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Prévias do PSDB têm acusações e disputa voto a voto na reta final

O embate é protagonizado por João Doria e Eduardo Leite, que nos últimos meses têm andado pelo país em busca de apoio no partido

atualizado

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Governo de São Paulo
Eduardo Leite e João Doria
1 de 1 Eduardo Leite e João Doria - Foto: Governo de São Paulo

São Paulo – A menos de um mês das prévias que definirão o candidato do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) para a Presidência da República em 2022, os governadores de São Paulo, João Doria, e do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, além do ex-prefeito de Manaus, Arthur Virgílio, disputam voto por voto, trocam acusações e tentam engrossar a lista de apoios em todas as regiões do país.

Apesar de haver três candidatos, o embate que ocorre em 21 de novembro é protagonizado por Doria e Leite, que nos últimos meses têm andado pelo país em busca de apoio de nomes importantes da sigla, de governadores, prefeitos, vices, deputados federais e senadores. E a divisão é grande.

Os dois lados se dizem otimistas, mas é difícil cravar quem de fato vencerá o pleito. Se Doria começou a campanha visto como favorito, justamente por governar o estado com maior número de tucanos no país, o reinado do paulista tem sido ameaçado nas últimas semanas: Leite ganhou apoios importantes em diversos estados, tem intensificado sua agenda em São Paulo, e a percepção é que a disputa deva ser apertada.

Até o momento, o gaúcho leva vantagem em relação à aprovação formal de diretórios estaduais – segundo sua campanha, conta com o respaldo do PSDB do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Bahia, Minas Gerais, Amapá, Ceará e Alagoas.

Já o paulista traz o apoio oficial dos diretórios do Distrito Federal, Acre, Pará, Tocantins e Rio Grande do Norte, além de São Paulo, e questiona o suporte a seu oponente em Santa Catarina e Paraná – segundo sua campanha, há um “racha” nestes estados.

O fato de um diretório fechar questão a favor de um dos candidatos não vincula o voto de todos os filiados da região, mas indica que há um suporte de nomes políticos importantes naquela área.

A campanha de Doria o vende como “pai da vacina” por conta da Coronavac, destaca o crescimento econômico de São Paulo e as obras em andamento no estado, além de fazer oposição mais direta ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e ao ex-presidente Lula.

Leite, por sua vez, evita falar o nome de opositores em seus eventos, exalta seu sucesso na restruturação das contas públicas do Rio Grande do Sul, critica “dois extremos” no país e diz que eleição não se vence com ataques.

Apoios importantes

Todo voto importa, mas dois estados-chaves na disputa são São Paulo e Minas Gerais. O primeiro concentra cerca de 20% do total de membros do país, com cerca de 300 mil filiados, 237 prefeitos e 146 vice-prefeitos, além de oito deputados federais e dois senadores. O PSDB mineiro traz 144 mil filiados, 84 prefeitos, 64 vice-prefeitos, além de cinco deputados federais.

Doria possui o respaldo do tucanato paulista, tanto da executiva estadual quanto da maioria dos prefeitos, e sua campanha projeta uma vitória acachapante no estado. Já Leite é endossado pelos mineiros, inclusive pelo deputado federal Aécio Neves, desafeto de Doria – entretanto, o gaúcho evita citar este apoio ou aparecer ao lado do ex-governador publicamente.

Mas em nenhum dos estados a aprovação é unânime. O mandatário do Rio Grande do Sul tem como um dos principais articuladores de sua campanha o prefeito de Santo André, Paulo Serra, que tenta levar tucanos paulistas para o lado de Leite.

O terceiro vice-presidente do PSDB-SP, Evandro Losacco, se posicionou a favor do gaúcho em 20 de outubro. Leite também já ganhou apoio do diretório municipal de São José dos Campos, no Vale do Paraíba.

Já em Minas, Doria rompeu a barreira de Aécio e garantiu o apoio de um importante nome da política local, o deputado federal Domingos Sávio, também vice-presidente nacional do PSDB. No Rio Grande do Sul, acabou ainda endossado pela ex-governadora Yeda Crusius.

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Viagens

Os dois ainda pretendem viajar mais pelo país em busca de apoio nas prévias. As agendas de campanha só podem ser feitas em fins de semana, já que ambos são governadores.

Leite deve focar em São Paulo. Ele já esteve no estado em quatro ocasiões, tanto na capital, quanto nas cidades de São José dos Campos, Santo André e Sorocaba. Também foi em São Paulo que se reuniu com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. O gaúcho deve ter agenda em terras paulistas novamente em 4 de novembro.

Doria, por sua vez, já visitou 16 estados. É esperado que faça mais algumas movimentações nesta reta final e inclua algum estado do Nordeste em suas visitas. Até o dia 3, estará fora do país – foi aos Emirados Árabes para a ExpoDubai e depois seguiu para Glasgow, na Escócia, para a COP-26, evento que discutirá mudanças climáticas e desenvolvimento sustentável.

FHC já declarou seu apoio a Doria em um vídeo gravado em agosto, e afirmou que o paulista “representa o futuro do Brasil”. Em setembro, Leite se reuniu com o ex-presidente e disse se sentir “respaldado” por ele, mas não houve endosso formal.

Leite possui a seu favor, informalmente, o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin, desafeto de Doria. Oficialmente, o político não opina sobre prévias, mas tem mantido conversas com o gaúcho. Alckmin deve deixar o PSDB logo após as prévias, e ainda não definiu qual será seu partido de destino.

