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O V-20 e o futuro (por Eduardo Fernandez Silva)

O quase desconhecido V20 inclui os ministros da fazenda dos países participantes do Fórum da Vulnerabilidade Climática

atualizado

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O G-20 não se confunde com o G-7, nem com o G-8, nem com a OECD e, menos ainda, com o V-20! Este último é ainda pouquíssimo conhecido, mas deveríamos ouvir bem suas mensagens.

A crescente interdependência da vida cotidiana das populações de todo o planeta levou à criação de sucessivas organizações para lidar com problemas comuns. Ainda no século XIX pequenos grupos populacionais cada vez mais interconectados, embora já tivessem se enfrentado em guerras, concordaram em fundirem-se em novos países, como Alemanha e Itália. Após a Primeira Guerra Mundial criou-se a Liga das Nações e, após a Segunda, a ONU! Surgiu também então o embrião da União Europeia, que tinha como um dos seus objetivos evitar que a Terceira Guerra viesse a acontecer.

Houve progresso quando o G-7 foi ampliado para G-8, mas a belicosidade de alguns levou à exclusão da Rússia, o oitavo país. Inexplicavelmente, a China não participa, embora tenha a maior população e a segunda maior economia! Assim, os membros dessas organizações apreciam problemas globais com visão de apenas parte, pequena parte, dos atores envolvidos; logo, não chegam a respostas adequadas.

O quase desconhecido V20 inclui os ministros da fazenda dos países participantes do Fórum da Vulnerabilidade Climática; originalmente 20 – daí o nome –, hoje são 58, com 19% da população mundial. Inclui, entre outros, Filipinas, Bangladesh, Colômbia e Costa Rica. O “V” da sigla significa “vulneráveis”, pois as populações desses países são as que mais sofrem, e menos têm condições de enfrentar, as consequências das mudanças climáticas. Nas duas últimas décadas, a riqueza desse grupo caiu 20%! Alertam: o destino dos mais vulneráveis será o destino do mundo! Apelam – mais uma vez! – para que os países ricos cumpram promessas feitas e os ajudem a enfrentar as perdas e danos causadas pelas mudanças climáticas.

A  representante das Maldivas argumentou que os países ricos encontraram dinheiro para enfrentar a COVID e para ajudar a Ucrânia, o que torna óbvio que o problema não é falta de dinheiro, mas falta de força política para enfrentar a emergência climática, a obtusidade de achar que esta não existe, e a miopia de achar que continuando a queimar combustíveis fósseis preservarão seus ricos modos de vida! Como, num planeta em chamas?

Hoje, já acontecem miniguerras diárias em diversas partes do planeta, decorrentes da dupla degradação, a humana e a ambiental. A carência de alimentos, educação, cooperação e empatia social, assim como de perspectiva de melhoria de vida, aliada à estupidez de políticos populistas com mentalidades ultrapassadas, cria o caldo de cultura da violência.

O V20 será pouco ouvido na próxima conferência das partes, que ainda será manipulada por um pequeno grupo de senhores do mundo e das armas. No quadro geral da atualidade, como aceitar que estes mesmos senhores continuem a incendiar o planeta?

O nosso futuro será melhor se ouvirmos mais o V20 e menos o G20! Com o atual presidente, o Brasil mais uma vez vai na direção errada!!!

 

Eduardo Fernandez Silva. Mestre em Economia. Ex-Diretor da Consultoria Legislativa da Câmara dos Deputados

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