Ex que matou juíza na frente das filhas pega mais 43 anos de prisão
Crime ocorreu na véspera do Natal de 2020, no Rio de Janeiro. A vítima foi assassinada com 16 facadas e o autor do crime já estava na cadeia
atualizado

O engenheiro Paulo José Arronenzi, investigado por matar a facadas a juíza Viviane Vieira do Amaral Arronenzi, foi condenado a 43 anos de prisão pelo 3º Tribunal do Júri do Rio de Janeiro. O julgamento começou na quinta-feira (10/11) e terminou na madrugada desta sexta (11/11), após 13h de duração.
O crime ocorreu na véspera do Natal de 2020, na frente das três filhas de Viviane, na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro. O homem não aceitava o fim do relacionamento e esfaqueou a ex-mulher por 16 vezes. Ele foi preso em seguida por guardas municipais.
De acordo com o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ), a sentença foi anunciada às 4h desta madrugada. Paulo foi denunciado pelo Ministério Público do Rio de Janeiro por homicídio quintuplamente qualificado.
Entre as qualificadoras que contribuíram para a elevação da pena estão a prática de feminicídio; o fato de o crime ter ocorrido na frente de crianças; motivo torpe; por meio que dificultou defesa da vítima; e por meio cruel.
A mulher foi atacada de surpresa quando descia do carro ao levar as filhas para encontrar o ex-marido. As 16 facadas atingiram o rosto e o corpo de Viviane.

Juíza Viviane Vieira do Amaral Arronenzi, de 45 anos Reprodução/Instagram

Paulo José Arronenzi Reprodução

Paulo José Arronenzi matou a juíza Viviane Arronenzi, sua ex-mulher, com 16 facadas Bruno Dantas/TJRJ/Divulgação
O réu já estava em prisão preventiva há um ano e 11 meses, e o juíz determinou cumprimento de reclusão por mais 43 anos. Na decisão, o juiz Alexandre Abrahão Dias Teixeira considerou que o reú teve conduta “arquitetada, fria e obstinada”.
“A personalidade do acusado é adversa e corrompida. Tal se evidencia pelo padrão hostil adotado a partir de certo período com sua ex-esposa e parentes próximos. As testemunhas ouvidas no decorrer da instrução criminal atestam uma postura descontrolada, cercada de rompantes de raiva tal como na ocasião em que chegou a arremessar um copo de vidro na parede, ferindo com estilhaços a perna de uma de suas filhas menores”, pontuou o juíz.
Viviane tinha 45 anos e integrou a magistratura do Rio de Janeiro por 15 anos. Ela atuava na 24ª Vara Cível da Capital.
Depoimentos
A mãe de Viviane, Sara Vieira do Amaral, e o irmão da vítima, Vinícius Vieira do Amaral, prestaram depoimento no plenário. Sara contou que o acusado estava sempre “muito nervoso e estressado”.
“As crianças não ficavam à vontade nem de fazer chamada de vídeo comigo. Minha filha era muito alegre e foi ficando cada vez mais introspectiva”, contou.
O irmão da vítima disse que Vivieane abriu mão de escolta armada em dezembro, mesmo mês em que foi assasinada pelo ex-marido.
“Ele queria compensações financeiras. Minha irmã deu R$ 640 mil para ele. Em troca, ele deu a morte pra ela. Todas as vezes que penso nela, lembro da cena de terror do dia do crime. Tenho dificuldade de manusear facas. Ele começou a matá-la muito antes do crime e até hoje ele segue matando toda a minha família”, lamentou.