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Após convite a Bolsonaro, Patriota expulsa integrantes e afasta MBL

Legenda tem afastado nomes ligados ao MBL, movimento de combate à corrupção que atuou no impeachment de Dilma Rousseff

atualizado

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1 de 1 bolsonaro_patriota - Foto: Reprodução/Redes sociais

Após o convite do Patriota a Jair Bolsonaro (sem partido), o partido que pode abrigar a campanha à reeleição do presidente da República tem promovido um expurgo em seus quadros e se descolado do Movimento Brasil Livre (MBL).

Um dos principais grupos políticos atuantes no impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), o MBL apoiou Bolsonaro no segundo turno das eleições de 2018, mas depois rompeu com o presidente e agora adota tom crítico à família Bolsonaro em razão de suspeitas de corrupção e afastamento da agenda liberal.

No dia 31 de maio, o senador Flávio Bolsonaro (RJ), filho “01” do chefe do Executivo federal, anunciou sua filiação à legenda, adiantando provável passo do pai. O presidente da sigla, Adilson Barroso, deu o prazo de 15 dias para Bolsonaro responder o convite da direção do partido.

“Eu vejo que há um movimento de retirada, de limpeza de apoio crítico para preparar o terreno para a vinda do Bolsonaro”, disse o vereador e advogado do MBL Rubinho Nunes, que foi expulso do Patriota na última quinta-feira (10/6), em razão de críticas ao presidente. “Em português bem claro: o partido está fazendo uma limpa para manter ali somente as pessoas que abaixam a cabeça para as vontades da Executiva nacional.”

O deputado estadual paulista Arthur do Val (Patriota-SP), conhecido por seu canal no YouTube “Mamãe, Falei”, é um dos que já anunciou que não tem condições de ficar no partido: “O Bolsonaro entrou, eu saio”. O deputado está esperando a análise do departamento jurídico, que pode reverter a filiação do filho primogênito do presidente, para decidir seu destino, mas afirma já ter recebido convites de várias legendas.

Ao Metrópoles, Do Val disse enxergar a chegada de Flávio Bolsonaro ao Patriota como “uma tragédia”. “Como eu posso achar diferente de um bandido, um rachador, um mau-caráter, um miliciano como o Flávio Bolsonaro entrando no partido que eu estou, né? Eu enxergo como uma grande tragédia”, afirmou.

“Eu também acho que o presidente é um corrupto, um vagabundo, um quadrilheiro, e ele fazia parte de toda essa rachadinha, enterrou o combate à corrupção, acabou com a agenda liberal, que nós tínhamos esperança de emplacar nesse governo”, prosseguiu.

Do Val se lançou à prefeitura da capital paulista em 2020 — conquistando, 522.210 votos, acabando como o quinto mais votado — e é pré-candidato ao governo paulista em 2022.

Segundo Rubinho, em março de 2020, quando ele e do Val se filiaram à legenda, por ocasião das eleições municipais, lhes foi garantido que o presidente Bolsonaro não iria para o partido. “Nós sempre deixamos muito claro que não participaríamos do mesmo partido que o Jair ou qualquer membro da família dele. Infelizmente, o partido não cumpriu com a palavra”, disse Rubinho, que ainda não tem o próximo destino definido.

“Eu não concordo [com a expulsão do Patriota], mas aceito. Não pretendo recorrer, porque não faço fileira com bandido, não vou participar do mesmo partido que o Bolsonaro. Agora não sei para onde vou, estou estudando ainda”, disse o vereador.

Outro nome do MBL no Patriota é o de Renato Battista, que é coordenador nacional do movimento e assumiu a presidência do partido na capital paulista. Ele não teve direito a voto no caso do senador Flávio. “Se tivesse votaria contra a entrada dele, que é um vagabundo ligado a milícias”, afirmou ele.

Ex-integrante do MBL, o vereador Fernando Holiday, que havia sido eleito pelo DEM e migrado para o Patriota para montar o diretório municipal da legenda em São Paulo, também se desfiliou da sigla e já está em um novo destino: o partido Novo.

Holiday saiu do movimento em janeiro deste ano, mas segue ligado à direita liberal. Ele foi expulso do Patriota em abril de 2021, quando o presidente Jair Bolsonaro já falava em “namoro” com a sigla. A razão da expulsão foram as críticas ao atual presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), cuja candidatura foi apoiada pelo Palácio do Planalto.

Outro nome expulso do Patriota após posicionamentos críticos ao presidente da República e seus filhos é o do vereador de Belo Horizonte Gabriel Azevedo. Sua expulsão foi comunicada um dia após a filiação de Flávio Bolsonaro.

Azevedo não é membro do MBL, mas é ligado ao RenovaBR, iniciativa de renovação política idealizada pelo empreendedor e investidor Eduardo Mufarej. Ele segue sem partido.

Procurado, o presidente do Patriota, Adilson Barroso, negou a tese de “limpa” no partido e defendeu apaziguamento dos ânimos internos visando combater o PT.

“Não quero que ninguém saia, precisa é apaziguar todos para juntos combater o PT e seus aliados. Até a Bíblia, a palavra de Jesus, [diz] que nem o diabo trabalha contra seu próprio reino. Quem trabalha contra Jair Bolsonaro com certeza está ajudando a volta do PT”, disse ele à reportagem.

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Bolsonaro no Patriota

A filiação de Bolsonaro ao Patriota está encaminhada, mas o presidente só baterá martelo depois de ouvir a base aliada. Como revelou a coluna Grande Angular, Bolsonaro chamará parlamentares aliados para um encontro, no próximo dia 16, no Palácio do Planalto. A ideia do presidente é fazer um aceno aos parlamentares antes de anunciar o novo partido ao qual se filiará.

Com o gesto, o mandatário quer mostrar boa vontade, sinalizar que pretende manter a base unida e arregimentar parlamentares que o acompanharão na nova legenda.

Enquanto isso, críticos avaliam que a ida de Bolsonaro para qualquer partido será difícil, dado que ele busca o controle integral dos diretórios estaduais.

“Bolsonaro não tem um projeto de governo, não tem um projeto de Brasil, não tem nem um projeto partidário. O único projeto que ele defende é o projeto pessoal deles. Eu acredito que o partido ao qual ele se filiar, seja o Patriota, seja qualquer outro, simplesmente vai servir de barriga de aluguel para o propósito pessoal do presidente, a não ser que o diretório nacional esteja disposto a se vender inteiro para o presidente Bolsonaro e não apenas se prostituir, como é o que me parece que foi feito agora”, assinala Rubinho Nunes.

Ironicamente, Arthur do Val avalia que o partido que melhor receberia o presidente Bolsonaro seria o PT:

“Para mim, sinceramente, o partido mais adequado para o presidente Bolsonaro buscar sua reeleição seria o PT. Ele fez absolutamente tudo que o PT quis — colocou um petista na PGR, colocou um Centrão no STF, empregou assessor do Toffoli. Então, acredito que o Bolsonaro ia se dar muito bem no PT.”

O Metrópoles procurou o Palácio do Planalto para comentar as perspectivas partidárias do presidente da República, mas não obteve retorno. O espaço permanece aberto.

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