Covid: Goiás quer transformar hospitais de campanha em maternidade
Com redução do número de internações, estado promete ainda criar hospitais gerais. Rede privada também faz desmobilização de leitos
atualizado

Goiânia – Em meio à queda no número de internação de pacientes com Covid-19, Goiás intensifica a desmobilização de leitos de unidade de terapia intensiva (UTI) da rede pública estadual até então destinados exclusivamente a pessoas com a doença. A promessa do governo é transformar hospitais de campanha, abertos no período crítico da pandemia, em maternidades ou hospitais gerais.
O secretário de Saúde de Goiás, Ismael Alexandrino, confirmou ao Metrópoles o plano de desmobilização dos leitos. “A desmobilização gradativa já começou”, afirmou. A rede estadual, incluindo as unidades conveniadas, tem 410 vagas de UTI Covid, mas 59% delas (242) estavam desocupadas na noite de segunda-feira (18/10).
No caso de hospitais que já existiam antes da pandemia, as vagas de UTI deles voltarão a ser destinadas a internações gerais. “A tendência é aumentar [a desmobilização] nos próximos meses”, disse o secretário. A situação também se estende para a unidades de saúde da rede privada.

Paciente recebe cuidado paliativo em área que foi usada como UTI Covid, no HGG, em Goiânia, Goiás Vinícius Schmidt/Metrópoles

Lotada na área da pandemia como UTI Covid, área de hospital em Goiânia volta a ser usada para cuidados paliativos de pacientes em geral Vinícius Schmidt/Metrópoles

Sala de cuidados paliativos no HGG, em Goiânia, Goiás Vinícius Schmidt/Metrópoles

Área volta a ser usada para cuidados paliativos de pacientes gerais, depois de operar como UTI Covid, no HGG, em Goiânia, Goiás Vinícius Schmidt/Metrópoles

Cursos são para área da Saúde Vinícius Schmidt/Metrópoles

Profissional de saúde no Núcleo de Apoio ao Paciente Paliativo do Hospital Geral de Goiânia (HGG), em Goiás Vinícius Schmidt/Metrópoles

Cuidados paliativos são realizados em pacientes gerais na área onde funcionou UTI Covid, no HGG, em Goiânia, Goiás Vinícius Schmidt/Metrópoles

Profissional de saúde opera em área do Hospital Geral de Goiânia (HGG), que parou de funcionar como UTI Covid, em Goiás Vinícius Schmidt/Metrópoles

Profissional leva insumos para centro cirúrgico do Hospital Geral de Goiânia, que parou de internar pacientes com Covid, em Goiás Vinícius Schmidt/Metrópoles

Insumos de cuidados paliativos tomam lugar antes ocupados por remédios de UTI Covid, no HGG, em Goiânia, Goiás Vinícius Schmidt/Metrópoles

Insumos de UTI Covid são retirados em área de hospital de Goiânia que passa a ser usada para cuidados paliativos de pacientes Vinícius Schmidt/Metrópoles

Insumos para cuidados paliativos, no Hospital Geral de Goiânia (HGG), em Goiás Vinícius Schmidt/Metrópoles

Parte do Núcleo de Apoio ao Paciente Paliativo, no Hospital Geral de Goiânia (HGG), Goiás Vinícius Schmidt/Metrópoles
De 900 para 7
No auge da pandemia, a rede estadual chegou a registrar 900 pedidos para internação em leitos Covid, por dia, e, atualmente, esse número caiu para 7. Por causa dessa redução e consequente ocupação das vagas, o estado tem o desafio de buscar saídas para que a população não fique desamparada, com unidades de saúde subutilizadas ou abandonadas em suas cidades.
Desde o início de agosto, segundo dados da Secretaria Estadual de Saúde de Goiás (SESGO), a taxa de ocupação de leitos de UTI Covid da rede pública estadual está em torno de 40%. Os números de mortes e de internação por complicações da doença têm apresentado queda, apesar de quase 60% da população ainda não ter sido vacinada.
Se a pandemia for controlada e a promessa do governo sair do papel, mais de 200 vagas de UTI deverão ser abertas para a população no estado, considerando o total delas em hospitais de campanha que existem em seis municípios: Goiânia, Itumbiara, Formosa, Jataí, Luziânia e Uruaçu. Incluídas as enfermarias, o número de leitos sobe para 600.
Chamamento
O estado abriu processo de seleção de organização social para gestão compartilhada do hospital em Uruaçu, que vai funcionar com parte geral, maternidade e oncologia. A unidade de saúde passará a operar com novo perfil de atendimento em até 60 dias, segundo previsão oficial.
“Já fizemos chamamento da gestão do hospital em Uruaçu para parte geral, maternidade e oncologia. É um hospital que vai ficar muito mais caro que o custo de hoje, mas as estruturas não serão desmobilizadas. Terão seu perfil mudado para atender geral e maternidade”, disse Alexandrino.
Uma ala do Hospital Geral de Goiânia (HGG), transformada temporariamente em UTI para pacientes com Covid, também já voltou a ser usada com a sua finalidade original de amparo a pacientes paliativos.
Além disso, o hospital de campanha na capital, que tem apresentado baixa no número de internações de pacientes com Covid, passará a funcionar como a nova unidade materno infantil. A expectativa é de que seja o último a ser desmobilizado, por ser referência para tratamento a pessoas com a doença no estado.
O Hcamp de Goiânia estava com apenas 20% de ocupação dos leitos de UTI Covid na segunda-feira.
Leitos UTI Covid
Veja histórico do número de vagas em UTI Covid para adultos em Goiás, segundo dados do governo estadual:
- Outubro/2021: 410
- Setembro/2021: 494
- Agosto/2021: 587
- Julho/2021: 597
- Junho/2021: 587
- Maio/2021: 567
- Abril/2021: 559
- Março/2021: 418
- Fevereiro/2021: 396
- Janeiro/2021: 257
- Dezembro/2020: 251
- Novembro/2020: 258
- Outubro/2021: 270
- Setembro/2021: 318
- Agosto/2020: 299
- Julho/2020: 292
- Junho/2020: 193
- Maio/2020: 113
- Abril/2020: 83
- Março/2020: 68
“Vacinação em massa”
A desmobilização dos leitos de Covid deve aumentar, conforme mais pessoas receberem a vacina. “A gente vai ter campanha de vacinação no próximo ano inteiro, porque é preciso vacinar em massa toda a população”, disse o secretário.
“A tendência é diminuir bastante [o número de leitos Covid], até que não tenha necessidade de ter unidades específicas e que a doença passe a ser tratada como as demais, mas com necessidade de isolamento das pessoas contaminadas”, afirmou Alexandrino.
Agora, com a diminuição de pacientes internados com Covid, o estado também promete retomar a realização de cirurgias eletivas, que foram suspensar durante o período crítico da pandemia. No total, mais de 1,3 mil pessoas aguardam por esse tipo de procedimento.
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A diminuição de vagas de internação para pacientes contaminados com o coronavírus também ocorre na rede privada.
O presidente da Associação dos Hospitais Privados de Alta Complexidade do Estado de Goiás (Ahpaceg), Haikal Helou, disse que as unidades de saúde associadas têm 186 leitos de UTI, com 35,5% de ocupação, e 222 leitos comuns, com 16,2% ocupados.
“Os hospitais estão desmobilizando os leitos que foram destinados a pacientes com Covid por causa da diminuição na demanda e voltando a convertê-los para as suas finalidades de origem”, afirmou ele.