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Bolsonaro fala em burocracia e tempo exíguo para criar Aliança pelo Brasil

Presidente admitiu que pode ter que se filiar a outro partido e disse que decisão será tomada em março

atualizado

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Rafaela Felicciano/Metrópoles
Lançamento Aliança Pelo Brasil (APB) com presidente Jair Bolsonaro
1 de 1 Lançamento Aliança Pelo Brasil (APB) com presidente Jair Bolsonaro - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse nesta segunda-feira (25/1), a apoiadores reunidos no Palácio da Alvorada, que há muita burocracia e tempo insuficiente para criar seu partido, o Aliança pelo Brasil.

Bolsonaro admitiu que pode ter que se filiar a outra legenda para disputar a reeleição em 2022. Como já havia sinalizado no fim do ano passado, Bolsonaro disse que a decisão será tomada em março.

“Em março eu decido. Ou decola o partido ou tem que arranjar outro. Não vai dar tempo de a gente… Em março, né, vamos reestudar se o partido decola ou não. Se não decolar, a gente vai ter que ter outro partido, senão, não temos como nos preparar para as eleições de 22.”

Bolsonaro anunciou intenção de fundar uma agremiação própria em novembro de 2019, quando deixou o PSL — partido pelo qual foi eleito em 2018 — após divergências com um grupo de parlamentares e o presidente nacional da sigla, o deputado federal Luciano Bivar (PE).

Para registro de um partido no Brasil, são necessárias 491.967 assinaturas. Segundo consulta ao portal do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), até o momento, foram reunidas 56.834 assinaturas para o Aliança, o que representa menos de 12% do número exigido. A legislação eleitoral determina que o candidato precisa se filiar a uma legenda até seis meses antes do início do primeiro turno, que ocorre no primeiro domingo de outubro.

“É muita burocracia, é muito trabalho, certificação de fichas, depois passa pelo TSE também, tá certo? Então, o tempo está meio exíguo para a gente aí. Não vai deixar de continuar trabalhando, mas vou ter que decidir, porque não é por mim, né, porque não estou fazendo campanha para 22, tá? Mas o pessoal quer disputar, queria estar num partido onde tivesse simpatia minha.”

Recentemente, o TSE decidiu que as assinaturas nas fichas ou listas expedidas pela Justiça Eleitoral para apoiamento à criação de partido político podem ser eletrônicas. No entanto, será necessária prévia regulamentação pelo tribunal e desenvolvimento de ferramenta tecnológica para aferir a autenticidade das assinaturas.

Questionado por apoiadores sobre sua atuação na fundação da nova agremiação, Bolsonaro disse não ter condições de coordenar o trabalho de coleta de assinaturas.

“Eu não tenho como coordenar isso daí, não tenho tempo pra isso. Então, o pessoal ajuda, agradeço a vocês que ajudam, de forma voluntária. Mas não é fácil você conseguir 500 mil fichas e certificados.”

Como mostrado pelo Metrópoles, das 24 siglas com representação no Congresso, ao menos quatro já convidaram Bolsonaro a integrar seus quadros: PTB, PL, PP e Patriota. As quatro fazem parte do chamado Centrão, bloco de partidos de centro e centro-direita que em 2020 passou a dar sustentação ao governo Bolsonaro na Câmara.

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Carreatas pelo impeachment

No fim de semana, diversas cidades do país e a capital federal registraram protestos em carreatas pedindo o impeachment de Bolsonaro.

Em São Paulo, motoristas foram às ruas protestar contra o governo dois dias seguidos, no sábado (23/1) e no domingo (24/1). O grupo pedia o impeachment do mandatário e a demissão do ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, pela condução de políticas públicas na pandemia do novo coronavírus.

No domingo, durante passeio de moto em Brasília, Bolsonaro foi questionado pela imprensa sobre os protestos, mas não respondeu.

Na conversa com simpatizantes na manhã desta segunda, Bolsonaro ironizou o tamanho dos atos. “Eu vi uma carreata monstro lá [em Campo Grande], de uns 10 carros, contra mim”, disse, aos risos.

 

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