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Cármen Lúcia critica “demonização” da política e excesso de partidos

Para explicar incoerência, citou o caso do Partido da Mulher Brasileira, que, quando do registro no TSE, não tinha nenhuma mulher na direção

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STF retoma nesta quinta julgamento sobre rito do impeachment de Dilma – Brasília(DF), 17/12/2015
1 de 1 STF retoma nesta quinta julgamento sobre rito do impeachment de Dilma – Brasília(DF), 17/12/2015 - Foto: Daniel Ferreira/Metrópoles

A presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Cármen Lúcia, criticou a “demonização” da política em palestra nesta quinta-feira (21/6), destacando a necessidade de o brasileiro agir com ética em seu cotidiano.

“Demonizar a política não faz com que nós não tenhamos o caos provavelmente em vários momentos”, disse a ministra no 2ª Congresso de Direito Eleitoral de Brasília. Cármen também comentou sobre o número excessivo de partidos brasileiros e a falta de objetividade nos programas das siglas.

“Hoje vivemos um momento particularmente grave onde a maioria acha tudo ruim, desde a fila no açougue até o governo, e tem direito de achar. Mas ele fura a fila do açougue e cobra punição do secretário, quando fura a fila da licitação. É preciso haver comprometimento de todos nós com a ética”, afirmou a presidente da Suprema Corte.

Segundo a ministra, o país, atualmente em crise, deve melhorar quando a população for comprometida com a ética e com a construção da democracia. “A política é necessária. Podemos ser contra servidor, agentes públicos, programas de governo e governantes, a democracia é a liberdade de opinar e de se contrapor, mas não podemos sem política”, continuou a ministra.

O brasileiro, ressaltou, deve se comprometer com as vias de participação política, e citou iniciativas populares, como a Lei da Ficha Limpa, “ela muito contribuiu para o aperfeiçoamento das instituições democráticas”.

Além de citar a necessidade de maior participação, Cármen falou do número – os quais considera excessivo – de partidos políticos como outra causa da crise representativa pela qual passa o Brasil. Este fator pode ser aperfeiçoado, na visão dela. A quantidade de siglas faz com que haja uma “atomização de ideias”, fazendo o cidadão, curiosamente, não se sentir representado de maneira firme por nenhum dos partidos, ressaltou a ministra.

Uma das causas desse problema, segundo a presidente do STF, é a falta de programas partidários objetivos e claros em seus compromissos. “Quem tenha tido a oportunidade de ler os programas partidários verá não ter muita diferença entre a oferta, seus objetivos e principais compromissos”, afirmou.
Incoerência
Cármen Lúcia citou o caso do Partido da Mulher Brasileira, que, na ocasião do registro no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), não tinha nenhuma mulher na direção.
“Eu lembro aqui o Partido da Mulher Brasileira, que teve seu registro no período no qual eu estava no TSE. Mas eu não vejo nenhum tipo de representação específica para lembrar esse partido, até porque na direção, pelo menos inicial, não tinha nenhuma mulher. É curioso um partido supostamente representativo da mulher, não ter uma. Não deve ser apenas de mulheres, mas se vai representá-las, é preciso haver ao menos a fala da mulher para saber porque ela precisa de partido, se precisa, com esse nome”, disse Cármen, acentuando a representatividade necessária para não se tornar apenas retórica.
“E nem estou dizendo que seja isso aconteça porque efetivamente não conheço o partido, estou apenas fazendo uma referência sobre algo”, completou a ministra.
Cármen concluiu retomando a necessidade de os brasileiros participarem concretamente da política, destacando a constante evolução do estado democrático. “O momento é grave, mas a democracia está posta. Temos de lutar para o respeito à Constituição brasileira por todos nós, e pela cobrança desse respeito continuamente”, finalizou.

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