Na Câmara dos Deputados, não há união em torno de um candidato ou outro. O deputado federal mineiro Paulo Abi-Ackel e o gaúcho Lucas Redecker são alguns que lideram a campanha para Leite, enquanto Doria tem a maior parte da bancada de São Paulo a seu lado, com oito deputados, sendo Carlos Sampaio um dos mais ativos na busca por apoio ao governador paulista.

Acusação de fraude e ataque a grupo de WhatsApp

Os candidatos começaram as campanhas para as prévias de forma cordial, sem atacar um ao outro. Mas o clima esquentou nos últimos tempos. Em 15 de outubro, Doria se recusou a participar de debate com Leite e Virgílio, realizado pelos jornais O Globo e Valor. Depois, voltou atrás e decidiu comparecer.

Leite aproveitou para criticar o oponente e disse que “não participar de debate é coisa de Bolsonaro” e esperava “que Bolsodoria não esteja voltando aí”. Desde a semana passada, o cenário chegou a um novo patamar de tensão, quando dirigentes de quatro diretórios estaduais ligados a Leite acusaram o PSDB-SP de fraudar a data de filiação de 92 prefeitos e vices-prefeitos do interior paulista.

Desde o início do ano, a cúpula do tucanato de São Paulo agiu para aumentar o número de prefeitos do PSDB, e conseguiu: foram 62 novas filiações de prefeitos e 46 de vices desde janeiro, em datas diversas.

Mas uma resolução aprovada nacionalmente pelo partido fixa que só podem votar nas prévias quem se registrou na legenda até 31 de maio. Os aliados de Leite alegam que o PSDB-SP filiou 92 pessoas depois disso, mas, ao registrar a filiação no sistema da Justiça Eleitoral, inseriu uma data anterior a 31 de maio, o que daria vantagem de votos a favor de Doria.

A denúncia, claro, gerou mal estar na legenda. Tanto Doria quanto Marco Vinholi, presidente do PSDB paulista, se referiram ao episódio como “tapetão”. “Um completo absurdo essa denúncia, que pretende cercear o direito dos novos filiados de votar e diminuir o colégio eleitoral de São Paulo. Essa eleição será definida no voto e não pelo tapetão”, disse Vinholi na última quarta (27/10).

O imbróglio será decidido nesta segunda-feira (1/11), pela Comissão Especial de Prévias, que conta com sete partidos. O coordenador da comissão, o senador José Aníbal, disse que a solução “será baseada em fatos”, e não de forma política.

Outra polêmica envolvendo as prévias foi a suspeita de invasão do grupo de WhatsApp da campanha de Doria. Na última quarta, foi registrado um boletim de ocorrência pedindo a investigação do hackeamento, após prints de conversas do grupo terem sido divulgados na internet. O coordenador-geral da campanha de Doria, Wilson Pedroso, lamentou que as prévias tenham chegado “a um clima tão belicoso”.

O deputado federal Paulo Abi-Ackel, presidente do diretório do PSDB de Minas, acredita que a acusação de fraude nas filiações “não mancha as prévias”, mas “mancha a candidatura que iria se beneficiar dessa fabricação de eleitores, que é uma prática que costuma acontecer em ambientes não democráticos. Está mais para eleição de grêmio esportivo do que prévias para Presidência da República”. Entretanto, ele espera que cada filiação seja analisada com cuidado e que se trate de uma decisão tomada com cautela e responsabilidade.

Cadastramento para votação

No dia 21 de novembro, filiados do PSDB de todo o país poderão votar para decidir quem será o candidato tucano ao Planalto em 2022. A votação não é obrigatória, e justamente por isso o partido vem fazendo campanhas para que haja maior adesão.

Prefeitos, vice-prefeitos, deputados federais e estaduais, senadores, governadores, vice-governadores, ex-presidentes e o atual presidente nacional do PSDB deverão votar presencialmente, em Brasília, em urnas eletrônicas. Já os outros membros, votarão por meio de um aplicativo. Mas, para todos, é necessário fazer um cadastramento até 14 de novembro.

Os diretórios estaduais têm trabalhado para que os tucanos se cadastrem o mais rapidamente possível. Ackel afirma que essa é uma dificuldade já no radar da campanha de Leite, mas garante que está otimista. “Devemos vencer uma dificuldade que já estava no nosso script que é a mobilização de credenciamento. Isso dá muito trabalho, mas a mobilização está crescendo muito em todos os estados, e isso será suficiente para vencer”, diz.

Vinholi também vê de forma muito positiva o cadastramento dos eleitores PSDBistas, e afirma que, de todos os cadastrados até agora,  60% são filiados de São Paulo. “E o número cresce a cada dia”, calcula.

Os votos são contabilizados de forma diferente a depender do grupo. São quatro grupos de eleitores, cada um com peso de 25% na contagem de votos. O primeiro grupo é composto pelos filiados em geral, o segundo, por prefeitos e vices, o terceiro, vereadores, deputados estaduais e distritais, e o quarto inclui governadores, senadores, deputados federais, o presidente nacional do PSDB e ex-presidentes nacionais do partido.

Sai vencedor aquele que tiver maior quantidade de votos, somando os resultados de todos os grupos. Caso não haja maioria absoluta dos votos para nenhum dos candidatos, haverá um segundo turno – do qual participarão os dois mais votados.

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