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CPI ouve sócio e diretora de empresa que intermediou compra da Covaxin

Francisco Maximiano teve depoimento desmarcado duas vezes pela comissão, e Emanuela Medrades pediu adiamento da oitiva, alegando “exaustão”

atualizado

Hugo Barreto/Metrópoles
Depoimento do gerente-geral da Pfizer na América Latina, Carlos Murillo para a Comissão da Cpi da Covid 2

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19 ouvirá, nesta quarta-feira (14/7), o empresário Francisco Maximiano, da Precisa Medicamentos, e a diretora técnica da empresa, Emanuela Medrades, em busca de informações sobre as suspeitas em relação à Covaxin, vacina produzida pelo laboratório indiano Bharat Biotech.

Convocada para prestar depoimento nessa terça-feira (13/7), Emanuela Medrades chegou blindada por um habeas corpus, que lhe permitia ficar em silêncio nas perguntas que pudessem incriminá-la. A diretora, porém, recusou-se a responder todas as questões. Isso fez o comando da CPI acionar o Supremo Tribunal Federal (STF) para entender os limites da decisão, porque tinham a avaliação de que o habeas corpus não permitiria a ela calar-se completamente.

No fim da tarde dessa terça, o presidente do Supremo, Luiz Fux, respondeu dizendo que cabe à própria CPI determinar os limites do direito ao silêncio concedido pela Corte aos depoentes. O depoimento de Emanuela Medrades foi retomado no início da noite, mas a diretora alegou estar “exausta” e pediu o adiamento por 12 horas, o que foi atendido pelo presidente da comissão, senador Omar Aziz (PSD-AM).

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Com a decisão do STF permitindo que a CPI aumentasse a pressão sobre os depoentes e a ausência do reverendo Amilton Gomes de Paula, por motivo de doença, os senadores confirmaram também a convocação do empresário para esta quarta-feira (14/7).

Maximiano

Maximiano é sócio da Precisa, empresa que intermediou as negociações entre o Bharat Biotech e o Ministério da Saúde. A transação está envolta por suspeitas de irregularidades em relação a tentativa de recebimento adiantado, alto valor das doses e “pressão atípica” de membros do governo.

O senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE), autor do requerimento, destaca que o depoimento de Maximiano é necessário para “esclarecer os exatos termos das tratativas entre a Precisa Medicamentos e o Ministério da Saúde para aquisição da Covaxin, apurando-se eventual beneficiamento ilícito”.

O empresário teve o depoimento desmarcado duas vezes. A participação de Maximiano seria em 23 de junho, mas os advogados avisaram na véspera do depoimento que ele estava em quarentena por causa da Covid-19 após retornar da Índia. Posteriormente, a direção suspendeu a oitiva do dia 1° de julho, após ele conseguir, no dia anterior, um habeas corpus no STF concedendo-lhe o direito de ficar em silêncio.

Os senadores avaliam que, agora, têm mais informações contra o empresário e há uma grande expectativa em relação ao depoimento dele.

Anteriormente, estava previsto o depoimento do reverendo Amilton Gomes, que negociou vacinas da AstraZeneca em nome do governo. Mas ele apresentou, na última segunda-feira (12/7), à CPI da Covid atestado de crise renal para não comparecer nesta quarta-feira. Aziz solicitou uma perícia no atestado, que confirmou o problema. O depoimento dele deve ser remarcado em agosto.

Global

Maximiano é também sócio da Global Gestão em Saúde, empresa que foi alvo de ação por improbidade administrativa do Ministério Público Federal (MPF), juntamente do ex-ministro da Saúde Ricardo Barros, atual líder do governo Jair Bolsonaro na Câmara dos Deputados.

Na ocasião, a Global venceu licitação para fornecer remédios de alto custo ao Ministério da Saúde, mesmo sem ter o aval da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), recebeu pagamento adiantado de cerca de R$ 20 milhões e não entregou os medicamentos.






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