metropoles.com

CPI da Covid ouve Wajngarten de olho em Pazuello e atraso de vacinas

Ex-secretário de Comunicação da Presidência culpa ex-ministro por atraso nas vacinas e mau assessoramento do presidente Jair Bolsonaro

atualizado

Compartilhar notícia

Michael Melo/Metrópoles
Fabio Wajngarten, chefe da Secom de Bolsonaro
1 de 1 Fabio Wajngarten, chefe da Secom de Bolsonaro - Foto: Michael Melo/Metrópoles

A CPI da Covid-19 ouve, nesta quarta-feira (12/5), o ex-secretário de Comunicação da Presidência da República Fábio Wajngarten, de olho na estratégia de comunicação do governo Jair Bolsonaro diante da pandemia da Covid-19 e, sobretudo, nos problemas de aquisição de vacinas sob a gestão do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello.

Wajngarten deve concentrar sua fala em duas mensagens principais. Uma delas seguirá a linha mais política e deve estar amparada no argumento de que ele agiu como legítimo representante do governo.

O ex-assessor do Planalto vai fazer o paralelo com episódios em que ele diz também ter atuado como representante do Palácio, mesmo que o assunto não fosse, diretamente, ligado à alçada da comunicação. Wajngarten buscará a oportunidade de citar sua participação nos casos de Brumadinho e do brasileiro preso na Rússia – que, recentemente, conseguiu retornar ao Brasil.

Uma segunda linha de raciocínio que o ex-integrante do governo seguirá tem o objetivo de sensibilizar os senadores. A partir de seu próprio exemplo e o de pessoas próximas que viu adoecer, Wajngarten tentará criar um ambiente de empatia, mostrando que seus gestos no governo teriam sido movidos pelo senso de responsabilidade. Nas entrelinhas, deixará claro que agiu porque o Ministério da Saúde, na gestão de Pazuello, teria sido omisso.

No fim de abril, Wajngarten deu entrevista à revista Veja, na qual responsabilizou Pazuello pelo atraso das vacinas – sobretudo na aquisição das doses da Pfizer, que havia contatado o governo brasileiro em agosto de 2020 –, e por “mau assessoramento” de Bolsonaro na condução da pandemia da Covid-19.

O ex-secretário relatou que se reuniu com diretores da Pfizer, discutiu cláusulas, teria conseguido reduzir preços e obtido compromissos de antecipação da entrega de lotes do imunizante, mas o acordo não prosperou. Os detalhes dessas tratativas serão parte importante da oitiva de Wajngarten na CPI.

“A expectativa é de que a gente possa avançar no tocante ao [que fez o] governo na pandemia, como na contratação das vacinas, uma vez que o ex-secretário anunciou ter intermediado tratativas com fornecedores de vacinas, ações que não teriam tido sucesso por causa de uma posição de Pazuello”, antecipou o senador Alessandro Vieira (Rede-SE).

0

O senador governista Marcos Rogério (DEM-RO) minimizou as expectativas quanto ao depoimento do ex-secretário. “Ele [Fábio Wajngarten] vai ter oportunidade de esclarecer a extensão daquelas declarações, mas não acredito que possa acrescentar muito do ponto de vista dos fatos”, disse.

Depoimentos

O presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antonio Barra Torres, prestou depoimento nessa terça-feira (11/5), e acabou deixando Bolsonaro em situação delicada, por ter salientado diferenças em relação a posições firmes do presidente, como sobre cloroquina e aglomerações.

Na semana passada, os senadores ouviram os esclarecimentos dos ex-ministros Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich, além de explicações do atual ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, que pode ser reconvocado à CPI. Os parlamentares consideraram evasivo o depoimento do atual titular da pasta federal.

Pazuello, que seria ouvido na última quarta-feira (5/5), prestará depoimento em 19 de maio, uma vez que alegou ter tido contato com duas pessoas infectadas pelo novo coronavírus. A avaliação nos corredores da Casa, contudo, é que o ex-ministro, ao não ir na semana passada, trocou uma oitiva “ruim” por uma potencialmente “pior”.

A CPI da Covid-19 tem o objetivo de investigar as ações e omissões do governo federal no enfrentamento da pandemia, e, em especial, no agravamento da crise sanitária no Amazonas com a ausência de oxigênio, além de apurar possíveis irregularidades em repasses federais a estados e municípios.

Compartilhar notícia