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Indicados por Kicis foram os únicos a criticar vacinação de crianças

Presidente da CCJ da Câmara convidou médicos contrário à vacinação de crianças contra Covid para opinar em audiência pública sobre o tema

atualizado

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Hugo Barreto/Metrópoles
Audiência pública sobre a vacinação contra a Covid-19 em crianças entre 5 e 11 anos
1 de 1 Audiência pública sobre a vacinação contra a Covid-19 em crianças entre 5 e 11 anos - Foto: Hugo Barreto/Metrópoles

Apenas três participantes da audiência pública sobre vacinação de crianças de 5 a 11 anos contra a Covid-19 se manifestaram contrários à imunização do grupo. Os médicos foram convidados pela deputada bolsonarista Bia Kicis (PSL-DF), presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados.

Realizado nesta terça-feira (4/1), em Brasília, o encontro, promovido pelo Ministério da Saúde, contou com a participação de membros do governo federal e de sociedades científicas. Durante o evento, 18 representantes discursaram.

Ao fim da audiência, a deputada Bia Kicis afirmou, sem apresentar evidências científicas, que a vacinação de crianças contra a Covid é “experimental”. O assunto foi refutado em diversas ocasiões durante o evento por membros de sociedades científicas.

Pelo Twitter, a parlamentar confirmou que as indicações partiram dela:

Os três profissionais indicados foram o imunologista Roberto Zeballos, o neurocirurgião Augusto Nasser e a infectologista Roberta Lacerda Almeida — os únicos a se posicionarem contra a vacinação de crianças de 5 a 11 anos de idade.

A médica Roberta Almeida, uma das indicadas por Bia Kicis, participou da reunião realizada pelo Ministério da Saúde com grupos contrários à vacinação infantil em 22 de dezembro, conforme noticiado pelo Metrópoles. A pauta foi debatida sem a presença de estudiosos da sociedade civil que participam da Câmara Técnica em Imunização da Covid-19 (CTAI-Covid).

A infectologista foi uma das profissionais da saúde que assinou documento encaminhado à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) contrário à vacinação obrigatória de crianças entre 5 e 11 anos. A manifestação foi feita logo depois da aprovação da agência para imunização do público.

Na tarde desta terça-feira (4/1), depois da audiência pública, a infectologista usou as redes sociais para publicar uma nota em nome da “Associação MP Pró-Sociedade”, em que chama a vacina contra a Covid-19 de “tratamento experimental”. Também cita o Código de Nuremberg, que proíbe “experimentos científicos obrigatórios, exigindo consentimento livre e informado”.

Roberta também convocou, nas redes, protestos nas ruas contra o comprovante vacinal. “Às ruas!!! Dia 4 de janeiro!!! Nosso novo dia de luta pela liberdade!!!”, escreveu Lacerda no Twitter na última sexta-feira (31/12), ao comentar uma decisão do ministro do STF Ricardo Lewandowski que liberou a cobrança do passaporte da vacina nas universidades federais.

O neurocirurgião Augusto Nasser também assina os questionamentos contrários à vacinação infantil enviado à Anvisa em dezembro. Com a máscara abaixada durante toda a fala na audiência pública, o médico exibiu imagens que viraram assunto nas redes sociais pelo caráter informal.

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Nasser ressaltou os efeitos adversos, como a miocardite, e o baixo registro de óbitos de crianças por Covid-19. De acordo com o médico, números errados são repassados pela mídia para “assustar as famílias”.

Já o imunologista Roberto Zeballos chegou a afirmar que a variante Ômicron seria “uma cepa que vem de Deus, porque gera imunidade. Em outro momento, o profissional afirmou que a “explosão da Ômicron não é o fim do mundo e sim o fim da pandemia”, além de defender a mesma hipótese do presidente Bolsonaro – de que a imunidade adquirida depois de ter a doença seria maior que a oferecida pelas vacinas.

Posição do Ministério da Saúde

A intenção inicial do governo era seguir a recomendação de exigir prescrição médica para a vacinação do público infantil. Contudo, após a audiência pública, a expectativa de pesquisadores que participaram do encontro, ouvidos pelo Metrópoles, é de que o governo federal reconsidere o posicionamento e não exija a apresentação de receita médica para a vacinação.

De acordo com a pasta, a maior parte das pessoas ouvidas pelo Ministério da Saúde na consulta pública sobre vacinação infantil manifestou-se contrariamente à obrigatoriedade de receita médica para a imunização de crianças entre 5 e 11 anos de idade contra Covid-19.

Fontes ouvidas pela reportagem pontuaram que até o Conselho Federal de Medicina (CFM), que costuma seguir os posicionamentos do governo federal em relação à vacinação contra a Covid-19, se declarou contrário à exigência de prescrição médica para a imunização infantil.

De acordo com a secretária Extraordinária de Enfrentamento à Covid-19, Rosana Leite de Melo, decisão final será detalhada em documento divulgado pelo Ministério da Saúde na quarta-feira (5/1). A secretária, porém, adiantou que a intenção do governo federal é recomendar a seguinte ordem de prioridade na vacinação:

  1. Crianças de 5 a 11 anos de idade com deficiência permanente ou comorbidade;
  2. Crianças que vivam em lares com pessoas de alto risco para evolução grave de Covid-19; e
  3. Crianças sem comorbidades, na seguinte ordem: 10 e 11 anos, 8 e 9 anos, 6 e 7 anos e, por fim, 5 anos.

Questionada por jornalistas ao fim da audiência pública, a secretária Rosana Leite não explicou porque os convidados da CCJ foram chamados para o encontro. Se limitou a dizer que os detalhes serão esclarecidos pelo Ministério da Saúde nesta quarta-feira (5/1).

Anvisa

O uso de doses pediátricas da vacina Pfizer foi autorizado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em 16 de dezembro de 2021. No entanto, apesar do aval do órgão regulador, cabe ao Ministério da Saúde adquirir o imunizante e incluir o público infantil no Programa Nacional de Imunizações (PNI).

Vale ressaltar que a Anvisa foi convidada a participar da audiência desta terça. O órgão, no entanto, recusou-se a fazer parte do evento e alegou que já apresentou dados técnicos suficientes sobre a imunização infantil.

“A Anvisa, por seu caráter técnico, visualiza que sua participação na audiência pública não agregaria novos elementos à temática”, informou a entidade, em ofício enviado ao Ministério da Saúde.

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