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De olho em palanques, Bolsonaro retoma agendas com governadores

Presidente adota estratégia para obter apoio político de chefes estaduais e garantir base sólida em um eventual segundo turno

atualizado

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Hugo Barreto/Metrópoles
Presidente Jair Bolsonaro durante Solenidade alusiva à Política Nacional para Recuperação das Aprendizagens na Educação Básica e ao MECPlace no palacio planalto em brasília
1 de 1 Presidente Jair Bolsonaro durante Solenidade alusiva à Política Nacional para Recuperação das Aprendizagens na Educação Básica e ao MECPlace no palacio planalto em brasília - Foto: Hugo Barreto/Metrópoles

Empenhado na missão de conseguir apoio em estados para um eventual segundo mandato, o presidente Jair Bolsonaro (PL) tem retomado as agendas com governadores do país.

De janeiro a julho deste ano, o mandatário da República teve 10 compromissos com chefes do Executivo estadual – três a mais que no mesmo período do ano passado. O número, no entanto, é menor do que o registrado em 2019 e 2020, quando houve 27 e 14 encontros, respectivamente. 

A retomada das agendas evidencia a estratégia de Bolsonaro para conquistar apoio político de governadores que tentam a reeleição ao cargo e em estados-chave onde o presidente quer construir uma aliança em torno de um candidato. 

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No ano passado, de janeiro a julho, o atual chefe do Palácio do Planalto recebeu governadores de quatro estados em seu gabinete presidencial. Neste ano, Bolsonaro ampliou a lista e se reuniu com chefes de sete estados: Rio de Janeiro, Minas Gerais, Paraná, Tocantins, Roraima, Amazonas e Rondônia.

Desse total, os governadores Cláudio Castro (PL-RJ), Antônio Denarium (PP-RR) e Wilson Lima (União-AM) somam dois encontros cada um. Já Carlos Roberto Massa Júnior (PSD-PR), mais conhecido como Ratinho Júnior, Waldez Góes (PDT-TO), Marcos Rocha (União-RO) e Romeu Zema (Novo-MG) têm um encontro com Bolsonaro cada um. 

Reduto eleitoral de Bolsonaro, o estado do Rio de Janeiro é onde o bolsonarismo apresenta seus principais pilares de sustentação. Castro é o candidato de Bolsonaro no estado carioca. Os dois ficaram ainda mais próximos quando o presidente se filiou ao PL no fim do ano passado, e virou colega de partido do atual governador do Rio.

Em Roraima, a exemplo do que ocorreu em 2018, o governador Antônio Denarium espera que o presidente o apoie rumo à reeleição ao Palácio Senador Hélio Campos. 

No entanto, a costura política do ex-senador e presidente do MDB em Roraima, Romero Jucá, complica o cenário. Isso porque o partido tem Teresa Surita como candidata da sigla ao governo do estado. O deputado federal Édipo Lopes, do PL, partido de Bolsonaro, deve compor a chapa como vice, e é com o nome do parlamentar que Denarium busca repetir a aliança de 2018. 

No Paraná, o PL de Bolsonaro desistiu de lançar o deputado Filipe Barros na disputa pelo governo. O presidente busca o apoio de Ratinho Jr, que busca a reeleição ao cargo e lidera as pesquisas eleitorais. 

Marcos Rocha, de Rondônia, deve tentar a reeleição no pleito deste ano. Em 2018, sua vitória foi impulsionada pela onda bolsonarista, que Rocha deve tentar repetir neste ano.

Perda de aliados

Eleito com o apoio de 16 governadores, Jair Bolsonaro viu sua base nos estados encolher ao longo do mandato. Nomes como o de João Doria (PSDB), ex-governador de São Paulo, e os dos governadores Eduardo Leite (PSDB/RS) e Ronaldo Caiado (União-GO) foram alguns que abandonaram o barco do chefe do Executivo federal ainda no começo na pandemia de coronavírus, quando Bolsonaro passou a minimizar a crise sanitária.

Doria, por exemplo, se reuniu com Bolsonaro em ao menos três oportunidades em 2019. Em 2020, os dois se encontraram por videoconferência – nas duas ocasiões, houve a presença de outros governadores. Em uma dessas reuniões, promovidas pelo presidente da República em função da pandemia, o então governador de São Paulo e Bolsonaro trocaram acusações. 

Em seu discurso, Doria lamentou um pronunciamento feito pelo presidente, no qual criticou medidas de isolamento para evitar o avanço da Covid, ao contrário do que recomendavam autoridades sanitárias. Em resposta, Bolsonaro disse que Doria “apoderou-se” de seu nome para se eleger governador e que depois “virou as costas”. Após o episódio, os dois romperam relações e viraram antagonistas. 

No Rio de Janeiro, o ex-governador Wilson Witzel era aliado de Bolsonaro na campanha eleitoral de 2018. Ao longo do mandato, no entanto, entrou em atrito político com o presidente, que se agravou na pandemia. Na CPI da Covid-19, que apurou a atuação do governo federal durante a crise sanitária, Witzel acusou Bolsonaro de ter sido omisso na pandemia.

Reaproximação como estratégia

O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), tentará a reeleição ao governo de Minas Gerais – segundo colégio eleitoral do país. Ele e Bolsonaro já foram aliados e se distanciaram. Recentemente, no entanto, passaram a se reaproximar.

As últimas articulações para as eleições no estado previam que o PL retirasse o seu candidato ao governo do estado, o senador Carlos Vianna, para fechar uma aliança entre Bolsonaro e Zema.

O Novo tem um candidato à Presidência da República: Luiz Felipe D’Ávila. Em Minas, no entanto, as negociações apontam para que Zema apoie oficialmente Bolsonaro para garantir a sua reeleição.

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