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Bolsonaro cancela recontratação de assessor que usou voo da FAB

Após demissão, o ex-secretário-executivo da Casa Civil havia sido nomeado assessor especial na Casa Civil

atualizado

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Rosinei Coutinho/SCO/STF
José Vicente Santini
1 de 1 José Vicente Santini - Foto: Rosinei Coutinho/SCO/STF

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) informou, nesta quinta-feira (30/01/2020), que tornará sem efeito a readmissão do ex-secretário-executivo da Casa Civil da Presidência da República José Vicente Santini.

Amigo dos filhos de Bolsonaro, Santini foi demitido pelo presidente por usar o avião da Força Aérea Brasileira (FAB) para dois deslocamentos: o primeiro até Davos, na Suíça, onde ele participou do Fórum Econômico Mundial. Na ocasião, ele atuava como ministro-chefe da Casa Civil de forma interina no lugar de Onyx Lorenzoni.

Na sequência, ele usou novamente o avião militar para ir até a Índia, onde o presidente Jair Bolsonaro se encontrava em viagem oficial. Os gastos estimados com o deslocamento do então assessor passam dos R$ 700 mil.

Após a revelação do deslocamento, Bolsonaro classificou como “inadmissível” a situação e chamou o comportamento do amigo de seus filhos de “imoral”. A demissão, então, foi publicada na manhã da quarta-feira (29/01/2020) no Diário Oficial da União (DOU).

Menos de 12 horas depois, porém, em edição extra do DOU, Santini foi novamente contratado. Dessa vez, para exercer o cargo de assessor especial da Secretaria Especial de Relacionamento Externo da Casa Civil. O salário era de R$ 16.944,90. Seu salário anterior era de $ 17.327,65 mensais, numa função de natureza especial.

A nomeação gerou revolta nas redes sociais e Bolsonaro, também pelas redes, anunciou – menos de 12 horas depois – que tornaria sem efeito a realocação.

“Informo que em Diário Oficial será publicado: tornar sem efeito a admissão do servidor Santini; exonerar o interino da Casa Civil; e passar o PPI [Programa de Parcerias de Investimento] da Casa Civil para o Ministério da Economia”, disse o presidente em conta oficial no Twitter. Veja:

A determinação, no entanto, não está no Diário Oficial da União (DOU) desta quinta-feira (30/01/2020).

PPI e amizade
Santini é amigo pessoal dos filhos de Jair Bolsonaro. Ele figura em uma série de fotos postadas por Eduardo e Flávio Bolsonaro, os filhos 03 e 01, respectivamente, nas redes sociais. Veja:

Reprodução/Redes Sociais

A readmissão do assessor foi entendida, nos meios políticos, como um apelo da primeira-família ao presidente. Não tardou para Bolsonaro excluir ele, ao menos temporariamente, do núcleo central do poder.

No mesmo anúncio pelas redes, Bolsonaro também reduziu os poderes de Onyx Lorenzoni. O ministro, que inicialmente era responsável pela agenda presidencial, articulação política e PPI, foi, pouco a pouco, perdendo espaço.

Em junho, o presidente anunciou que as responsabilidades pela articulação haviam saído da Casa Civil, de Onyx Lorenzoni, para a Secretaria de Governo, assumida pelo general Luiz Eduardo Ramos. A decisão foi publicada em medida provisória, a MP 886, no Diário Oficial da União do dia 19.

Na mesma ocasião, Bolsonaro cedeu a Onyx a chefia do Programa de Parcerias e Investimentos (PPI). Agora, Bolsonaro retirou essa atribuição do seu ex-colega de Parlamento. Onyx, após esse episódio, teve as suas funções desidratadas. O demista está de férias e deve retornar ao posto no início de fevereiro.

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