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Animais marinhos correm sério risco com aquecimento dos oceanos

Oceanos têm registado novos recordes de temperatura que acendem o alerta de pesquisadores sobre o futuro da biodiversidade marinha

atualizado

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Getty Images/ Giordano Cipriani
Foto colorida de animais marinhos no oceano - Metrópoles
1 de 1 Foto colorida de animais marinhos no oceano - Metrópoles - Foto: Getty Images/ Giordano Cipriani

A temperatura da superfície dos oceanos atingiu 20,96°C em julho, um novo recorde de calor, segundo o serviço meteorológico Copernicus, da União Europeia. O cenário é de preocupação: especialistas ouvidos pelo Metrópoles alertam que a alta nos termômetros se impõe como um sério risco para a vida dos animais marinhos, sem distinção de espécie ou tamanho.

A professora Kyssyanne Samihra Santos Oliveira, do Departamento de Oceanografia e Ecologia da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), destaca que o aquecimento dos oceanos é provocado por uma junção entre o El Niño e o aumento das emissões de gases de efeito estufa.

“A atual causa do aquecimento dos oceanos é o aquecimento global causado pelo aumento dos gases de estufa. Atualmente, a gente tem o El Niño contribuindo também. Durante os anos de El Niño a gente espera o aumenta de temperatura da superfície do mar e outras bacias oceânicas, mas, além disso, a própria variabilidade natural de algumas bacias oceânicas também estava em aquecimento”, explica Kyssyanne.

Os efeitos desse aquecimento são sentidos diretamente na vida marinha, desde pequenos invertebrados até grandes mamíferos. Eduardo Bessa, professor de pós-graduação em ecologia na Universidade de Brasília (UnB), esclarece que o aumento da temperatura dos oceanos impacta no comportamento dos animais.

“Boa parte desses grandes mamíferos aquáticos tem a alimentação toda baseada em ambientes com temperatura da água mais baixa. Por exemplo, ao redor da Antártica, para o sul da Austrália, sul da América do Sul. Nesses ambientes a temperatura sendo mais baixa tem mais oxigênio na água. Portanto, mais organismos ali que eles usam de alimento”, exemplifica o professor da UnB.

Segundo Kyssyanne, no hemisfério norte os pesquisadores têm observado que o calor extremo tem acabando com a biodiversidade marinha. “Por exemplo, as últimas duas ondas de calor que a gente teve agora no Mediterrâneo e no Atlântico Norte gerou uma perda de biodiversidade gigantesca não somente em volume, mas em área também”, afirma.

A professora da Ufes destaca que o prejuízo ainda está sendo catalogado, mas a expectativa é que um grande número de animais e corais seja perdido em decorrência dos novos recordes de temperatura.

Lixo nas águas

Kyssyanne ressalta que os animais marinhos ainda sofrem com a decomposição de nutrientes descartados pelo ser humano, como, por exemplo, o esgoto que é jogado no mar. A professora esclarece que essas substância acabam consumindo mais oxigênio e prejudicando a biodiversidade.

“A gente está observando uma redução de oxigênio, principalmente nas regiões costeiras, por causa desse aporte de nutrientes e do descarte da matéria orgânica. Então, além do próprio aumento da temperatura afetar a biodiversidade marinha, a redução da concentração de oxigênio afeta invertebrados, vertebrados, todos os níveis de peixes e mamíferos marinhos”, expõe a professora.

Para tentar reverter esse cenário, os professores afirmam que o Brasil precisa, cada vez mais, investir em programas para reduzir o desmatamento e a liberação de gases de efeito estufa, responsáveis pelo aquecimento do planeta como um todo.

“Fiscalizar o aumento do desmatamento, principalmente no Cerrado, e conservação de áreas verdes”, mensura Eduardo Bessa na esfera governamental. No entanto, ele esclarece que a sociedade também pode fazer a sua parte se tentar reduzir o uso de veículos à combustão e utilizar meios mais sustentáveis, como transporte coletivo e bicicletas.

Kyssyanne alega que, além de combater o desmatamento, o governo poderia realizar parcerias públicas privadas para tentar diminuir a liberação de esgoto nos oceanos. “porque isso gera uma perda de biodiversidade gigantesca e acoplada ao aquecimento global tem sido uma preocupação no mundo inteiro”, conclui Bessa.

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