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Aconselhado por campanha, Bolsonaro tenta reverter rejeição feminina

Pesquisa interna do núcleo de campanha apontou que desempenho de Bolsonaro entre as mulheres está estagnado

atualizado

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Hugo Barreto/Metrópoles
Michelle e Jair Bolsonaro em cerimônia de comemoração do Dia da Mulher no Palácio do Planalto. Eles sorriem um para o outro - Metrópoles
1 de 1 Michelle e Jair Bolsonaro em cerimônia de comemoração do Dia da Mulher no Palácio do Planalto. Eles sorriem um para o outro - Metrópoles - Foto: Hugo Barreto/Metrópoles

Com a proximidade das eleições de outubro, o núcleo de campanha que trabalha pela reeleição de Jair Bolsonaro (PL) ao Palácio do Planalto passou a traçar estratégias mais definidas para melhorar a avaliação do atual presidente da República. Aconselhado pelo grupo, Bolsonaro investiu no discurso em favor do público feminino.

Segundo pesquisa do Instituto Datafolha divulgada em junho, a rejeição do atual mandatário da República é de 61% entre as mulheres. Para reverter o cenário, o presidente exaltou as mulheres em diversas oportunidades em agendas realizadas na última semana.  

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Na quarta-feira (13/7), ele minimizou a rejeição que enfrenta entre o eleitorado feminino. Em conversa com apoiadores no Palácio da Alvorada, disse que as eleitoras não procuram “um casamento”, mas “um presidente”.

“Pessoal fala que eu não defendo, que eu tenho uma rejeição de mulher. Não sei se é verdade ou não. Acho que a eleitora não está procurando um casamento, está procurando um presidente”, afirmou.

No mesmo dia, durante cerimônia evangélica no Maranhão, Bolsonaro disse que precisou “ceder” para administrar o país, além de admitir que era necessário se aproximar das mulheres.

“Não é fácil administrar um país, tenho aprendido muito ao longo de 4 anos, inclusive a ceder em alguns momentos e aproximar mais das mulheres. São a nossa âncora. Nenhum de nós pode ser feliz sem uma mulher do lado”, defendeu. 

“Colunas da igreja”

No dia seguinte, durante culto evangélico com mais de cinco mil mulheres, o chefe do Executivo federal voltou a exaltar o público feminino ao dizer que as mulheres “são as colunas da igreja”. 

“Hoje, esse encontro religioso de mulheres tem um significado especial. Nenhum homem pode ser bem-sucedido se não tiver uma mulher a seu lado”, pregou novamente. 

Ao fim do dia, o presidente participou da promulgação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que permite ao governo conceder um pacote social em pleno ano eleitoral. 

Mais uma vez, ele investiu no discurso voltado à valorização das mulheres. Em sua fala, o pré-candidato à reeleição destacou que a maior parte dos beneficiários da PEC dos Auxílios é composta por mulheres, a quem chamou de “pessoas importantíssimas”.

“É o nosso olhar todo especial para as mulheres do nosso Brasil. Pessoas, logicamente, importantíssimas. Nenhum homem pode sonhar e crescer na vida se não tiver do lado uma magnífica e grandiosa mulher”, afirmou.

Convenção deve contar com presença feminina

Segundo relatos feitos à reportagem, é a primeira vez depois de alguns meses que o presidente aceita as sugestões do núcleo de campanha. De acordo com um levantamento interno da campanha, o desempenho de Bolsonaro entre as mulheres não está se alterando nas pesquisas eleitorais, o que fez o chefe do Executivo recuar e acatar as sugestões do núcleo. 

A ideia do grupo é, inclusive, usar a convenção do PL, em 24 de julho, para voltar a colocar o público feminino em evidência. O evento lançará a chapa Bolsonaro-Braga Netto e será realizado no Maracanãzinho, no Rio de Janeiro. 

O PL ainda tenta investir na imagem da primeira-dama Michelle Bolsonaro para alavancar a campanha do presidente. As ideias, contudo, nem sempre avançam.

Em maio, ela se filiou ao mesmo partido do marido. A estratégia era fazer com que a filiação viabilizasse sua participação nas inserções, como determina a legislação eleitoral. Michelle, no entanto, tem resistido.

Dirigentes do partido passarão os próximos dias orientando as autoridades que participarão do ato político a irem acompanhadas de suas esposas. A primeira-dama também deve comparecer à convenção e “liderar” a presença feminina. As últimas definições previam que em determinado momento do evento, o palco da convenção seria tomado pelas mulheres presentes. 

O plano foi pensado pela campanha após o grupo constatar que o presidente aparece rodeado majoritariamente por homens em agendas palacianas e pelo país.

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