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Caged: grandes empresas puxaram alta de vagas de trabalho em janeiro

Aumento no número de admitidos entre janeiro deste ano e o mesmo mês do ano passado aconteceu em empresas com no mínimo 100 funcionários

atualizado

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Thiago S. Araújo/ Especial para o Metrópoles
fachada do Ministério da Economia
1 de 1 fachada do Ministério da Economia - Foto: Thiago S. Araújo/ Especial para o Metrópoles

A geração recorde de emprego em janeiro, de 260,3 mil novas vagas, de acordo com o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), se deveu à alta de admissões nas grandes empresas. Companhias com 100 vínculos empregatícios ou mais expandiram as contratações em relação ao primeiro mês de 2020, enquanto as menores diminuíram a quantidade de contratados na mesma comparação.

O Caged é compilado pelo Ministério da Economia e contabiliza todas as contratações e demissões feitas ao longo de um mês. Ele leva em conta apenas os vínculos formais, ou seja, de pessoas que tem a carteira assinada.

Entre as empresas com 100 vínculos ou mais, as admissões cresceram 13% na comparação entre o primeiro mês deste ano com o mesmo de 2020. Já nas companhias menores, elas caíram 5%. No geral, as admissões avançaram 1,3%, passando de 1,507 milhão em janeiro de 2020 para 1,527 milhão em janeiro deste ano.

O gráfico a seguir mostra como evoluíram as admissões por porte de empresa.

Para o professor de Economia da Universidade de Brasília (UnB) Carlos Alberto Ramos, o melhor desempenho das grandes empresas nas admissões se deve ao fato de elas terem mais recursos para lidar com as consequências econômicas da pandemia de Covid-19.

“Elas têm mais recursos, têm mais acesso ao mercado financeiro, mais possibilidade de aderir a planos do governo. As empresas mais penalizadas são as pequenas, isso em todo o mundo”, explica.

Como exemplo, ele cita o setor de serviços. “As pessoas vão menos ao cabeleireiro, não vão aos restaurantes, então tem menos demanda”, prosseguiu. Além disso, há “um deslocamento de trabalhadores para o setor informal, como motoboys. Você substitui trabalhadores com carteira que estão no estabelecimento por trabalhadores sem carteira que são motoboys”, acrescenta.

Ramos acredita que o crescimento no número de pessoas empregadas será acelerado quando a situação se normalizar. Nesse sentido, ele elogiou o programa do governo que permitiu às empresas pagarem menos para manter vínculos empregatícios durante a pandemia.

“Conseguiram que estado pagasse alguma coisa. É superinteressante isso, porque você mantém o vínculo e, quando vem a retomada, você ainda o tem”, explicou. O problema é que, com o prolongamento da pandemia, agravada por má gestão sanitária, manter uma pessoa contratada pode se tornar inviável, alerta.

Ele adverte, entretanto, para a diminuição no potencial da economia. “O restaurante fechou, quando retoma não tem mais ele ali, então perdeu capital  e perdeu  vínculo empregatício que tinha ali. A retomada será forte, mas o restaurante perdeu, porque não existe mais. Isso tem um custo no crescimento econômico”, concluiu.

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