Cármen Lúcia critica “demonização” da política e excesso de partidos
Para explicar incoerência, citou o caso do Partido da Mulher Brasileira, que, quando do registro no TSE, não tinha nenhuma mulher na direção
atualizado
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A presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Cármen Lúcia, criticou a “demonização” da política em palestra nesta quinta-feira (21/6), destacando a necessidade de o brasileiro agir com ética em seu cotidiano.
“Demonizar a política não faz com que nós não tenhamos o caos provavelmente em vários momentos”, disse a ministra no 2ª Congresso de Direito Eleitoral de Brasília. Cármen também comentou sobre o número excessivo de partidos brasileiros e a falta de objetividade nos programas das siglas.
“Hoje vivemos um momento particularmente grave onde a maioria acha tudo ruim, desde a fila no açougue até o governo, e tem direito de achar. Mas ele fura a fila do açougue e cobra punição do secretário, quando fura a fila da licitação. É preciso haver comprometimento de todos nós com a ética”, afirmou a presidente da Suprema Corte.Segundo a ministra, o país, atualmente em crise, deve melhorar quando a população for comprometida com a ética e com a construção da democracia. “A política é necessária. Podemos ser contra servidor, agentes públicos, programas de governo e governantes, a democracia é a liberdade de opinar e de se contrapor, mas não podemos sem política”, continuou a ministra.
O brasileiro, ressaltou, deve se comprometer com as vias de participação política, e citou iniciativas populares, como a Lei da Ficha Limpa, “ela muito contribuiu para o aperfeiçoamento das instituições democráticas”.
Além de citar a necessidade de maior participação, Cármen falou do número – os quais considera excessivo – de partidos políticos como outra causa da crise representativa pela qual passa o Brasil. Este fator pode ser aperfeiçoado, na visão dela. A quantidade de siglas faz com que haja uma “atomização de ideias”, fazendo o cidadão, curiosamente, não se sentir representado de maneira firme por nenhum dos partidos, ressaltou a ministra.
Cármen Lúcia citou o caso do Partido da Mulher Brasileira, que, na ocasião do registro no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), não tinha nenhuma mulher na direção.