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Sem anistia. E, por ora, sem passar borracha no passado

A última palavra é da Justiça

atualizado

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Marcelo Chello/Especial Metrópoles
Jair Bolsonaro Avenida Paulista PF
1 de 1 Jair Bolsonaro Avenida Paulista PF - Foto: Marcelo Chello/Especial Metrópoles

De Bolsonaro na Avenida Paulista:

“Tem gente que sabe o que eu falaria, mas o que eu busco é a pacificação, é passar uma borracha no passado. É uma anistia para aqueles pobres coitados que estão presos em Brasília. Não queremos mais que seus filhos sejam órfãos de pais vivos.”

Ao sugerir uma anistia para os presos do golpe de 8 de janeiro, Bolsonaro pede para também ser anistiado. Se o que moveu os presos foi a derrubada de Lula, Bolsonaro tentou a mesma coisa, só que antes de deixar o cargo. Uma anistia ampla, geral e irrestrita.

O presidente Juscelino Kubistchek anistiou por duas vezes militares que quiseram tirá-lo do poder. Adiantou? Os militares deixaram de ser golpistas? A anistia concedida pelo general-presidente João Figueiredo em 1979 beneficiou mais os militares do que os civis.

Não sararam até hoje as feridas abertas pela tortura, a morte e o desaparecimento de presos políticos durante a ditadura de 64. Mas quem torturou e matou foi anistiado. Bolsonaro não para de exaltar a memória do coronel torturador Brilhante Ulstra.

Órfãos de pais vivos, diz Bolsonaro. Lembrou-me o que disse em 1977 Alencar Furtado, deputado federal pelo MDB do Paraná, e líder do partido na Câmara:

“Para que não haja no Brasil lares em pranto; para que as mulheres não enviúvem de maridos vivos, quem sabe, ou mortos, talvez – viúvas do quem sabe e do talvez; para que não tenhamos filhos de pais vivos ou mortos, órfãos do quem sabe e do talvez”.

O general-presidente Ernesto Geisel cassou o mandato de Furtado. Foi a última cassação de mandato com base no Ato Institucional nº 5, o mais violento ato da ditadura militar de 64. Geisel foi a favor da tortura e da execução de adversários do regime.

Disse mais Bolsonaro na Avenida Paulista:

“Sabemos o que deve ser feito no futuro para que o Brasil tenha um presidente com Deus no coração, que ame a sua bandeira, que se emocione quando canta o hino nacional e que ame o seu povo. […] Não podemos concordar que um poder tire do palco político quem quer que seja, a não ser por um motivo justo. Não podemos pensar em ganhar as eleições afastando os opositores do cenário político.”

Quer dizer: se o presidente do futuro não for ele, que tenha seu apoio. Quanto à retirada de um político do cenário por “um poder”, Bolsonaro referiu-se à Justiça que poderá condená-lo e prendê-lo. Cabe à Justiça decidir se terá boas razões para isso.

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