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Antes de ofender negros, vereador ironizou colega por origem japonesa

Vereador já havia sido acusado de racismo por dois vereadores e também de ter xingado uma vereadora de “vagabunda”

atualizado

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Afonso Braga/Câmara Municipal de São Paulo
Camilo Cristófaro
1 de 1 Camilo Cristófaro - Foto: Afonso Braga/Câmara Municipal de São Paulo

São Paulo – O vereador Camilo Cristófaro (PSB), autor de fala racista que vazou durante transmissão da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Aplicativos na Câmara Municipal nessa terça-feira (3/5), acumula discussões com outros parlamentares e já foi acusado de xingar uma vereadora e de ter cometido racismo outras duas vezes. Ele também foi alvo de 10 representações na Corregedoria desde 2017.

Cristófaro chegou ainda a ser cassado pelo Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP) – decisão que, posteriormente, acabou revertida pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

O presidente da Casa, o vereador Milton Leite (União), lamentou o episódio mais recente com “indignação imensa” e afirmou: “Como negro e presidente da Câmara, tenho lutado com todas as forças contra o racismo, crime que insiste em ser cometido dentro de uma Casa de Leis e fora dela também. O caso será apurado pela Corregedoria”.

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Nesta quarta-feira (4/5), o PSB anunciou que desfiliou o vereador após a fala racista vir à tona. Não se sabe para qual partido ele migrará.

Casos de racismo

Em 2018, o vereador George Hato (MDB) pediu a cassação de Cristófaro, acusando-o de injúria racial, porque, em um vídeo, quando Cristófaro falou de Hato, fez um gesto de puxar os olhos com as mãos. Hato tem origem japonesa. “É um cara que faz assim, ó”, diz Camilo na gravação, ao realizar o gesto.

Na época, ao BuzzFeed News, Camilo descartou racismo: “Se puxar o olho é racismo, então o que que virou o mundo agora? É tudo preconceito, racismo”, falou.

Em 2019, foi o vereador Fernando Holiday (Novo) quem acusou Camilo de ofensa racial, após ter sido chamado de “macaco de auditório” no plenário da Câmara. A fala de Cristófaro foi: “Lamentavelmente o senhor Holiday usa as redes sociais, ele é o grande macaco de auditório das redes sociais, dando risada dessa Casa, explodindo as redes sociais, porque a população adora ver sangue, maldade e mentira”.

Após Holiday apontar o racismo, o vereador repudiou a denúncia ao jornal O Estado de S.Paulo e justificou: “Macaco de auditório é uma expressão popular”.

Ofensas a vereadora

Em 2017, a então vereadora Isa Penna, na época no PSol, o acusou de tê-la chamado de “vagabunda” e “terrorista” durante discussão em elevador privado da Câmara Municipal. Ela chegou a registrar boletim de ocorrência contra Cristófaro, e ele negou as agressões.

Penna também representou contra o vereador na Corregedoria da Câmara, mas o processo acabou arquivado.

Cassação

Em 2018, Cristófaro foi cassado pelo TRE-SP por fraudes na prestação de contas eleitorais referentes ao pleito de 2016. Porém, recorreu e, em 2019, o ministro Edson Fachin, do TSE, determinou sua recondução ao cargo, decisão ratificada pelo plenário da Corte em 2020.

O TSE julgou improcedente uma representação movida contra ele pelo Ministério Público Eleitoral (MPE), por entender que não houve impacto na eleição municipal de 2016 o fato de o então candidato ter recebido R$ 6 mil para a campanha, de uma pessoa que não tinha capacidade financeira para fazer a doação.

Para os ministros da Corte, a irregularidade se mostrou de baixo valor e não foi comprovada a participação do então candidato na doação feita, portanto a denúncia era insuficiente para “afetar a legitimidade” de sua eleição.

Críticas a Doria

O vereador também teve alguns episódios de disputas judiciais com o ex-governador João Doria (PSDB), a quem faz oposição. Em 2018, durante a campanha eleitoral, Cristófaro compartilhou nas redes sociais um vídeo que retratou o tucano como Adolf Hitler.

Doria acionou a Justiça e ganhou indenização por dano moral em primeira instância, mas, em 2020, o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) acolheu o recurso do vereador e o livrou da indenização.

Outro processo envolvendo os dois foi julgado pelo TJSP em dezembro de 2021. Doria buscava ser indenizado por danos morais em R$ 50 mil por Cristófaro por ter sido chamado de Pinóquio, entre outras publicações negativas. Em posts feitos no Facebook, Instagram e TikTok em setembro de 2020, o vereador compartilhou montagens comparando Doria ao personagem da Disney cujo nariz cresce quando conta mentiras.

Já em outro vídeo, o parlamentar editou e tirou de contexto entrevistas de Doria para parecer que ele estava ofendendo os cidadãos paulistas, chamando-lhes de “improdutivos” e “fracassados”. Esses adjetivos, na realidade, foram usados contra o ex-governador Alberto Goldman, em 2017. Mas, para o TJSP, não houve excesso na liberdade de expressão, e por isso a indenização não se mostrou devida.

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