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Mulher que fugiu de estupro ao pular de prédio foi assaltada 11 vezes

Microempresária, que ainda não sabe se voltará a andar, já teve arma apontada para si e já foi assaltada no mesmo salão onde pulou da sacada

atualizado

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Vinícius Schmidt/Metrópoles
Juliane Lacerda, vítima de tentativa de estupro em Goiãnia
1 de 1 Juliane Lacerda, vítima de tentativa de estupro em Goiãnia - Foto: Vinícius Schmidt/Metrópoles

Goiânia – A microempresária Juliane Lacerda, de 36 anos, vítima de uma tentativa de estupro que a fez fugir pulando do primeiro andar de um prédio em Goiânia (GO), tem um histórico considerável de situações em que esteve sob o poder da criminalidade. Ela já foi assaltada 11 vezes.

Nenhuma das experiências anteriores, segundo ela, chegou perto do nível de tensão que ela enfrentou no dia 29 de janeiro deste ano, mas ela guarda na memória todas as vezes em que se viu em perigo ou sob a mira de uma arma.

No penúltimo assalto, ela estava na rua de casa, aguardando a chegada do pai de seu filho, que passaria de carro para deixar uns objetos, quando foi surpreendida por um ladrão armado. Ele chegou na mesma hora, apontando-lhe um revólver.

“Parece que ele já estava sendo seguido. O cara me apontou a arma, me colocou dentro do carro e levou a gente para uma outra rua. Senti muito medo mesmo, mas não chegou nem perto desse último”, revela. O ladrão levou o veículo, que foi recuperado pela polícia dias depois.

Juliane é dona de um salão de beleza no Parque Oeste Industrial, região sudoeste de Goiânia. É o mesmo onde ela já foi assaltada numa das vezes anteriores e onde ela estava trabalhando na manhã do dia 29, quando, por volta das 11h, chegou um homem dando voz de assalto a ela.

O bandido, que segurava uma faca, trancou a porta da frente do estabelecimento, pegou dinheiro do caixa, os celulares dela e da manicure que também estava no local, pediu que elas tirassem a roupa e, em seguida, deu ordem para que Juliane subisse para o andar de cima.

O medo do estupro foi imediato. “Eu já subi tendo a certeza de que eu iria pular”, conta. A essa altura, ele já estava sem roupas e havia tentado abusar sexualmente da manicure. “O momento que eu mais tenho nojo e não gosto de lembrar é quando ele tira a roupa dela e a dele também”, relata.

A fuga desesperada de Juliane, pulando da sacada, foi registrada por câmeras de segurança. Para ela, foi a única solução encontrada para se salvar. “Eu não tinha outra saída. O homem era, visivelmente, frio e eu não sabia do que ele era capaz”, diz.

Medo de ficar sem andar

Assim que Juliane pulou do primeiro andar e começou a gritar, pedindo por socorro, o rapaz fugiu e saiu correndo pela rua. Os gritos dela, no entanto, não eram só de medo e dor física. Na hora, ela sentiu algo pior.

“Na hora que eu caí e que bati no chão, eu já caí sentada. E quando eu sentei, eu já senti a perna adormecer todinha. Na hora, me veio na cabeça que eu nunca mais iria andar. O meu grito não era só de dor física, era de desespero de pensar que eu nunca mais poderia andar”, conta ela ao Metrópoles.

Pelas imagens das câmeras, é possível notar exatamente a cena descrita por Juliane, que recebeu alta do Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo) na última quinta-feira (11/2), depois de passar por duas cirurgias.

Na queda, ela quebrou uma vértebra lombar, que pressionou a medula óssea, e os dois calcanhares. “Os médicos falam que minha cirurgia foi de alto risco e que minha lesão foi gravíssima. Sempre que eu pergunto se voltarei a andar, eles falam que não podem dar a resposta, mas eu acredito e tenho fé”, diz ela.

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Cama e cadeira de rodas

Desde que voltou para casa, com os movimentos limitados, Juliane tem vivido entre a cama e a cadeira de rodas. A mãe e a irmã estão como cuidadoras. Ela sente os movimentos só da perna direita. E começará agora uma rotina de fisioterapia, cinco vezes por semana, para tentar reaver a sensibilidade da outra perna.

Ela mora em um condomínio que fica em frente ao salão de beleza e ainda não voltou ao local, onde batia ponto toda semana, de terça a sábado. “Não consigo pensar no que fazer (com o salão). Não cheguei a nenhuma conclusão. Agora, meu foco é voltar a andar. Não sei pensar em mais nada a não ser nisso”, afirma.

Era do estabelecimento que Juliane tirava o sustento dela e do filho de 12 anos. Ela sabe que a rotina não será a mesma, pelo menos por um tempo. “Tem dia que bate o desespero, porque, por mais que eu tenha fé, é um futuro incerto”, avalia.

Até essa segunda-feira (15/2), a identidade do homem que tentou estuprá-la era desconhecida. A Polícia Civil de Goiás, no entanto, conseguiu identificá-lo e obteve o mandado de prisão preventiva. O rapaz, Felipe Lopes Maia, de 22 anos, está foragido.

“O que ele fez comigo fará com outras. Quem reconhecer ou souber algo sobre ele, por favor, ligue 197”, pede ela nas redes sociais, desde que tomou conhecimento da identidade do homem que lhe tirou os movimentos. “É revoltante. Quando vejo a foto dele, sinto nojo, raiva…”, diz.

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