, segundo Ismael.

São pacientes que tiveram coronavírus e se recuperaram, mas continuam a vida com problemas como doenças vasculares, sequelas psicológicas, perda de memória, olfato e paladar.

“Já deu pra sentir o impacto. Muitas pessoas estão afastadas por não ter condições de trabalhar. Tem impactado ambulatórios, tanto as policlínicas, quanto a atenção primária”, conta Ismael Alexandrino.

Vacina ainda é questão

Apesar da melhora dos indicadores, a vacinação em Goiás segue incompleta. De acordo com Ismael Alexandrino, mais de meio milhão de goianos não se vacinaram ainda.

“Mais de meio milhão de pessoas não se vacinaram por opção. O que nos preocupa é que não é por falta de vacina. Tivemos no início ausência de vacina, depois pouca quantidade. Hoje não é por falta, é por opção”, relata o secretário.

O secretário diz que não há constitucionalidade para o passaporte vacinal, documento que impediria pessoas não vacinadas contra a Covid-19 de entrar em determinados lugares. Ismael defende iniciativas do setor privado para esse tipo de controle.

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“Ultimamente no Brasil, o pessoal dá o nome para alguma coisa, estigmatiza aquilo, e aquilo vira bandeira, do sim ou do não. Passaporte da vacina foi uma coisa dessa. Você não precisa ter um cartão chamado passaporte da vacina. Mas você pode ter medidas no seu estabelecimento, que prive as pessoas que não foram vacinadas de entrar”

Leitos vasculares

O fim da lotação máxima nos hospitais de pacientes graves com a Covid-19 também abre espaço para a retomada de projetos que foram represados. É o caso da falta de leitos vasculares, destinado para pacientes com problemas graves de saúde, como obstrução de artéria e aneurisma.

Em meados de setembro deste ano, mais de 30 pacientes aguardavam por uma vaga de leito vascular. Ismael Alexandrino defende que não houve investimento nessa área em gestões passadas.

“Se tivesse investido nessa área até hoje, talvez teríamos menos problemas. Tínhamos começado de forma incipiente, antes da pandemia. Com a pandemia a gente acabou recuando. Agora, a gente retoma isso”, afirma o secretário.

Os hospitais estaduais de Anápolis e Aparecida de Goiânia devem ser os primeiros a receber esse tipo de leito. Também há previsão para as unidades de São Luís de Montes Belos e Formosa, no Entorno do Distrito Federal (DF).

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