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Falta de sintonia entre aliados atrapalha campanha de Bolsonaro

Atualmente, pelo menos quatro grupos trabalham pela reeleição do presidente. Eles, no entanto, não estão unificados e brigam por destaque

atualizado

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Presidente Jair Bolsonaro tampa o rosto e boca durante acompanhado de ministro e autoridades, participam da cerimônia “Brasil pela Vida e pela Família
1 de 1 Presidente Jair Bolsonaro tampa o rosto e boca durante acompanhado de ministro e autoridades, participam da cerimônia “Brasil pela Vida e pela Família - Foto: Igo Estrela/Metrópoles

Com a proximidade das eleições, era de se esperar que a campanha do presidente Jair Bolsonaro (PL) à reeleição tivesse uma estratégia definida. Até o momento, no entanto, o atual mandatário da República “patina” entre os mais variados assuntos, como definem interlocutores próximos ao presidente.

Atualmente, há ao menos quatro grupos trabalhando para que Bolsonaro siga na Presidência da República:

  • o bunker digital do Planalto;
  • o núcleo de campanha e marqueteiros partidários;
  • a Secretaria de Comunicação da Presidência; e
  • os responsáveis pelas redes sociais de Bolsonaro.

Eles, porém, não estão unificados, e brigam por destaque. Somado a isso, o presidente Jair Bolsonaro ainda faz declarações consideradas por aliados como “problemáticas”, pois podem afastar eleitores mais moderados, com potencial para fazê-lo vencer o pleito de outubro.

Interlocutores já dizem que a “falta de sintonia” faz com que a campanha de Bolsonaro não tenha um “norte”, o que acaba por prejudicar a imagem do presidente, como vem sendo mostrado nas recentes pesquisas eleitorais, que apontam ampla vantagem do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas intenções de voto.

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O núcleo de reeleição do chefe do Executivo, comandado pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho mais velho do presidente, argumenta que a falta de alinhamento só prejudica Bolsonaro, e insiste em centralizar a campanha. Nenhum lado, no entanto, aceitou ceder até o momento. 

No início do mês, quando as inserções partidárias do PL começaram, a divergência entre os grupos começou a vir a público. Na primeira peça eleitoral que foi ao ar, o presidente Jair Bolsonaro aparece no meio de jovens defendendo a família. 

Nas redes sociais, o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), que comanda as redes sociais do presidente desde 2018, desdenhou da publicidade. Por várias vezes, Jair Bolsonaro já disse que sua vitória nas eleições passadas ocorreu graças ao filho.


Na última semana, Flávio Bolsonaro rebateu as críticas do irmão, e disse que as inserções “foram perfeitas”. 

“Isso foi fruto de muito trabalho, de muito estudo. Aquelas pessoas que são contaminadas por distorções, acusações falsas, por mentiras em relação a Bolsonaro, precisam conhecer quem ele é de verdade. E ele é aquilo que está na propaganda. Uma pessoa que conversa, que cuida do país”, disse o senador. 

As inserções foram fruto do trabalho do publicitário Duda Lima. O marqueteiro presta serviço ao PL há 20 anos, e foi convocado para a campanha de Bolsonaro no ano passado pelo presidente do partido, Valdemar Costa Neto.

Michelle como “carta na manga” das inserções

O desentendimento não se limitou apenas entre os filhos do presidente. Em maio, a primeira-dama, Michelle Bolsonaro, se filiou ao PL, partido de Bolsonaro. A ideia era que a filiação viabilizasse sua participação nas inserções, como determina a legislação eleitoral. 

O comitê de reeleição do atual presidente viu na primeira-dama a chance de reduzir a rejeição de Bolsonaro entre as mulheres. Michelle, no entanto, ainda não compareceu às gravações das peças de propaganda eleitoral. 

A expectativa era de que as filmagens ocorressem na semana passada, mas a primeira-dama acabou desmarcando o compromisso. Ela alegou motivos de agenda, sem entrar em mais detalhes. Até o momento, não remarcou as datas.

Com a ida da primeira-dama aos Estados Unidos, para acompanhar o marido durante agenda internacional, o PL viu o tempo ficar curto e passou a admitir que não será mais possível que Michelle entre nos materiais que serão veiculados ainda neste mês. 

Caso Michelle desista de participar das inserções, o PL já prepara a deputada e ex-ministra Flávia Arruda (PL-DF) para substituir a primeira-dama. O partido, porém, ainda tenta articular a presença da esposa do presidente nos programas de horário eleitoral, que terão início em agosto. 

Mesmo que fique de fora das peças eleitorais, a primeira-dama já cumpre outra estratégia de campanha: a de acompanhar Bolsonaro em agendas. Desde o início do ano, os dois aumentaram as aparições públicas em eventos pelo país e o próprio presidente disse que isso deve ocorrer com mais frequência. 

Além de atrair o público feminino, o núcleo de campanha do mandatário da República diz que Michelle, considerada uma “carta na manga”, tem grande potencial para aproximar, ainda mais, Bolsonaro do público religioso.

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