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Na web, antivax intimidam técnicos que defendem imunização de crianças

Majoritariamente apoiadores do presidente Bolsonaro, grupos chamam protestos e expõem dados pessoais de especialistas ouvidos em audiência

atualizado

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Hugo Barreto/Metrópoles
Audiência pública sobre a vacinação contra a Covid-19 em crianças entre 5 e 11 anos
1 de 1 Audiência pública sobre a vacinação contra a Covid-19 em crianças entre 5 e 11 anos - Foto: Hugo Barreto/Metrópoles

A inclusão de crianças na Campanha Nacional de Imunização contra a Covid-19 tem despertado reações extremas do grupo contrário a esta medida. Durante audiência pública promovida nesta terça-feira (4/1), uma das estratégias utilizadas pelos antivax foi a exposição de dados pessoais dos especialistas favoráveis à vacinação ouvidos na ocasião.

Em comunidades on-line, como grupos do Telegram ou contas no Twitter, foram compartilhadas fotos das declarações de conflito de interesse que seriam de profissionais como Isabella Ballalai, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações; Marco Aurélio Sáfadi, representante da Sociedade Brasileira de Pediatria e Renato Kfouri, pediatra e diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações.

Os documentos foram divulgados com a intenção de sustentar a hipótese de que os especialistas estariam a serviço da Pfizer, empresa farmacêutica que desenvolveu o imunizante aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para crianças de 5 a 11 anos.

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Grupos antivacina dizem que especialistas têm interesse econômico na aprovação da vacina
Informações como CPF, celular e e-mail foram expostas
Formulários são encaminhados em grupos e contas com teor antivacina
Documento de conflito de interesse foi preenchido antes da audiência pública sobre vacinação infantil
Grupos antivacina destacam participação dos médicos em eventos promovidos pela Pfizer nos últimos cinco anos
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Especialistas ouvidos na audiência tiveram dados pessoas expostos por negacionistas

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Grupos antivacina dizem que especialistas têm interesse econômico na aprovação da vacina

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Informações como CPF, celular e e-mail foram expostas

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Formulários são encaminhados em grupos e contas com teor antivacina

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Documento de conflito de interesse foi preenchido antes da audiência pública sobre vacinação infantil

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Grupos antivacina destacam participação dos médicos em eventos promovidos pela Pfizer nos últimos cinco anos

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Nas redes sociais, vozes contrárias à vacinação do público destacam o “caráter emergencial” das vacinas aprovadas e efeitos colaterais raros, de acordo com a literatura científica.

Na audiência pública promovida nesta terça para discutir o tema, apenas três pessoas ouvidas se manifestaram contra: médicos escolhidos pela deputada bolsonarista Bia Kicis, presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados.

Os profissionais indicados pela CCJ foram o imunologista Roberto Zeballos, o neurocirurgião Augusto Nasser e a infectologista Roberta Lacerda Almeida. Todos acumulam seguidores nas redes sociais e divulgam informações controversas sobre a pandemia.

Protestos

Durante a audiência, um grupo de aproximadamente 30 pessoas promoveu protesto em frente à sede da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), onde ocorria o evento.

Entre os participantes do protesto, estavam crianças, que seguravam cartazes com os dizeres: “Eu não sou cobaia”. Além disso, manifestantes seguravam faixas contrárias ao passaporte da vacina. O grupo também contava com apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL).

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Manifestantes ocuparam a frente da Organização Pan-Americana da Saúde
Declaradamente apoiadores do presidente Bolsonaro, os indivíduos disseram não ser "cobaias"
Crianças seguram placas contra vacinas
Os manifestantes pediam a não aplicação da vacina em crianças
Senhora segura a máscara com emblema do presidente Jair Bolsonaro
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Manifestantes utilizaram o romance de George Orwell, 1984, como comparação

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Manifestantes ocuparam a frente da Organização Pan-Americana da Saúde

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Declaradamente apoiadores do presidente Bolsonaro, os indivíduos disseram não ser "cobaias"

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Crianças seguram placas contra vacinas

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Os manifestantes pediam a não aplicação da vacina em crianças

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Senhora segura a máscara com emblema do presidente Jair Bolsonaro

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Cartaz contra a vacina em crianças de 5 a 11 anos

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O objetivo da audiência foi apresentar os resultados da consulta pública finalizada em 2 de janeiro sobre a vacinação infantil contra Covid-19. De acordo com a secretária Extraordinária de Atenção à Covid do Ministério da Saúde, Rosana Leite de Melo, foram colhidas contribuições de 99,3 mil participantes.

Segundo Rosana, a maior parte dos ouvidos manifestou-se contra a obrigatoriedade de receita médica para a imunização de criança e que essa vacinação não deve ser obrigatória. Além disso, o público opinou que crianças com comorbidades devem ser priorizadas no processo.

“Tivemos 99.309 pessoas que participaram nesse curto intervalo de tempo em que o documento esteve disponível para consulta pública. A maioria se mostrou concordante com a não compulsoriedade da vacinação e a priorização das crianças com comorbidade. A maioria foi contrária à obrigatoriedade de prescrição médica no ato de vacinação”, informou.

Participante da audiência representando a CCJ, a médica Roberta Lacerda também convocou manifestações contra a exigência do comprovante de vacinação, mas não teve sucesso.

“Às ruas!!! Dia 4 de janeiro!!! Nosso novo dia de luta pela liberdade!!!”, escreveu Lacerda no Twitter na última sexta-feira (31/12), ao comentar uma decisão do ministro do STF Ricardo Lewandowski que liberou a cobrança do passaporte da vacina nas universidades federais.

A pregação da médica bolsonarista, feita para esta terça, contudo, fracassou. Não houve manifestações nas ruas contra o imunizante. Além de atacar a vacina, a médica estimulou aglomerações e, assim, desrespeitou outra medida sanitária básica para conter o vírus que matou 619 mil brasileiros.

Ameaças à Anvisa

Diretores e servidores da Anvisa têm sido alvos de ameaças frequentes desde o começo da discussão sobre a imunização de crianças contra a doença. Foram 169 e-mails com ameaças aos funcionários até o fim de dezembro.

O levantamento interno começou a ser feito no último dia 17, um dia depois de o presidente Bolsonaro ter intimidado técnicos da agência, que havia aprovado a vacinação infantil contra a Covid. A PF investiga o caso, que também tramita no STF. Parte das mensagens faz ameaças de morte.

O presidente da Anvisa, Antonio Barra Torres, e os diretores da agência disseram ser vítimas de um “ativismo político violento”. No mês passado, os funcionários já haviam recebido pelo menos cinco ameaças de morte por e-mail quando a Pfizer anunciou que pediria o aval da Anvisa para a vacinação infantil, como já ocorre em países da Europa e nos Estados Unidos. Na ocasião, em entrevista à coluna, Barra Torres havia cobrado uma resposta imediata das autoridades federais.

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