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Doria aposta em trunfos na saúde e economia para superar alta rejeição

Governador deixa legado da vacina contra a Covid, despoluição do Rio Pinheiros e investimentos em estradas

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Governador de São Paulo, João Doria, após reunião no STF sobre passaporte de vacina
1 de 1 Governador de São Paulo, João Doria, após reunião no STF sobre passaporte de vacina - Foto: Igo Estrela/Metrópoles

São Paulo – Vacina contra a Covid-19, escolas em tempo integral, aumento da arrecadação do estado, privatizações, investimentos em estradas e despoluição do Rio Pinheiros são algumas das vitrines que João Doria (PSDB), que deixa o governo de São Paulo em 2 de abril, deve apostar em sua pré-campanha à Presidência da República.

Ao mesmo tempo, o tucano deixa uma gestão com avaliação de regular a ótima por 64% dos paulistanos, segundo pesquisa Datafolha de dezembro do ano passado, para entrar uma disputa em que ostenta alto índice de rejeição e com baixo desempenho nas pesquisas de intenção de voto.

Pesquisa Datafolha divulgada no último dia 24 mostra o paulista com a maior rejeição entre os pré-candidatos da terceira via à Presidência da República (30%) — o ex-juiz Sergio Moro (Podemos) tem 26%. O tucano só perde em índice de reprovação para o presidente Jair Bolsonaro (PL), em quem 55% dos brasileiros não votariam de jeito nenhum, e para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que tem rejeição de 37%.

Após deixar o Palácio dos Bandeirantes, Doria partirá numa incursão pelo Nordeste, começando pela Bahia, e depois deve seguir para a região Norte. A ideia é se tornar mais conhecido fora de seu reduto, já que só ocupou dois cargos públicos, sendo o primeiro de prefeito de São Paulo. Aliados apostam que ele tem chance de crescer quando sair do papel do gestor estadual e vestir a roupa de pré-candidato oficialmente.

Nos últimos meses, Doria mudou um pouco o tom político para se mostrar mais aberto a agregar diferenças forças da direita e do centro. Uma das críticas de adversários do governador paulista, inclusive de alguns atores do próprio partido, é que dificuldade que Doria tem de unir diversos atores do mesmo campo.

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Atuação em prol da Coronavac deve ser uma das vitrines de Doria na pré-campanha.
Doria também deve exaltar obras em rodovias, resultados da segurança pública e programa de ensino integral.
O governador começaria a viajar pelo país em abril, e a Bahia seria a primeira parada
Doria ainda não decidiu se tentará a reeleição para o governo de São Paulo
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Atuação em prol da Coronavac deve ser uma das vitrines de Doria na pré-campanha.

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Doria também deve exaltar obras em rodovias, resultados da segurança pública e programa de ensino integral.

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O governador começaria a viajar pelo país em abril, e a Bahia seria a primeira parada

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Doria ainda não decidiu se tentará a reeleição para o governo de São Paulo

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Já há algum tempo, Doria tem dito que abriria mão de sua candidatura em prol de um nome da “terceira via” com maiores chances contra Lula (PT) e Jair Bolsonaro (PL), e conversa com partidos como o União Brasil, o MDB, o Cidadania, e se mostra também aberto a dialogar com o Podemos de Sergio Moro para uma união.

Na reta final de seu mandato, o tucano está aproveitando para inaugurar ou anunciar obras quase que diariamente, na capital e no interior, e tentando se descolar do gestor estadual e se posicionar como um pré-candidato ao Planalto.

Foi assim quando, na semana passada, anunciou abruptamente a desobrigação do uso de máscaras em locais fechados. O anúncio foi feito no programa de José Luiz Datena, na TV Bandeirantes, e depois nas redes sociais, em vez de ter ocorrido nas tradicionais coletivas de imprensa. Foi uma estratégia de comunicação que deu certo, segundo avaliação interna de aliados: chamou atenção para a pessoa do governador, em vez de ficar como um ato de governo, de gestão.

“Chama o Meirelles”

A vacina deve ser um ativo político, mas não virá sozinha. O crescimento do PIB de São Paulo, conduzido pelo ex-ministro Henrique Meirelles, as parcerias com a iniciativa privada e a retomada de obras que estavam paradas também devem ser citadas como feitos do estado que poderiam ser ampliados para o Brasil.

Doria e seus aliados já se referiram ao estado como um “canteiro de obras” em discursos públicos.

Ele também deve viajar o país chamando a atenção para suas diferenças com Bolsonaro e Lula. Em relação ao primeiro, deve ressaltar a posição do presidente em relação à pandemia, em contraponto com os esforços que fez pela Coronavac.

Também poderá apostar em destacar o descaso com a Amazônia, citando a assinatura de compromissos de desmatamento e a despoluição do Rio Pinheiros. Já contra Lula, Doria deve se apoiar no discurso anti-corrupção.

