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Bolsonaro é a pessoa errada no lugar errado e na hora errada

Brasil alinha-se à China, Venezuela, Nicarágua e Cuba, na cumplicidade com a Rússia de Vladimir Putin

atualizado

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Bolsonaro sob luz vermelha na cerimônia de lançamento da Carteira de Identidade Nacional no Planalto. Ele está com as mãos no rosto - Metrópoles
1 de 1 Bolsonaro sob luz vermelha na cerimônia de lançamento da Carteira de Identidade Nacional no Planalto. Ele está com as mãos no rosto - Metrópoles - Foto: Igo Estrela/Metrópoles

Aparentemente perto do fim, a pandemia da Covid-19 poupou-nos a vergonha de ver milhões de brasileiros se esbaldarem nas ruas até o fim da próxima semana, enquanto o mundo, estarrecido e impotente, assiste à primeira guerra de conquista na Europa desde que Adolf Hitler invadiu a Polônia em 1939.

De outra vergonha, porém, o vírus não nos poupou. Na manhã em que os russos invadiram a Ucrânia por terra, mar e ar, o presidente Jair Bolsonaro acordou mais preocupado em saber como fora o jogo da véspera entre o Palmeiras e o Athletico-PR, o primeiro pela decisão da Recopa Sul-Americana.

“Não vi o jogo do Palmeiras, eu dormi. Alguém sabe quanto foi?”, perguntou a um grupo de devotos que o aguardavam no cercadinho dos jardins do Palácio da Alvorada. Foi 2 a 2. Nas redes sociais, ele prestou solidariedade aos familiares, amigos e fãs da cantora Paulinha Abelha, da banda Calcinha Preta, que morreu.

Em seguida, viajou a São Paulo para atos da campanha à reeleição, entre eles mais uma motociata paga com dinheiro público. Durante 10 horas, ocupado em pedir votos e em criticar o PT, não disse uma só palavra sobre a guerra. Melhor que tivesse ficado calado, porque, quando falou, produziu um novo desastre.

O vice-presidente Hamilton Mourão havia dito sobre a invasão: “Se o Ocidente simplesmente permitir que a Ucrânia caia, a Moldávia será a próxima, depois os Estados Bálticos. Assim como a Alemanha de Hitler fez no final da década de 1930”. Na sua live das quintas-feiras, Bolsonaro correu a desautorizar Mourão:

“Vou deixar bem claro: o artigo 84 da Constituição diz que quem fala sobre esse assunto é o presidente. E o presidente chama-se Jair Messias Bolsonaro. E ponto-final. Com todo respeito a essa pessoa que falou isso, está falando algo que não deve. Não é de competência dela. É de competência nossa.”

Os três principais governos aliados de Vladimir Putin na América Latina, Venezuela, Nicarágua e Cuba, expressaram apoio à Rússia antes do início da guerra. Em nota oficial, o governo Bolsonaro limitou-se a afirmar que o Brasil tem “grave preocupação com o início de operações militares” e pediu o fim “das hostilidades”.

A China não classificou o ataque russo à Ucrânia como uma invasão. A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores disse que o governo chinês não iria se precipitar e tirar conclusões. O Brasil de Bolsonaro adotou a mesma posição. Quando a invasão era apenas uma ameaça, Bolsonaro foi a Moscou e falou demais.

Quando a ameaça se materializou, falou de menos ou quase não falou. Seu silêncio pode ter duas explicações: ou ele reconhece que foi enganado por Putin e não quer passar recibo, ou não faz a menor ideia do que acontece no mundo. O mais provável é que não faça ideia, nem se interesse pelo assunto.

Quem disse o que ele disse há nove dias (“A leitura que eu tenho do presidente Putin é que ele é uma pessoa também que busca a paz. E qualquer conflito não interessa para ninguém no mundo”) é raso como um pires e ignorante como um animal (nem todos são); no caso dele, uma pessoa errada no lugar errado e na hora errada.

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