Promessas cumpridas ou não

Na área da saúde, uma das promessas não cumpridas foi a entrega do novo Hospital Pérola Byington, centro de referência da saúde da mulher, na capital, fruto de uma parceria público-privada. Segundo o governo, o hospital deve ficar pronto apenas no segundo semestre, mas ainda está em obras.

Outra meta não cumprida nesta área foi atingir 95% das crianças de um ano com a vacina tríplice viral, que protege contra sarampo, rubéola e caxumba. Hoje, a cobertura vacinal desse imunizante foi de 73,8% para a primeira dose e 60,1% para a segunda dose em 2021, segundo a Secretaria da Saúde.

Por outro lado, Doria logrou vacinar toda a população contra a Covid-19. Hoje, o estado tem 85% de toda sua população vacinada com duas doses, e 99,52% da população elegível (acima de 5 anos) com ao menos uma dose. Foram mais de 103 milhões de doses. O estado foi o primeiro a aplicar uma vacina contra a Covid no país.

Na área da Cultura, o tucano entregará parte da reforma do Museu do Ipiranga antes de deixar o cargo. A reabertura do local está prevista apenas para setembro, em comemoração ao bicentenário da independência, mas boa parte dos edifícios já estão restaurados.

A reforma do Museu da Língua Portuguesa também foi entregue – o equipamento ficou seis anos fechados após um incêndio em 2015.

A despoluição do Rio Pinheiros será outra vitrine, já que esse feito era prometido há mais de duas décadas pelos governadores anteriores. A água não é própria para banho nem nado, mas o rio já não exala mais odor e já há vida marinha no local, já que não são mais despejados esgotos no local. Segundo o governo, 85% do rio tem mais oxigênio do que poluição.

Na segurança pública, uma promessa cumprida foi a diminuição de homicídios. De fato, em 2021 o estado atingiu o menor número de registros desse tipo de caso em 20 anos: foram 2.847 homicídios, enquanto em 2001, quando a Secretaria de Segurança Pública (SSP) iniciou a divulgação desses índices, foram 13.133 casos. Outro feito positivo foi a redução da violência policial após os agentes passarem a usar câmeras portáteis nos uniformes.

Entretanto, Doria chegou a afirmar em 2019 que a Polícia Militar de São Paulo seria “a mais bem remunerada do país”. Mas isso não foi concretizado. Em 2019, concedeu um aumento de 5% à categoria. Nesta semana, foi aprovado o projeto de lei do governo que prevê o aumento de 20% a todos os servidores da área da segurança pública, o que elevou o salário inicial da PM de R$ 2.574 para R$ 3.088.

Na área de transportes, foram muitas as promessas. Em 2019, ele assegurou que iria estender a Linha 15 – Prata do Metrô, o monotrilho que liga as zonas leste e sudoeste da capital, até a Cidade Tiradentes até dezembro de 2022, mas o trecho ao extremo-leste não teve avanços e não há previsão de quando essa estação sairá.

Ainda em relação ao Metrô, outro símbolo de atrasos é o monotrilho da Linha 17 – Ouro do Metrô, na região sul da capital. O ramal começou a ser construído em 2012 e até hoje não tem nenhuma estação entregue. Doria prometeu, em 2020, que o trecho entre o Aeroporto de Congonhas e a estação Morumbi ficaria pronta em 2022. Hoje, essa hipótese está descartada: os testes com os trens na linha só devem ter início em 2023.

A Linha 6 – Laranja, por sua vez, também não teve nenhuma estação entregue. O Plano Pluarianual que previu as metas da gestão de 2019 a 2022 informava que o governo iria entregar 65% das obras dessa linha, mas

Na parte de infraestrutura, Doria recebeu o governo com o desafio de entregar o último trecho do Rodoanel, uma obra que já foi alvo de diversos escândalos de corrupção em gestões tucanas. Nenhuma parte foi entregue até agora: em janeiro, foi publicado um edital para concessão à iniciativa privada, por R$ 3 bilhões. O leilão deve ser realizado em abril, e a conclusão das obras deve levar ao menos dois anos.

Ainda nessa seara, um compromisso que não vingou foi a construção da ponte entre Santos e Guarujá, no litoral sul. O governo estadual alega que a obra só não avançou por impasses do governo federal, que quer um túnel sob o mar. Até agora, nenhum dos dois projetos saiu do papel, e a população das cidades continuam com a balsa como única opção.

Doria vai conseguir entregar, porém, uma grande obra viária a poucos dias de deixar o cargo. Neste sábado (26/3), ele inaugura a duplicação da Rodovia Tamoios, em Caraguatatuba, litoral norte de São Paulo, um trecho de 21,5 quilômetros de extensão que incluirá os dois maiores túneis do Brasil.

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